“Os desafios enfrentados pelas mulheres no acesso à saúde de qualidade”, por Katussia Almeida

0

 

Em 28 de maio se celebra o Dia Internacional de Luta Pela Saúde da Mulher e também o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. Fazendo uma reflexão sobre os temas, a pesquisadora Katussia Almeida, paciente oncológica em remissão, compartilhou com o PNB um texto em que tece considerações sobre os desafios enfrentados pelas mulheres no acesso à saúde de qualidade.

Confira:

O Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional da Redução da Mortalidade Materna são momentos cruciais para refletir sobre os desafios enfrentados pelas mulheres no acesso à saúde de qualidade. Esses desafios são especialmente agudos para mulheres negras e para aquelas que lutam contra o câncer de mama.

A Lei dos Sessenta Dias, que garante o início do tratamento de câncer até 60 dias após o diagnóstico, frequentemente não é aplicada de forma eficaz. Muitas mulheres não conseguem concluir seu tratamento devido à falta de infraestrutura, recursos e a morosidade do sistema. A burocracia e a falta de compromisso de alguns políticos agravam ainda mais essa situação, colocando vidas em risco.

Além disso, a questão do Tratamento Fora do Domicílio (TFD) exemplifica as barreiras adicionais que muitas mulheres enfrentam. Viagens longas para acessar cuidados especializados são inviáveis para muitas devido à falta de recursos financeiros, suporte social e a disponibilidade de vagas em hospitais. A escassez de consultas, leitos e a longa espera por cirurgias são problemas graves que afetam a saúde e a qualidade de vida dessas mulheres.

A pandemia de COVID-19 exacerbou esses problemas, trazendo novos riscos e complicações para a saúde materna. Mulheres grávidas enfrentaram maiores desafios, como o aumento do risco de complicações graves durante o parto e a falta de planejamento adequado para a gravidez durante a crise sanitária.

Esses problemas revelam a necessidade urgente de políticas públicas que garantam um acesso mais equitativo à saúde para todas as mulheres, independentemente de sua raça, local de residência ou condição de saúde. A reflexão sobre “eu sou corpo no mundo” nos convida a considerar a corporeidade e a existência das mulheres no contexto de um sistema de saúde que muitas vezes não as vê ou as atende adequadamente.

Para avançar, é crucial promover um planejamento familiar eficaz, melhorar a infraestrutura de saúde, garantir o acesso a cuidados de saúde de qualidade e sensíveis às necessidades específicas das mulheres negras, das pacientes com câncer e outras populações vulneráveis. A luta pela saúde da mulher é, portanto, uma luta por igualdade, justiça e reconhecimento da dignidade de todas as mulheres.

Katussia Almeida é graduada em Filosofia pela UFPI, pesquisadora de Políticas Públicas da Saúde das Mulheres Negras, paciente oncológica em remissão 

DEIXE UMA RESPOSTA

Comentar
Seu nome