Sobre o Toque de Recolher, periferias e gente cheia de fezes, por Sibelle Fonseca

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Acordei neste sábado e dei de cara com meu celular enfezado (pela etimologia da palavra, “cheio de fezes”). Fui abrindo o conteúdo e senti ânsia de vômito, um mal cheiro terrível de bosta. Travei! Mas o pior veio quando li as  mensagens perguntando se eu “conhecia aquela pessoa”. Era uma sequência de vídeos com um personagem fazendo escárnio do Toque de Recolher, instituído pelo governo da Bahia, na tentativa de conter os índices alarmantes de contaminados pelo coronavírus no estado. Conter a morte. Entre tantas merdas, o personagem de cara lisa, plastificada, engomadinho e com trejeitos de palhaço, chamava a cidade que, um dia quis representar como seu vereador, de “periferia de Petrolina”. Cercado de amigos em um bar da bela vizinha cidade petrolinense, o quarentão sem noção, dizia que era “da parte rica”. Ele atravessou a ponte para driblar o Toque de Recolher, em Juazeiro, e deixou Petrolina fedida, cheia de bosta.

Não vou entrar nesta discussão rasa de competição entre as duas cidades, nem tampouco falar do obvio, que é a importância das medidas restritivas para defender vidas. É do personagem deste episódio que quero falar. Deste tipo de gente que quer aparecer a todo custo, nem que seja da forma mais bizarra e vil. Nem que seja mostrando a bosta de humano que é. Jogando seus excrementos e sujando a humanidade. Sem atributos mais nobres para explorar, tira o pior de si e vai jogando nas redes e nas rodas sociais. Tipos assim estão se reproduzindo. E eu estou assustada com isso. Seguramente, contaminados por este presidente genocida, débil e perverso. Ele tem feito escola, do congresso federal às ruas viscondes, em Juazeiro e no país a fora. As cadeias brasileiras não caberiam estes tipos, caso a lei os alcançasse, e eu festejo o parlamentar valentão do PSL carioca, no xilindró. Chupa, Silveira!

Eles se escoram na “liberdade de expressão” para vomitar seus ódios, zombar da vida, dos outros, da ciência, menosprezar mulheres, negros, e toda a diversidade, que eles não respeitam. Amam os privilégios, a supremacia branca imunda, lambem os pés dos milicianos, brigam pelas viúvas dos militares e não estão nem aí para a camada oprimida da sociedade. Querem lhe tirar todos os direitos e até a dignidade.

Eu tenho vergonha de conhecer gente assim. Tenho vergonha de dizer que conheço os silveiras e os messias deste tipo, e também os de cognomes impetuosos, mas doentes de princípios. Gente assim faz mal à minha humanidade. Gente desalmada, de sorriso branco falso, sem conteúdo algum, gente desabitada de empatia, pobre pobre de marré desci. Gente que grife nenhuma embeleza. Gente que faz parte da parte rica de hipocrisia. Gente feia, muito feia. Gente que contamina como o vírus poderoso, adoece os outros e mata a coletividade.

Confesso que vou tomar agorinha um banho de sal grosso e um engov para enjoo. Preciso me “desenfezar”, ficar recolhida em casa, para o meu bem e dos meus semelhantes de Juazeiro, Petrolina e do mundo inteiro. Deixa essa gente que defende a cloroquina na periferia do que é ser SER humano.

Preciso desenvolver compaixão por estes tipos, meu Deus! Eles são enfezados prisioneiros, coitados. À proposito, deixa eu finalizar com uma historinha.

Conta a história perversa da escravidão, que o termo “pessoa enfezada” surgiu neste tempo de horror. Os prisioneiros faziam suas necessidades em barris porque não tinham banheiro. Quando o barril enchia, os patrões escolhiam os prisioneiros mais fortes para jogar fora toda aquela bosta. Tinha um prêmio para esta tarefa. Quem levasse o barril acabava se sujando e podia se banhar no rio. Enquanto carregavam o barril, os prisioneiros, revoltados, se diziam enfezados.

Moral da história? Essa gente a que me refiro, é prisioneira da ignorância, vive enfezada e jogando suas bostas no mundo. E eu, puxando pela minha compaixão, ainda desejo para eles o prêmio de banharem-se no rio São Francisco, que une Juazeiro e Petrolina. Botem suas almas pra quarar, adiantem! Sempre há tempo de ser melhor!

Sibelle Fonseca

25 COMENTÁRIOS

    • E de tamanha falta de noção este rapaz e com o maior desrespeito com quem perdeu um.ente querido, infelizmente temos que conviver com este.tipo de.pessoa !!!

  1. Que texto maravilhoso, parabéns, você nos representa, não só nós juazeirense mais de todo o vale do São Francisco, representa as pessoas de bem e que querem uma Juazeiro mais forte, bonita e mais amada. Obrigado!!

    • O outro vídeo ele só piora, coitado apenas um idiota querendo aparecer, não conseguiu nem ser Candidato, foi impugnada a candidatura , por quê será?? O nosso povo não merece um moleque como esse para nos representar…vaza de Juazeiro, tenho certeza que o povo de Petrolina não quer um vírus ambulante como ele por lá, vaza…

  2. Parabéns, Sibele!
    Sou juazeirense apenas de coração, e creio que os bons juazeirenses precisam dar respostas firmes como a sua, pois gente desse tipo é filho de chocadeira, não tem terra e nem tem mãe, mãe no sentido literal da humanidade que nos forja como autênticos e autênticas cidadãos e cidadãs do mundo!

  3. Nossa Sibele vc realmente sabia. Gostaria de ter falo tudo isso. Vc realmente uma grande escritora arretada. Parabéns. Esse cara aí deve ser um mal amado . Um ser desprezível. Se é rico vá para nobreza . Todos os Juazeirenses dizem se é por falta de adeus. Até nunca mais. Ser desprezível. Obrigada por seu talento . Expressão 1000.

  4. Cara Sibele: tenho orgulho de ter sido sua professora, e como tal, quero externar meu orgulho…Sou piauiense e cheguei na Bahia, através de Remanso, depois vim para minha querida Juazeiro. Petrolina me homenageou com o título de Cidadã, pelo minha missão de Educadora. Amo e devo muito a estas duas cidades unidas pela ponte e banhadas pelo velho Chico, cujas águas matam nossa sede e nos dão fartura de alimentos e empregos…Assim, estou triste e incomodada com alguns cidadãos sérios e INESCRUPULOSOS que fazem um paralelo criminoso entre nossos irmãos baianos e Petrolinense.PURO OPORTUNISMO BURRO, BOÇAL E MALDOSO…

  5. Texto perfeito e que representa de uma forma até ” cirurgica” o momento que passamos. Esse coitado e enfezado que apareceu nesses últimos dias nas redes, é só a ponta de um iceberg que corrói e apodrece nossa sociedade. Que não respeitam seu próximo, a necessidade de recolhimento e ainda colocam a vida de outras pessoas em risco. No caso citado, ele ajuda na transmissão do vírus de um lado pra outro da ponte, ou visse e versa….. IGNORÂNCIA CULTURAL E SENTIMENTAL!

  6. Parabéns Cibele Fonseca, não podia ter descrito melhor a atitude imbecil desse rapaz.. Juazeiro agradece a essa jornalista . Parabéns, parabéns, parabéns…

  7. PARABÉNS, VOCÊ FOI EXCELENTE COM ESTA RESPOSTA, ESTA PESSOA TEM QUE NADAR DE JUAZEIRO/BA A PIRAPORA/MG E SERÁ QUE CHEGA VIVO, NOJENTO, IMBECIL O VERME DO CORONA-VIRUS, JUAZEIRO NÃO MERECE ESTE TIPO DE GENTE.

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