Família de agente penitenciário do Conjunto Penal de Juazeiro, preso há quase 5 meses, pela operação “Premium Mandatum” alega que ele é inocente e diz que a prisão é ilegal; entenda o caso

1

 

Familiares de um agente penitenciário que atuava no Conjunto Penal de Juazeiro, na região Norte da Bahia, entraram em contato com o Portal Preto no Branco para denunciar a suposta prisão ilegal do trabalhador. De acordo com eles, Adão Henrique Andrade Silva foi preso “por engano” durante a “Operação Premium Mandatum” do MPBA e Polícia Civil, deflagrada em março deste ano.

“Venho aqui em público clamar por justiça e trazer ao conhecimento de todos a injustiça que está acontecendo contra o meu filho. Aos 23 dias do mês de maio do corrente ano de 2024, pela manhã, meu filho, estando de serviço em seu local de trabalho, foi surpreendido pela Polícia Civil da Bahia, acusado dos crimes de tráfico e uso de drogas. Meu filho foi abordado e preso, temporariamente, por 30 dias, revogados por mais de 30, e se encontra preso, até o momento, mesmo depois do vencimento do prazo dos 60 dias Tudo isso ocorreu porque, numa quebra de sigilo telefônico, em uma conversa, dois detentos citam o nome Henrique, onde esse seria funcionário do presídio e estaria com um celular para passar para um deles, lá dentro. A conversa datada de 05 de 03 de 2022, onde já foi provado, através de escala de serviço, que o meu filho, nesse dia, não estava de serviço, tendo o mesmo trabalhado na noite do dia 04 de 03 de 2022, conforme documento que comprova, saído do próprio Conjunto Penal de Juazeiro”, contou Adalmira Andrade, mãe do agente.

Ainda de acordo com ela, a justiça negou o pedido de relaxamento de prisão de Adão Henrique e aplicou a pena de prisão preventiva em todos os envolvidos no processo.

“Meu filho está preso por conta do nome, sendo que ele nunca foi conhecido por Henrique, e sim como Adão. Até o momento, não tem uma vírgula sequer que desabone a conduta do meu filho como funcionário. O mesmo sempre foi um funcionário de ética, respeito, confiança, considerado por todos os amigos de trabalho como um excelente profissional. A prisão dele está causando uma tristeza geral naquele ambiente de trabalho. Meu filho tem um filhinho de 5 anos, autista, não verbal, que nunca ficou distante do pai, e toda essa situação está causando sofrimento para a criança, como também no meu filho, que chora dia e noite por estar distante do filho e pagando uma culpa sem dever. Ele está sofrendo simplesmente por ter em seu nome o complemento Henrique. Isso é um absurdo! Quantas pessoas têm esse nome? Como pode a justiça ser tão falha a esse ponto? Meu filho nasceu e se criou aqui em Juazeiro. Todos o conhecem e conhecem a mim também. Todos sabem como criei os meus filhos, sempre no caminho do bem. Meu filho é honesto, nunca teve passagem na polícia, tem endereço fixo, emprego e família. Espero que esse erro seja revisto e que o meu filho venha para casa cuidar dos filhos dele”, acrescenta Adalmira.

Ela conta ainda que, nesses três meses preso, o filho acabou desenvolvendo uma depressão e pede que a justiça revogue a prisão de Adão.

“Hoje, meu filho se encontra com problemas psicológicos, falando em tirar sua própria vida por não suportar mais aquela situação, sentindo-se humilhado, tendo que ser medicado diariamente para poder dormir. Eu, cada vez que chego lá para visitá-lo, saio com meu coração partido em ver ele naquela situação, preso injustamente, privado da presença do filho. Espero que o meu filho saia dali com os seus próprios pés e não carregado pelos outros. Pelo amor de Deus, estou há dias clamando por misericórdia e justiça. Atenção, autoridades competentes, Ministério Público, reveja essa injustiça, não deixe que um inocente venha tirar sua própria vida numa sala fria nesse conjunto penal onde o mesmo é funcionário e merece respeito como ser humano”, pede Adalmira.

Um dos colegas de trabalho de Adão também conversou com o PNB e falou sobre a comoção que a prisão do agente causou entre a categoria.

“O que está acontecendo é uma injustiça. Ele é uma pessoa que a gente conhece. Todos os componentes do sistema prisional, onde nós trabalhamos, não aceitamos a prisão dele. É desumano o que está acontecendo com ele. Adão nunca teve passagem pela polícia e agora está preso”, lamentou.

O PNB também conversou com o advogado de defesa Adão Henrique.

“Eu já entrei com dois Habeas Corpus e até agora o tribunal não soltou Adão. O fato é que, no dia 5 de março, ele sequer esteve trabalhando. Tenho a escala de serviço e lá consta que ele trabalhou dia 4 à noite e saiu dia 5 de manhã. No dia 6, ele entrou à noite e saiu dia 7. Além disso, os agentes que trabalham no Conjunto Penal à noite, não têm contato nenhum com o preso. Outro fato é que um dos presos que teve a conversa interceptada já declarou que não conhece o Adão Henrique. Ou seja, ele está pagando por um crime que não cometeu. Adão já está preso por engano há quase 5 meses, passando por essa situação difícil”, declarou.

O PNB está tentando contato com o MPBA e Tribunal de Justiça da Bahia, em busca de respostas.

Operação Premium Mandatum

A Polícia Civil da Bahia, em ação integrada com o Ministério Público da Bahia (MPBA), por meio do Grupo de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais do Norte (Gaeco Norte), deflagrou no dia 23 de maio, a Operação Premium Mandatum, em 15 cidades baianas, inclusive em unidades prisionais.
O Conjunto Penal de Juazeiro também foi alvo da operação, e segundo informações obtidas pelo PNB, nas primeiras horas do dia, dezenas de agentes da operação ocuparam a unidade prisional. Um agente penitenciário foi preso.

A ação contou com cinco promotores de Justiça e 27 agentes do Gaeco, entre servidores e militares, além de 200 policiais civis, e apoio da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), do Grupo de Especial de Execução Penal (Gaep) do MP e da Polícia Militar.

Segundo o MPBA, o objetivo da operação era ”cumprir dezenas de mandados de prisão e de busca e apreensão de integrantes de uma organização criminosa com atuação no interior da Bahia e Região Metropolitana de Salvador (RMS).”

As investigações tiveram início após a prisão de um suspeito, no ano de 2021, na cidade de Senhor do Bonfim. Apontado como uma das lideranças do tráfico de drogas na região Norte da Bahia, o homem ordenava crimes de dentro do presídio. As investigações identificaram o modus operandi da organização criminosa, os líderes do grupo na Bahia e como era desenvolvido o tráfico de entorpecentes dentro e fora dos presídios. Os alvos da operação são investigados pelos crimes de tráfico, associação para o tráfico, organização criminosa, homicídios e comércio ilegal de armas de fogo,” informou o MPBA.

Redação PNB 

1 COMENTÁRIO

  1. Parabéns portal preto no branco pelo apoio e a atenção sobre o caso Adão, onde o mais grave é vê a falta de respeito ao ser humano honesto e deixar-lo sofrer por algo que não fez esse tempo todo.

DEIXE UMA RESPOSTA

Comentar
Seu nome