“Leãozinho reina absoluto em Juazeiro. É a política do toma lá dá cá”, revoltados, trabalhadores da Joafra fazem graves denúncias contra empresa e cobram providências dos órgãos responsáveis

No último mês de janeiro, após um protesto contra o descumprimento de direitos trabalhistas, seis trabalhadores da empresa de transporte público Joafra, que presta serviço ao município de Juazeiro, foram sumariamente demitidos. A empresa dispensou os trabalhadores, sem pagar rescisão e demais direitos, conforme relataram ao PNB, os demitidos pela empresa.

“A falta de respeito foi tão grande, que eles nos descartaram, sem receber nada e o que disseram foi para ‘procurarmos a Justiça’. Anos de vida dedicados a empresa e ao serviço à população, e saímos assim, com as mãos abanando”, disse um ex-funcionário.

Nesta segunda-feira(1), o PNB voltou a ser procurado por funcionários da Joafra, preocupados com a situação da empresa. De acordo com eles, correm rumores de que a Joafra deverá pedir falência no mês de junho, o que poderia culminar na demissão dos trabalhadores, sem a garantia de receberem seus direitos trabalhistas.

“Tem colega com 30 anos de empresa. Uma vida dedicada ao serviço, e corremos o risco de sermos dispensados sem nenhum direito, como aconteceu com os colegas quando a Joafra deixou de prestar o serviço em Petrolina, e também com os colegas dispensados após o protesto de janeiro. Todos saíram sem receber nada. Foram pra Justiça, como mandaram, e a Justiça demora para decidir”, relatou um integrante do grupo.

De acordo com eles, por uma “estratégia” da Joafra, a empresa Girassol entraria em Juazeiro para prestar o serviço.

“A Girassol já está atuando ilegalmente em Juazeiro, com vários ônibus circulando na cidade. Podem observar que os ônibus da Girassol já estão rodando. Parecem novos, porque foram pintados na garagem da Joafra, mas são veículos velhos, que a Prefeitura de Petrolina não autorizou que rodassem lá, quando dispensou os serviços da Joafra. A empresa então, fez uma ‘maquiagem’ nos veículos velhos para circularem em Juazeiro”, denunciou outro integrante do grupo.

Segundo os trabalhadores, a direção da Joafra já teria se reunido com a gestão pública em Juazeiro e firmado um acordo para que a Girassol pudesse atuar no município, como já vem acontecendo, mas sem a devida licitação.

“Perguntamos: Não teria que ter uma licitação? Não seria ilegal a atuação da empresa Girassol em Juazeiro? os veículos sucateados foram vistoriados pela CSTT, pois tem até adesivo nos carros. Outro problema, é que a gente teme que aconteça em Juazeiro o que aconteceu em Petrolina. A Joalina fechou e não pagou os direitos dos trabalhadores. Só que em Petrolina, o Prefeito Miguel Coelho não aceitou mais a empresa Joalina, devido a frota sucateada e abriu um processo de licitação. Hoje Petrolina conta com uma empresa operando na cidade, e atendendo as necessidades da população. Já em Juazeiro a Girassol entrou na calada da noite, com ônibus velhos circulando e autorizados pela CSTT. A gestão municipal não deveria autorizar uma nova empresa, sem licitação. Por que em Juazeiro tudo pode?”, questionou um trabalhador.

O grupo disse que os trabalhadores estão desamparados pelos órgãos fiscalizadores, que se sentem “sem voz”, e que a “única saída foi procurar a imprensa”.

“Quem devia ser por a gente não nos defende e ao que parece tem compromissos com o empresário. Nos sentimos abandonados pelos órgãos fiscalizadores. Aqui em Juazeiro não existe quem defenda os trabalhadores. O empresário Leãozinho é o ‘todo poderoso’. Ele faz e acontece, não respeita as leis e com a conivência dos políticos, daqueles que deveriam representar o povo. É a política do toma lá dá cá. Fica notório que a ‘troca de favores’ deixa muitos políticos na mão dele. Sabemos dos financiamentos de campanhas de vereadores, de prefeitos, e é por isso que Leãozinho manda e desmanda em Juazeiro. Não respeita os trabalhadores e nem a população que tem que engolir esta empresa que vem prestando um péssimo serviço”, denunciou o trabalhador.

Um dos denunciantes assumiu ao PNB que foi admitido na empresa por indicação da prefeita Suzana Ramos, e foi mais longe: “quando Suzana era vereadora só entrava na empresa quem tivesse uma carta de apresentação dela. Muitos filhos de Juremal, por exemplo, trabalham na Joafra por indicação dela. Esta ‘amizade’ rendeu votos para Suzana, claro. Agora eu pergunto: E o que ela dá em troca? Esta é a pergunta que não quer calar”, questionou o trabalhador que ainda fez um apelo a gestora.

“Suzana Ramos queremos ver agora o seu pulso. Haverá licitação? A senhora pode dar um basta neste monopólio indecente. Ou a senhora também deve favores a Leãozinho? Olhe por nós, trabalhadores, e pela população que lhe elegeu. Sabemos que a senhora é muito humana e queremos agora contar com sua humanidade”, disse.

O denunciante também revelou que o atual presidente da Câmara de Vereadores de Juazeiro, Berg da Carnaíba, que já trabalhou como cobrador da Joafra, esteve recentemente visitando a empresa.

“Eu estava lá na hora e vi o vereador Berg na empresa, mas não era para apurar a situação dos trabalhadores, já denunciada na imprensa, era para pedir favores ao empresário. Cheguei a acreditar que ele estava como vereador apurando nossas denúncias, em favor dos trabalhadores. Mas não, o que soubemos foi que o motivo da visita foi pedir emprego para seus eleitores”, denunciou o trabalhador.

O grupo finalizou as denúncias afirmando que os funcionários da Joafra não recebem os salários em dia, estão há mais de um ano sem receber ticket alimentação, adicional noturno e  horas extras. Além disso, segundo eles, o FGTS é descontado, mas a empresa não deposita, e os demitidos saem receber nenhum direito trabalhista.

“Leãozinho reina absoluto em Juazeiro. Não tem lei para ele. Além do mais, trabalhamos em ambiente desumano, sofremos ameaças e perseguição. Quem reivindica algum direito é retaliado. Não somos funcionários de uma empresa, somos escravos de Leãozinho. E a população paga o preço, ela é refém desta empresa, que há 40 anos está em Juazeiro, sem concorrência, e faz o que bem quer.

Estamos encaminhando as denúncias para a direção da empresa Joafra, Ministério Público, CSTT, Procuradoria do Município e, novamente, para a Delegacia Regional do Trabalho.

Da Redação