“Fora de controle: Juazeiro no centro da política baiana”, por Sibelle Fonseca

0

Durante todo o ano de 2024 muitos acreditamos que o Governador Jerônimo Rodrigues e a direção estadual do PT, em algum momento, seria chamado para mediar o conflito que se estabeleceu entre os seus apoiadores em Juazeiro. A ideia sempre foi ter um único candidato para disputar as eleições contra a Prefeita Suzana Ramos e sua gestão pessimamente mal avaliada.

Os meses se passaram, as convenções se aproximaram e foram agendadas para o último dia permitido pela legislação. Enquanto todos acreditavam que o cenário tenderia a se afunilar e que algumas candidaturas da base seriam descartadas ou convertidas em apoios para outros candidatos, o tempo foi se encarregando de contar uma história diferente.

Dentre os três pré-candidatos declarados na Federação, apenas o deputado estadual Zó, antes mesmo da convenção, declarou que abandonaria a corrida para apoiar um candidato de fora, o medebista Andrei Gonçalves.

No fatídico dia, diante de milhares de pessoas, todos os pré-candidatos mantiveram as suas posições. Isaac (ainda inelegível) manteve o seu nome como única opção numa chapa que teria Gleidson Medrado (PSD) como Vice, Zó sugeriu uma coligação com o MDB, a quem caberia indicar o candidato a prefeito, enquanto Roberto Carlos se manteve pré-candidato.

Os dias se passaram e a informação que circulava dava conta que o diretório estadual da Federação Brasil da Esperança (PT-PCdoB-PV) tomaria uma decisão até o dia 15 de agosto, prazo final (será mesmo?) para o registro de candidaturas.

O dia 15 chegou e, pouco depois de o deputado Roberto Carlos informar que estava fora da disputa, a Federação divulgou que o candidato escolhido havia sido Andrei Gonçalves numa chapa composta pelo ex-vereador Tiano, indicado pelo PT.

Muitos se espantaram com a ausência de Isaac Carvalho e seus aliados na composição final… o que poucos sabiam era que este não seria o último capítulo da história.
Ainda nos momentos que antecederam a divulgação do escolhido pela Federação, o ex-prefeito Isaac Carvalho declarou que não acompanharia a decisão do diretório estadual, no que foi seguido por Gleidson Medrado, preterido na formação da chapa.

Durante o fim de semana que se seguiu à escolha da federação, Isaac usou suas redes sociais para divulgar que até a segunda-feira traria novidades para os seus eleitores e, ao final da manhã, mais um capítulo da história interminável foi escrita e ficamos sabendo que o PSD, capitaneado na Bahia pelo Senador Otto Alencar e que tem em seus quadros o também Senador Ângelo Coronel, com apoio do Presidente Nacional do partido, Gilberto Kassab, decidiu intervir no Diretório Municipal, anular a convenção realizada em 05 de agosto e indicar Celso Carvalho para formar uma chapa “puro-sangue” com o também pessedista Coronel Anselmo Bispo.

Para muitos a movimentação de Isaac Carvalho demonstrava um apego ao poder e a incapacidade de apoiar qualquer pessoa, mas ao que parece a tensão nos bastidores é muito maior do que aquela que transparece ao público.

A atuação dos Senadores Otto Alencar e Ângelo Coronel, para não dizer do PSD nacionalmente, demonstra que a base do governador Jerônimo não está sólida em Juazeiro e, ao que parece, as rachaduras atingiram o âmbito estadual. Por trás de tudo isso existe uma disputa velada de poder e, quem sabe, de composição da chapa estadual para 2026.

Será que o PSD está temendo que o ex-ministro Gedel Vieira Lima, cacique estadual do MDB e padrinho de primeira hora de Andrei Gonçalves decida ocupar uma das vagas em disputa para o senado em 2026?

Nos bastidores sabe-se que o Senador Jaques Wagner será candidato à reeleição, algo que ele já até declarou para a imprensa. Sabe-se também que o ex-governador Ruy Costa almeja fazer parte da chapa e, caso isso aconteça, Ângelo Coronel seria preterido, da mesma forma que Lídice da Mata foi preterida na eleição de 2018, quando o próprio Coronel foi escolhido para disputar o cargo.

Então amigos, a disputa local terá certamente novos capítulos, enquanto este texto é escrito, a base do governador Jerônimo Rodrigues está rachada em Juazeiro e teremos dois candidatos num cenário nada favorável para a oposição local e muito interessante para a atual prefeita e candidata à reeleição.

Mas esta rachadura cresceu e atingiu o Estado. Agora o governador Jerônimo Rodrigues, enquanto tenta ganhar a eleição de Juazeiro, tem a missão de refazer a sua base de apoio, pois 2026 é logo ali e os gestos de Otto Alencar e Ângelo Coronel deram o recado: a base está rachada e será preciso decidir quem se mantém no grupo e marcha para enfrentar uma oposição estadual que vê com bons olhos a reeleição de Suzana Ramos.

Algo nos diz que esta história não acabou e que não acabará em 2024, pois a eleição de Juazeiro ganhou expressão estadual e pode antecipar a chapa que vai ser formada para disputar a eleição estadual de 2026.

Por Sibelle Fonseca

DEIXE UMA RESPOSTA

Comentar
Seu nome