“Eu faço um curso de técnica de enfermagem na FESN, em Petrolina, e tem duas alunas na sala que vivem com deboche comigo, só porque eu sou a mais velha na turma. Inclusive nas conversas do grupo da sala, me chamaram de velha, com deboche e preconceito. Só porque eu dei minha opinião no grupo sobre um assunto que elas estavam questionando, que me humilharam diante do grupo e ainda faltaram com respeito, dizendo que eu saí da ‘puta que pariu’ (Sic) pra dar opinião onde eu não fui chamada, sendo, que o grupo é para todos”.
O desabafo acima é de uma mulher de 49 anos, mãe de 4 filhos, moradora do Residencial Juazeiro I, que procurou o Portal Preto No Branco para denunciar um caso explícito de etarismo, ou seja, um conjunto de estereótipos, preconceitos e discriminações direcionados a pessoas com base na idade, segundo descreve a Organização Mundial da Saúde (OMS).
M.S.G, que já trabalha com auxiliar de higienização, se inscreveu no curso da instituição FESN, em Petrolina, há um ano e meio, para tentar “melhorar de vida”. Ela conta que desde o início sentiu que estava sendo tratada com hostilidade por duas colegas de turma por ter mais idade que a maioria dos alunos.
“No começo eu não dei muita importância as críticas delas, mas agora isso está me incomodando. É muito humilhante esse tipo de preconceito!”, pontuou.
M.S.G relatou que procurou a direção da instituição, mas nenhuma atitude foi tomada.
“Fui na coordenação e na diretoria fazer a reclamação e nada foi feito. Pago meu curso caro, com maior sacrifício, pra ser chicotada e eles não fizeram nada em relação a isso. Falei pra diretora que ia procurar a justiça, porque pago caro pelo curso e quero terminar em paz, sem mais provocações da parte delas. Fui fazer esse curso pra melhorar de vida e mudar de profissão e venho sofrendo esse tipo de preconceito de duas ‘molecas’ (sic) sem educação e sem noção.
Sofrer etarismo pode trazer consequências para a saúde, bem-estar e atenta contra a dignidade humana, alerta a OMS. É justamente o que vem sentindo M.S.G, que já pensa em desistir da sua meta por conta do preconceito das colegas mais jovens.
“Estou até pensando em sair do curso, mas já gastei tanto… Fiquei desestimulada e desmotivada em frequentar o curso. Muito constrangimento. Me sinto deslocada. Estou confusa sobre o que fazer”, confessou a mulher.
Nós procuramos a diretora da FESN, que nos enviou uma nota sobre a denúncia da aluna.
Confira:
“Em resposta as alegações feitas pela aluna M. S. G é importante asseverar que o
Centro Educacional FESN não é conivente com o etarismo e nem mesmo com qualquer forma de preconceito. Ao procurar a Direção da Escola a aluna relatou que fazia parte de um grupo privado de Whatsapp e que havia sido citada em uma mensagem como idosa: “Ôh mulher deixa de palhaçada, fica até feio para uma pessoa da sua idade”. Diante disso, a Instituição adotou as providências cabíveis no sentido de investigar se estava acontecendo tal ato presencialmente dentro da instituição e orienta-la a fazer a reclamação por escrito na
secretaria da escola. A aluna também foi informada que a FESN não faz parte de grupos de
WhatsApp e consequentemente não tem como interferir nas relações pessoais entre os
mesmos. Ademais, a Coordenadora de Curso da escola manteve contato com os professores para saber se houve algum caso de etarismo por parte dos alunos em sala de aula ou em algum ambiente da escola e não foi constatado nenhum ato deste tipo dentro ambiente escolar. A Direção da escola, bem como o jurídico coloca-se a disposição para mais esclarecimentos. Atenciosamente, Drª Katia Paula/ Jurídico pedagógico”.
Etarismo
O etarismo pode apresentar-se de forma institucional, interpessoal ou autodirigido, de acordo com o Relatório Global sobre Etarismo, realizado pela OMS e pela Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo o relatório, o etarismo institucional refere-se às leis, regras, normas sociais, políticas e práticas de instituições que restringem injustamente as oportunidades e prejudicam sistematicamente os indivíduos devido à idade.
O etarismo interpessoal, por sua vez, surge em interações entre dois ou mais indivíduos, por exemplo, quando colegas de estudo ou trabalho julgam uns aos outros por conta da idade. Enquanto o autodirigido ocorre quando o preconceito de idade é interiorizado e voltado contra si mesmo.
Globalmente, estima-se que uma em cada duas pessoas tem preconceitos contra os mais velhos, segundo o relatório da ONU.
Como o preconceito de idade afeta a vida das pessoas
Ainda segundo o relatório da ONU, o preconceito de idade pode trazer consequências sérias para várias áreas da vida das pessoas, principalmente as relacionadas com um envelhecimento saudável e bem-estar.
Redação PNB
Pelo que vi, sempre quem sofre o preconceito é errado , já estudei nesta instituição e sempre as ditas “responsáveis” sempre tiram o corpo fora de toda responsabilidade. Não desista de seus sonhos por conta de mentes pequenas, siga em frente e mostre pra estas pessoas do que você é capaz.