Acontece nesta quarta-feira (29) a audiência de instrução do assassinato de Adalberto Gonzaga, ex-coordenador da Defesa Civil do município de Juazeiro, no Norte da Bahia. O crime aconteceu no 23 de fevereiro de 2017, em frente a residência da vítima.
Serão ouvidos pelo juiz familiares, radialistas, amigos da vítima e um dos acusados de envolvimento no crime.
Em um inquérito iniciado na Polícia Civil e finalizado pelo Ministério Público da Bahia (MPBA), o promotor Raimundo Moinhos denunciou Joaquim Medeiros Neto, ex-diretor-presidente do Serviço de Água e Saneamento Ambiental (SAAE) de Juazeiro, David Roger Paixão Reis e Gabriel Gomes Amaral, por participação no crime. Eles foram indiciados por homicídio triplamente qualificado.
David foi encontrado morto na manhã do dia 12 de março de 2020, nas proximidades do distrito de Juremal, zona rural da cidade. O corpo estava em estado avançado de decomposição.
Ele foi amordaçado e carbonizado, segundo a perícia técnica. Já Gabriel está foragido e há suspeitas de que ele também tenha sido assassinado.
Investigações
No inquérito do MP, o promotor diz que após as eleições municipais de 2016 e a mudança na gestão, a vítima foi afastada do seu cargo de Coordenador da Defesa Civil, órgão que opera junto ao SAAE, não sendo renomeado até o dia da sua morte.
Ainda de acordo com as investigações, Adalberto teria ficado insatisfeito com o seu afastamento do cargo e reuniu documentos que constatavam irregularidades no uso de verbas públicas, a exemplo da verba de 5 milhões de reais destinada ao SAAE para a perfuração de poços na zona rural de Juazeiro, no segundo semestre de 2016.
O inquérito expõe ainda que a vítima chegou a procurar Joaquim Neto para questionar sobre a sua renomeação, e informando que tinha provas documentais que poderiam prejudicar o acusado e a administração municipal, fazendo com que Joaquim afirmasse que iria considerar a renomeação da vítima. As investigações apontam ainda que após essa conversa, Adalberto passou a receber ameaças de morte, fato que o fez procurar o radialista Waltermário Vieira Pimentel, para denunciar diversos desvios de verbas, levando consigo documentos que comprovam as irregularidades.
Durante o encontro com o radialista, a vítima teria informado que o ex-prefeito de Juazeiro, Isaac Carvalho, estaria disposto a acabar com ele, e como retaliação, Adalberto anunciou que iria divulgar os documentos, diz o inquérito.
O documento também informa que após a conversa com o radialista, a vítima foi para a sua residência e ao chegar ao local, foi surpreendido pelos assassinos, que estavam em uma motocicleta. A pasta com os documentos que estavam com Adalberto teria desaparecido da cena do crime.
As investigações apontam ainda que no dia anterior ao crime, os suspeitos de executar a vítima estiveram na residência de Adalberto, buscando informações sobre se o mesmo possuía uma arma de fogo.
Segundo o inquérito, David e Gabriel foram os executores do crime, e também eram acusados de participar de outros homicídios na região.
“Armação Política”
O diretor do SAAE nega a acusação. Segundo ele, em nota enviada a imprensa, MP-BA se baseou em boato espalhado pelo radialista Waltermario Pimentel, “notório inimigo político nosso e já condenado por calúnia e difamação” .
Dizendo-se indignado com o envolvimento do seu nome no inquérito que investiga o assassinato de Adalberto Gonzaga, Joaquim Neto disse ainda que jamais teve inimizade com a vítima, “nem teria qualquer motivo para atentar contra ele, uma vez que não houve nenhuma irregularidade nos convênios da Defesa Civil e que havia encaminhado à nomeação de Adalberto na gestão que se iniciava, procedimento burocrático normal. Joaquim assegura que tem consciência tranquila, vai provar sua inocência e processar os caluniadores”, diz a nota.
“É preciso destacar que neste inquérito, folhas de 39 a 50, a viúva e o irmão de Adalberto afirmam que a morte dele deve estar ligada a um processo que ele respondia desde 2009, por tentativa de assassinato. ‘As autoridades estão sendo induzidas a erros que logo vamos procurar esclarecer’, afirma em nota o diretor do SAAE”, finaliza a nota enviada a imprensa.
Da Redação