Técnico preso por injúria racial contra jogadora do Bahia passará por audiência de custódia

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O técnico português Hugo Duarte, do JC do Amazonas, deve passar por audiência de custódia nesta quarta-feira (10), em Salvador. Ele está detido na 1ª DT (Delegacia Territorial) dos Barris desde a noite de segunda (8), após ser autuado em flagrante por injúria racial contra a zagueira Suelen, do Bahia, no estádio de Pituaçu

Segundo relato da atleta, o treinador a chamou de “macaca” quando ela e as demais jogadoras comemoravam o acesso da equipe tricolor à primeira divisão. A partida terminou em 0 a 0, mas o Esquadrão tinha a vantagem por ter vencido o duelo de ida por 2 a 0.

Militares do Batalhão Especializado de Policiamento em Eventos (Bepe) foram acionados pela árbitra do jogo e conduziram Duarte para unidade policial, onde um boletim de ocorrência foi registrado. Em depoimento, o técnico da equipe amazonense negou a acusação.

Por meio das redes sociais, Suelen descreveu ter sido submetida ao ato de racismo utilizado como “mecanismo de opressão” para inferiorizar sua negritude.

“A naturalização que se foi proferida mais de uma vez pela expressão racista macaca tenta silenciar a minha figura como mulher preta no esporte”, escreveu (leia a íntegra mais abaixo).

Suelen foi à 1ª DT acompanhada do diretor de Operações e Relações Institucionais do Bahia, Vitor Ferraz, e de um advogado criminalista. Outras jogadoras e funcionários se apresentaram como testemunhas.

Em nota, o Esporte Clube Bahia SAF diz manifestar toda solidariedade a Suelen ao tempo em que cobra resposta à altura da gravidade do assunto.

Também por meio de um comunicado, o JC disse repudiar qualquer ato de racismo ou injúria contra qualquer pessoa. Afirma que o clube e o jurídico estão averiguando “todas as informações necessárias dos acontecimentos ali presenciados para realizar os procedimentos cabíveis onde não haja informações infames ou caluniosas que prejudiquem quaisquer que sejam os envolvidos”.

Leia a íntegra do texto publicado por Suelen

“A Constituição Brasileira delineia o direito de ser tratado como igual perante os demais membros da sociedade, sem discrição de etnia e raça. Entretanto, lamentavelmente, ontem, na partida que garantiu o tão esperado acesso para a elite do futebol brasileiro, fui submetida ao ato de racismo praticado pelo criminoso treinador do time adversário, pois utilizou de mecanismo de opressão para inferiorizar minha negritude.

A naturalização que se foi proferida mais de uma vez pela expressão racista ‘macaca’ tenta silenciar a minha figura como mulher preta no esporte, porém o ato denúncia é a arma que tenho para combater o racista. Agradeço às minhas companheiras, família e ao @ecbahia por todo o suporte e acolhimento.”

Bahia Notícias

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