“Violência no futebol: Um câncer que corrói a alma do esporte”, por Rayza Rocha

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O futebol, essa paixão que nos faz vibrar, chorar e torcer, está sob ameaça. Não é uma ameaça de um adversário habilidoso ou de uma derrota dolorosa. É uma ameaça que assombra além das quatro linhas: A violência.

O esporte mais popular do mundo, é um campo onde paixão e rivalidade se entrelaçam. No entanto, essa paixão muitas vezes ultrapassa os limites saudáveis, dando espaço para a violência, um problema que tem corroído a alma do esporte ao longo dos anos. Jogos de grande rivalidade como Flamengo x Fluminense (Fla-Flu), Grêmio x Internacional (Gre-Nal), Bahia x Vitória (Ba-Vi), Corinthians x Palmeiras (Derby) sempre despertaram as torcidas a rivalidade, mas o que não deveria passar de algo saudável de arquibancada, extrapola as linhas do campo.

O clássico argentino entre os clubes Aldosivi e Alvarado prova que a violência estilhaça a magia do futebol. As equipes argentinas ficaram conhecidas como protagonistas do “classico proibido’’. Com longo histórico de violências, os clubes argentinos foram proibidos de se enfrentarem após uma partida com duração de apenas 30 minutos. Houve tantos atos violentos que a partida foi encerrada por falta de segurança. Essa rivalidade, já absurda na arquibancada, não se limitou apenas aos 90 minutos de jogo e ao local das torcidas, ela foi além. As torcidas organizadas são as maiores responsáveis por atos violentos nos estádios (e fora dele). Os registros de violência não são mais somente entre torcidas, essa doença se espalhou como um vírus para fora dos estádios, no Brasil foram registrados 10 ataques a ônibus de jogadores nos últimos cinco anos, sendo o mais recente: O atentado contra a equipe do Fortaleza EC. Seis jogadores precisaram ser levados ao hospital após o veículo ser alvejado por bombas e paralelepípedos enormes. Esse comportamento, longe de ser uma simples manifestação de rivalidade esportiva, é um ato criminoso.

Após a partida válida pela Copa do Nordeste, o ônibus do Fortaleza foi atingido por bombas e pedras jogadas por uma torcida organizada do Sport a 8 km da Arena Pernambuco. Seis jogadores deram entrada no hospital, com o lateral-esquerdo Gonzalo Escobar sofrendo um traumatismo crânio-encefálico. Esses ataques não foram rivalidade, foi tentativa de homicídio. Crimes como esse não foi o primeiro e provavelmente não será o último, mas em todas as 10 ocorrências o tratamento foi o mesmo: casos isolados. Mas como é possível? Em 2022, o ônibus do Grêmio foi alvo de pedras e barras de ferro a caminho do Gre-Nal, três jogadores foram atingidos e a partida foi adiada. Quantos casos isolados como esses precisam ocorrer até que o pior aconteça? Quantos litros de sangue precisarão ser derramados?

A falta de punições severas e responsabilização dos culpados são grandes motivos para casos “isolados” como esses, de criminosos disfarçados de torcedores, continuem acontecendo. O Sport foi punido com 8 jogos sem torcida por causa dos ataques ao ônibus do Fortaleza, apenas 22 dias depois do ocorrido, três suspeitos reincidentes foram presos temporariamente. O clube, emitiu nota de repúdio, mas é preciso mais que isso. É preciso investigar arduamente, encontrar os responsáveis e puni-los severamente, para que cada vez mais “casos isolados” como esse não aconteçam. O futebol merece ser lembrado por sua mágica, alegria, emoção e paixão que transcende gerações, não por tragédias, crimes e selvageria.

Rayza Rocha | Estudante de Jornalismo pela Universidade do Estado da Bahia- Estagiaria PNB

2 COMENTÁRIOS

  1. É realmente muito triste ver como uma esporte que, deveria trazer alegria e diversão para o país, tem se tornado tão cruel e violento. Enquanto não houver punição, os crimes continuarão sendo feitos, e o que será do nosso futebol? Gostei muito da matéria e de como você pensa. espero que essa seja uma realidade distante no futuro do futebol.

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