Um leitor do Portal Preto no Branco entrou em contato com a nossa redação, para denunciar a falta de utilização de um guia prático de robótica, adquirido no ano passado pela Secretaria de Educação e Juventude, no valor total de mais de 14 milhões de reais. De acordo com ele, que pediu para não ser identificado, os kits estão armazenados na sede da Seduc, em Juazeiro.
“Esses kits se encontram sem utilização até o momento. Estão lá na Seduc em caixas. Praticamente 14 milhões jogados no lixo. A quantidade de guias daria para ser utilizada em mais de 40 escolas. São mais de 100 caixas contendo 6 kits cada caixa”, declarou.
Procurada pelo PNB, a Seduc informou que “para garantir sua aplicabilidade de forma permanente nas escolas, os kits de robótica destinados para os alunos dos Anos Iniciais da Educação Municipal serão distribuídos após a conclusão da criação pioneira, da política pública de ensino na área de robótica, por meio da implantação do componente curricular “Robótica”.
A Seduc esclarece também que, articuladores de Educação Tecnológica e professores de robótica da rede municipal de ensino estão participando de formação continuada, recebendo todo suporte técnico para auxiliar o uso pedagógico dessas ferramentas educacionais.
Sempre transparente, a Seduc se coloca à disposição para sanar dúvidas, prestar apoio e realizar os devidos encaminhamentos necessários”.
Investimento sem licitação
Em julho do ano passado, uma professora concursada do município de Juazeiro, chamou a atenção para a aquisição de um guia prático de robótica, por parte da Secretaria de Educação e Juventude, no valor total de mais de 14 milhões de reais.
O contrato com a empresa Arte Internacional Negócios e Serviços tem validade de 12 meses, e foi realizado com dispensa de processo licitatório sob alegação de inexigibilidade, ou seja, quando o produto ou serviço é de exclusividade de uma única empresa.
“Sem licitação, a prefeitura de Juazeiro gastou o valor de R$ 14.384.743,10 em um guia prático de robótica para as escolas. Para se ter uma ideia, este valor é maior do que o investimento em transporte escolar, merenda escolar e outras despesas. Um absurdo! Um escândalo essa compra”, criticou na época.
Na ocasião, a profissional lembrou ainda da reinvindicação das professoras e professoras para o recebimento do Auxílio Tecnológico, benefício negado pela gestão municipal.
“Esse dinheiro deveria ser investido em equipamentos tecnológicos para as professoras e professores que continuam utilizando equipamentos pessoais. Os computadores adquiridos pela prefeitura só podem ser usados dentro das escolas e são compartilhado com os demais colegas. A Seduc precisa ter como prioridade fazer as crianças aprenderem, alfabetizar essas crianças, e não, ensiná-las a montar robôs, nesse momento”, acrescentou.
A professora finalizou criticando a gestão municipal pela compra “estranha”.
“Uma compra muito estranha. Em plena campanha eleitoral é de chamar atenção este ‘investimento’ tão alto. A população não é tão burra assim”.
Investigação sobre aquisição de Kits robótica
A venda milionária de kits de robótica com superfaturamento de 420%, fornecidos por empresa cujo dono tem ligação com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é alvo de várias investigações pelo país. Há suspeitas de irregularidade na compra desses equipamentos priorizados pelo Ministério da Educação (MEC) do governo de Jair Bolsonaro (PL) que acelerou os repasses para a aquisição.
Em abril, o jornal Folha de S. Paulo revelou que sete cidades de Alagoas receberam R$ 26 milhões de recursos do MEC para a compra desses kits. Os equipamentos eram repassados pela empresa Megalic, que tem como donos Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda. Este é pai do vereador de Maceió João Catunda (de saída do PSD), aliado de Lira que, por sua vez, é quem controla a liberação das emendas de relator na Câmara.
Redação PNB
