Neste período de distanciamento social, quando autoridades sanitárias do Brasil e do mundo, fazem campanha pelo “Fique em Casa”, muitas pessoas tiveram que se adaptar a uma outra rotina. Leitura, filmes, cursos on-line, experimentos culinários, organização da casa, treinos, são atividades que estão não só “matando o tempo”, mas tornado as horas de confinamento mais produtivas.
Nos finais de semana, as vídeo-conferências com familiares e amigos aproximam e dão a sensação de que eles estão ali ao lado. “Todos os domingos a gente faz uma reunião de família, com almoço, uns aperitivos … só que a comunicação é por chamada de vídeo. Passamos horas ‘fofocando’, matando a saudade, botando o papo em dia. Todo mundo se fala, até minha avó entra na reunião”, disse a estudante Maria Olívia de 20 anos.
O entretenimento também tem ficado por conta das “lives” de vários artistas nacionais e regionais, que se valem da tecnologia para contemplar os fãs com shows, em casa, com o mínimo de produção (salvem raras exceções) e igualmente interessantes. As “lives” têm sido a programação de muitas pessoas que moram juntas, familiares ou não, é quando o tédio da quarentena dá uma trégua, e a casa fica em festa. Comidinhas e … bebidinhas dão o clima e os expectadores cantam para espantar o mal do momento.
“Eu já fico esperando divulgarem a agenda das lives, e aqui em casa a gente se organiza para curtir, apronta um tira gosto, uns drinques, umas cervejinhas e até esquece essa pandemia, por uns instantes, mas mantendo os cuidados. Faz bem para a saúde mental. As lives têm salvado esse período tenso”, contou o digital influencer Herbet Freitas.
As bebidas alcoólicas estão sempre presentes. Com a rotina de trabalho alterada, tempo de sobra e bares fechados, o consumo em casa tem aumentado. Pelo menos é o que diz Leandro, dono de uma distribuidora LL, na Pedra do Lord, em Juazeiro, que faz delivery. “As pessoas bebem até mais em casa. Os pedidos não pararam e a gente aqui tá trabalhando o tempo todo”.
Roni Laudilho, proprietário da Distribuidora JR, no bairro Santo Antônio, confirma a informação do colega “Principalmente depois das lives, as vendas de bebidas aumentaram bastante. Muita gente já encomenda cedo. Já tenho encomendas de cerveja para sábado próximo, live do Safadão. Tem aumentado o consumo sim”, afirmou.
O médico Salvador Carvalho, ouvido pela nossa reportagem, alertou para o uso excessivo do álcool.
“Entendemos que neste momento, as pessoas também estão precisando de saúde mental. Existe um estresse, um pânico geral com a pandemia. O que podemos dizer, quanto ao uso do álcool, é que as pessoas que forem beber, façam uso moderado da bebida, que sejam capazes de respeitar seus limites. Lembremos que o uso excessivo do álcool ocasiona outros problemas de saúde, como cirroses e outras doenças hepáticas”, disse o médico.
Ele também falou sobre a junção de pessoas para assistirem as “lives.”
“Com ou sem bebida alcoólica, as lives não podem juntar pessoas. Estamos observando que muita gente está transformando as transmissões dos artistas para fazerem reuniões de amigos, familiares, uma verdadeira festa, o que também significa aglomeração de pessoas, quando seria um momento para quem já está em casa, cumprindo o distanciamento, duas três pessoas. Nestas reuniões com dez, 15 pessoas também há risco de contaminação. Não estamos de férias. Devemos manter o isolamento. Graças a ele, temos conseguido controlar a contaminação na Bahia e em Juazeiro”, finalizou o profissional.
Mas uma nova recomendação da OMS-Organização Mundial de Saúde pode acabar com a festa. A OMS está recomendando que os governos limitem a venda de bebidas alcoólicas durante as quarentenas. Segundo a entidade, o álcool reduz a imunidade, e seu consumo excessivo pode prejudicar a saúde física e mental e elevar o risco de violência doméstica durante confinamentos.
A OMS também afirma que as bebidas, ao reduzirem a imunidade, podem elevar os riscos de doenças em geral. “Por isso, as pessoas devem minimizar o consumo de álcool particularmente durante a pandemia.”
Outro efeito adverso, de acordo com a OMS, é o estímulo a comportamentos de risco, ou a reduzir as precauções necessárias contra a transmissão do coronavírus. “Pessoas com tendência ao consumo abusivo estão especialmente vulneráveis, principalmente em autoisolamento”, diz o comunicado.
Segundo a OMS, regulações já existentes, como idade mínima e proibição de publicidade, deveriam ser elevadas e reforçadas durante a pandemia. O órgão também recomenda aos governos que fortaleçam os serviços ligados ao abuso de álcool e drogas e reforcem campanhas de informação sobre os riscos.
Desfazendo boatos
A seção europeia da OMS também afirmou que as bebidas não protegem contra o novo coronavírus, uma resposta a declarações do presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, que numa entrevista ao jornal britânico The Times recomendou vodka contra a doença.
“Medo e desinformação geraram um mito perigoso de que bebidas com alto teor alcóolico podem matar o coronavírus. Não matam”, afirma o comunicado da OMS.
Da Redação Por Sibelle Fonseca