Prefeito de Petrolina propõe acabar com a Rede Peba e é criticado por gestores de saúde: “Um absurdo! Peça desculpas”

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“Essa rede PEBA tem que acabar”, essa foi a declaração dada pelo  Prefeito de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, Simão Durando, durante uma entrevista ao Programa Edenevaldo Alves, na Rádio Petrolina FM, nesta terça-feira (5).

Em sua fala, o gestor alega que devido a Rede Interestadual de Atenção à Saúde do Vale do Médio São Francisco (Rede PEBA), pacientes dos 55 municípios pactuados buscam saúde em Petrolina, principalmente os do estado da Bahia.

“Quero deixar a pergunta ‘Quanto estão esses municípios da Bahia investindo aqui em equipamentos de saúde pública? ‘. A Prefeitura de Petrolina coloca todo mês R$ 2,5 milhões no Hospital de Trauma. Temos 56 servidores públicos dentro do HU, entre eles, dez médicos, em uma folha de R$ 250 mil por mês que apoiamos para ajudar a atender a população de Petrolina. Se esses equipamentos que temos aqui como Dom Malan, UPAE e Hospital de Trauma atendessem o estado de Pernambuco, estaríamos numa situação diferente da que está hoje”, declarou Simão Durando.

Ainda durante a entrevista, o prefeito afirmou que já cobrou a Governadora Raquel Lyra para provocar o Governo Federal. “A governadora precisa ir pra cima do governo federal para que o governo da Bahia destine recursos para melhorar a saúde, porque se não, a dificuldade só vai aumentar. “, acrescentou.

A fala do prefeito de Petrolina gerou uma repercussão negativa entre gestores de saúde do Estado da Bahia. Em entrevista ao Portal Preto no Branco, o médico e Coordenador do Núcleo Regional de Saúde Norte, Pedro Alcântara informou que as declarações “caíram como uma bomba” no 9° Congresso Norte Nordeste de Secretarias Municipais de Saúde, que acontece até esta quarta-feira (06), em Salvador.

“É um absurdo o que o Prefeito de Petrolina está propondo. Ele não sabe nem o que é a Rede PEBA, que inclusive agora vai ser chamada de Região PEBA, em função da sua amplitude. Ele deveria estar aqui no Congresso Norte Nordeste, como a maioria dos prefeitos e a maioria dos secretários municipais de saúde de toda a região Norte e Nordeste do país, junto com o Ministério da Saúde. O que nós discutimos aqui foi o fortalecimento da Região PEBA e não a sua destruição. A saúde Petrolina é bancada pelo Estado e pela União, praticamente, e o prefeito deve ter um bom plano de saúde, e não está pensando na população”, criticou.

Pedro Alcântara informou ainda que uma moção de repúdio a fala de Simão Durando deve ser apresentada nesta quarta-feira no 9° Congresso Norte Nordeste de Secretarias Municipais de Saúde.

“Já convocamos os 28 Secretários de Saúde do Estado da Bahia, da região que eu coordeno, para pensarmos ainda no congresso que se finda hoje ao meio-dia, apresentarmos uma moção de repúdio a esta ação do prefeito de Petrolina. Ele não tem conhecimento da importância da Região PEBA e pede para destruí-la. Isso é um absurdo, prefeito, repense a sua posição. Peça desculpas. Estamos prontos a discutir e explicar o que significa a Região PEBA para a nossa região que é tão carente ainda de assistência médica”, acrescentou.

O PNB também conversou com Gilberto Libório de Souza , Secretário Adjunto de Saúde do município de Remanso-BA. Ele também criticou as falas do prefeito de Petrolina e frisou que, atualmente, o Estado de Pernambuco é o que mais utiliza a Rede PEBA.

“A gente foi pego de surpresa com a declaração do Prefeito de Petrolina Simão, em relação à Rede PEBA, onde ele diz que o Governo do Estado da Bahia não repassa recurso, e que cobrasse da União, através de Raquel Lira, Governadora do Estado de Pernambuco. Além disso, ele apresenta uma desinformação muito grande. Todos os 55 municípios da nossa região, tanto de Pernambuco como da Bahia, utilizam a rede PEBA. Porém, durante uma reunião que tivemos no mês passado com todos os Secretários da região, inclusive o de Petrolina e a de Pernambuco, ficou muito claro que Pernambuco utiliza muito mais a Rede PEBA do que o Estado da Bahia, acarretando uma despesa maior para Rede PEBA. Além do que o município de Petrolina não faz nenhum favor a município algum. Petrolina tem o Hospital Dom Malan, que é gerido pelo Estado de Pernambuco, assim como o Hospital Universitário, que é gerido pela Universidade Federal do Vale do São Francisco, e todos esse hospitais recebem recurso da União. Além do que existe a pactuação integrada, que é um levantamento de dados, através de reuniões com os municípios, e se elabora um contrato firmado entre municípios, estados e união, para repasse de recursos que são passados de forma integral a essas instituições que não pertencem a Petrolina. Então, a Prefeitura de Petrolina não tem nenhum despesa. Se ele disponibiliza algum funcionário para exercer funções no HU é um acordo espontâneo dele, e com certeza ele deve levar alguma vantagem em cima disso, que, de certa forma, eu não acho nem legal, porque o SUS é universal. Os pacientes de Petrolina também utilizam muito o Hospital Regional de Juazeiro, o setor de oncologia, a Clínefro,  a SOTE,  entre outros serviços do Estado da Bahia. Infelizmente, foi uma fala carente de informação e de dados. A gente tem a Central de Regulação de Leitos da Rede PEBA que pode fornecer todas essas informações, o Núcleo Regional de Saúde que vai dizer o investimento que cada município do Vale do São Francisco faz em Petrolina.  Nenhum município é atendido de graça, não existe favor. Gostaria de frisar isso. Então, senhor prefeito, procure se informar antes, até com o seu secretário. Hoje, se a Rede PEBA vier a se encerrar, pior será para Pernambuco”, alertou.

O PNB também conversou com o Secretário de Saúde do município de Juazeiro, o médico Alan Jones. Ele declarou que a porcentagem de resolutividade final da Rede PEBA é bem maior do que os casos em que não se obtém sucesso, ou o resultado esperado, porém, ainda é necessária uma repactuação da rede.

“Eu acredito muito na necessidade da manutenção da Rede, que envolve principalmente os estados de Pernambuco e da Bahia. Nós temos hoje cerca de 56 municípios pactuados, além de alguns municípios que dentro dessa Rede acabam ainda enviando pacientes para nós. Comparativamente da instituição dessa Rede, até aqui, acredito que nós resolvemos muitos gargalos, principalmente da secundária e terciária da região do Vale do São Francisco, seja da região que abrange o estado de Pernambuco, e também aqui no norte da Bahia, e acredito na necessidade da gente discutir uma repactuação. Mas quando a gente faz as reuniões, tanto nas que envolve o gestores do norte do estado da Bahia, como também em nível de CRIE, que envolve os gestores interestaduais, a gente tem discutido a necessidade de ter sim aporte do governo federal. A gente precisa discutir essa repactuação, pois os municípios polos acabam sofrendo um pouco mais, porque são referência para os outros municípios, e acontece tanto com a cidade de Juazeiro, bem como uma cidade de Petrolina. Mas estatisticamente quando a gente observa os casos que foram regulados e resolvidos, seja do ponto de vista de terapêutica clínica ou cirúrgica, tratamentos inclusive longos e crônicos que são diagnosticados nessa rede, e posteriormente exigem cuidados em outros níveis de atenção, a gente vê que o percentual de resolutividade dessa rede é bem grande”, destacou.

Sobre a situação do Hospital Universitário de Petrolina, Alan Jones destacou que o descredenciamento da residência de neurocirurgia impactou negativamente da região.

“A gente está vivendo agora uma particularidade no Hospital Universitário, principalmente o descredenciamento da residência de neurocirurgia, e isso impactou negativamente muito toda região do Vale do São Francisco porque a nossa referência para esse pacientes neurológicos é exatamente o Hospital Universitário, que fica na cidade vizinha. Então já perdura por pelo menos quatro a seis meses a nossa necessidade de referenciar os nossos pacientes tanto para a capital da Bahia que é Salvador, como também para capital de Pernambuco Recife, além de outras cidades de porte médios. Então a gente precisa resolver algumas gargalos. Perdemos muito sim, não tenha dúvida disso. Conversamos inclusive na última reunião da CRIE com o diretor do Hospital Universitário, o Professor Julianelli Tolentino, juntamente com professor Ari, e eles não têm medido esforços para poder resolver essa situação em particular que é iminente, e tem nos prejudicado um pouco mais, e depende de outros níveis de atenção, outras conversas a nível ministerial e também com a própria direção Nacional da Ebserh. Mas reafirmou a necessidade da gente discutir a repactuação dessa Rede, que genuinamente foi criada aqui em nossa região, por pessoas que acreditaram no seu impacto positivo no primeiro momento, e que hoje se torna necessária para manutenção dessa rede. É preciso discutir inclusive essa co-responsabilidade, essa co-gestão Municipal Estadual e Federal. A gente precisa sim trazer mais os governos estaduais e Federal para poder deter as suas atenções para nós aqui, porque nós sofremos um pouco mais. Mas volta a dizer que o grau de resolutividade final é bem maior do que os casos em que a gente não obtém sucesso, ou o resultado esperado”, reafirmou.

De acordo com dados da CRIL, obtidos pelo PBN, o estado de Pernambuco regulou mais pacientes no período de janeiro a junho deste ano. Veja:

Redação PNB

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