Mulher petrolinense acusa policiais de transfobia durante abordagem; ela foi presa e movimentos sociais reagiram em apoio a denunciante

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Um suposto caso de transfobia policial aconteceu na cidade de Petrolina, Pernambuco, nesta segunda-feira (8). Amanda Lisboa, uma mulher trans petrolinense, relatou que sofreu transfobia por parte de policiais militares durante uma abordagem. Ela conta que os agentes usaram o pronome masculino, mesmo sabendo tratar-se uma mulher trans, e agiram de forma truculenta. Amanda relata ainda que foi presa, injustamente, sob acusação de desacato e, em foto veiculada nas redes sociais, mostrou as marcas das algemas nos pulsos.

Enquanto estava na viatura policial, Amanda postou em sua página no Instagram um vídeo pedindo ajuda: “Eu quero que todos vocês, meus seguidores, venham aqui para a delegacia do Ouro Preto, que ‘eles’ me pegaram aqui como se eu tivesse dado um tiro em alguém. Eu tentei me defender e eles estão me levando, presa, como se eu fosse  marginal. (…) Eu conto com a ajuda de vocês”, disse.

Veja o vídeo:

Rapidamente, houve a mobilização de uma rede de pessoas para apoiar e defender os direitos de Amanda, formada por entidades e movimentos sociais, que compareceram à delegacia, junto a advogados acompanharam o interrogatório da mulher. A ONG Cores, a Transcender Social e o Vereador de Petrolina, Gilmar Santos (PT) estiveram presentes na delegacia.

“Estivemos hoje aqui presentes na delegacia para acompanhar o caso de Amanda e a principal responsabilidade que tínhamos aqui hoje era averiguar se houve alguma ilegalidade, alguma violação de prerrogativa, principalmente de direitos humanos”, disse em vídeo a advogada Larissa Nascimento, da comissão de Direito Penal da OAB Petrolina.

“Amanda é uma mulher trans que teve seus direitos violados, se sentiu ofendida e a gente está aqui para representar e defender os direitos dela”, afirmou a advogada da ONG Cores, Maria Cecília.

A Cores, Movimento de Defesa da Cidadania e do Orgulho LGBTQIA+, se manifestou em nota sobre o ocorrido:

Confira nota:

A Cores Movimento de Defesa da Cidadania e do Orgulho LGBTQIA+ vem a público manifestar total repúdio e indignação diante ao caso de violência policial sofrida por Amanda Lisboa, uma mulher trans, vítima de um grave episódio de injustiça e discriminação. Na última segunda-feira (8), Amanda Lisboa foi injustamente presa e acusada de desacato à autoridade por policiais militares. A vítima e testemunhas relataram que a abordagem foi marcada por abuso de poder e violência desnecessária, evidenciando um tratamento discriminatório e desrespeitoso por parte Policia Militar de Pernambuco. Diante disso, a Cores prontamente disponibilizou apoio jurisdicional à Amanda, que foi assessorada. Continuaremos acompanhando o caso, bem como formalizaremos denuncia a corregedoria da PMP, para que os autores da violência sejam devidamente responsabilizados. Este caso expõe mais uma vez a vulnerabilidade da população trans diante de ações violentas e preconceituosas por parte de agentes que deveriam zelar pela segurança de todos os cidadãos, sem distinção. É inadmissível que pessoas trans ainda sejam alvo de violência e discriminação por parte daqueles que têm o dever de proteger e servir a população. Exigimos uma investigação rigorosa e imparcial sobre os acontecimentos, com a devida punição dos responsáveis pelo abuso de poder e violência praticada contra Amanda Lisboa. Além disso, é fundamental que sejam implementadas políticas públicas e treinamentos contínuos para as forças policiais, visando combater o preconceito e garantir o respeito aos direitos humanos de toda a população, independentemente de sua identidade de gênero. Reiteramos nossa solidariedade a Amanda Lisboa, e a todas as pessoas trans que sofrem com a violência e o preconceito. Seguiremos lutando por justiça, igualdade e respeito.

Petrolina, 09 de julho de 2024/ Cores Movimento de Defesa da Cidadania e do Orgulho LGBTQIA+

Redação PNB

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