Em política, buscando fugir da razão, que exige uma demonstração do conhecimento, é comum que o debate evite o campo científico e programático e , se desloque para manipulação dos afetos.
Se fosse um trabalho acadêmico, “amor”, seria a palavra chave. Ocorre uma disputa acirrada com enorme apelo ao emocional coletivo. Um concurso da narrativa de quem ama mais a cidade.
O marketing político se converte no “CUPIDO” mirando sua flecha no coração dos munícipes. E o jogo de sedução encampa toda a a urbe.
Quem ama Juazeiro vota em…
Por amor a juazeiro vote em…
Até o maior dos amores, que é o amor maternal, incorporou uma “mãe” para cuidar dos filhos dessa terra.
Uma espécie de romantismo, acelerado no pragmatismo exacerbado, atropela o debate racional que é ofuscado intencionalmente. Ai de quem na relação cidade, cidadão, cidadania, ousar apresentar uma crítica amparada na “accountability”, que é o conjunto de práticas utilizadas pelos gestores, para prestar contas e se responsabilizar pelas suas ações.
A comunicação oficial, ou a “ ASCOM” do candidato, abafa o diálogo acusando ser coisa de quem não ama Juazeiro.
Na amplitude do ser político, exercitando a consciência crítica , no uso da inteligência, submetida ao crivo da justiça, me pergunto:
Que amor é esse que se esquiva da razão o tempo inteiro?
Que amor é esse que aposta na ignorância e escapa do debate público. Não encara o contraditório.
Esse amor é o amor pelo poder.
Quando o poder do amor é vencido pelo amor ao poder, a cidade experimenta um relacionamento abusivo com os seus homens públicos.
Quem vence é o “ CUPIDO POLÍTICO” , ou o estúpido político.
Amar a cidade é mergulhar nos seus desafios, admitir as imperfeições, ouvir amplamente e respeitar as contradições adversas.
Juazeiro tem muito coração. Aqui vive o povo mais lindo, afetuoso e alegre da Bahia. Mas toda paixão, cega. O desafio é traduzir o amor numa decisão que se apóie na razão.
Não queremos um pai, tampouco uma mãe… Precisamos de um programa claro e transparente, construído sob critério científico, passível de averiguação e que sobreviva ao debate público.
Precisamos de um modelo para além da democracia representativa burguesa. Os que prometem colocar o povo no poder, deveriam colocar o poder no povo.
Um debate cujo o alicerce espiritual seja o respeito. Sem agressão, sem violência, promovendo a civilidade que devolva o interesse do povo pela política, por sua polis, por sua terra.
Com amor e com razão.
Gilberto Santana, Cientista Social com ênfase em Ciência Política, Educador popular,
Séc de Formação política do SINERGIA BA, Membro do coletivo de formação da CUT e analista político