Em entrevista à revista Istoé, Sara Winter, ex-bolsonarista, ativista de direita no Brasil, que chegou a liderar o “Acampamento dos 300”, em maio de 2020, instalado em Brasília, revelou nomes e estratégias de apoiadores de Bolsonaro para ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), e a parlamentares contrários ao governo. As ações teriam o objetivo de fortalecer o presidente.
A ativista afirmou que “o acampamento foi um surto da Sara e do Osvaldo Eustáquio que se transformou numa histeria coletiva”.
Segundo ela, os parlamentares Daniel Silveira (PTB-RJ), Carla Zambelli (PSL-SP), Sargento Fahur (PSL-PR) e Bia Kicis (PSL-DF) foram muito presentes na organização, além do ministro-chefe do Gabinete de Segurança, general Augusto Heleno.
Entre as funções, Sara conta que cabia à Zambelli, com participação mais frequente nas reuniões, passar as informações sobre a repercussão do acampamento, e que foi responsável por orientar a tornar Rodrigo Maia um alvo.
Já a deputada Bia Kicis tinha o papel de ajudar na organização, segundo a ativista.
“Ela ensinou a gente como chamar atenção da imprensa”, afirma Sara. A estrutura ficou a cargo de Bia: “Ela cedeu o assessor Evandro Araújo e colocou um advogado de seu gabinete para acompanhar reuniões com a Secretaria de Segurança do Distrito Federal”. Isso garantiu que a iniciativa continuasse por quase um mês.
A ativista ainda revelou que o General Heleno foi quem pediu para direcionar os ataques contra o STF, mas o combinado era poupar o presidente de represálias, ou seja, ele não podia ser o “protagonista para não sofrer represálias”.
Ainda segundo Winter, era o próprio Bolsonaro que dizia quem o blogueiro Oswaldo Eustáquio devia investigar e subir o tom.
Apesar das revelações, Sara mantém o cuidado ao falar da Ministra Damares Alves, com quem tinha relação pessoal, encerrada por orientação do governo. “A Damares já sabia que eu ia ser presa e o governo orientou a não falar mais comigo”.
Segundo informações Sara Winter e Damares não se falam desde maio de 2020.
Ela evitou falar no suposto envolvimento dos filhos de Bolsonaro com as milícias, explicando que, se há alguma coisa para ser descoberta, o fio da meada está na Assembleia do Rio de Janeiro:
“Esse tipo de assunto nunca chega a militantes como eu”.
Sara Winter também demostrou arrependimento no apoio a Bolsonaro, e criticou seus apoiadores.
“Não tem mais como defender Bolsonaro. Mas se ele pedir para os bolsonaristas comerem merda, as pessoas vão comer”.
Ela também classificou os filhos do presidente Carlos e Eduardo Bolsonaro como os cães de guarda do capitão.
“Quem tem destaque na direita, eles cooptam ou destroem”, diz.
Além da prisão, o ativismo agressivo de Sara Winter lhe rendeu uma dívida de “mais de R$ 3 milhões”, cobrados em processos judiciais.
“Nunca passou pela minha cabeça que eu ia parar num presídio”.
A militante afirma viver com medo e planeja ir com o filho morar no México em breve.
“Tenho medo da esquerda, medo de um fanático e medo do governo. Em janeiro eu anunciei que eu ia contar tudo que eu sabia sobre o bolsonarismo. O Planalto surtou e fez uma reunião ministerial. A Damares foi chamada. Eu não sabia o que eles tinham tanto medo do que eu possa tornar público”.
Redação PNB, com informações IstoÉ