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Esta incerteza aumentou em 2022, quando a doença se espalhou pelo mundo. Nos novos países, especialmente nos ocidentais, a mortalidade revelou-se muito baixa: cerca de 0,2%. As flutuações têm diversas explicações.
Em primeiro lugar, o contexto de saúde é diferente nos países africanos, onde a doença está presente há muito tempo, e nos países ocidentais, onde apareceu recentemente.
“O perigo para os seres humanos depende em grande parte (…) da qualidade dos cuidados (de saúde) na região onde vivem”, destaca o virologista Antoine Gessain, especialista na doença.
É mais provável que um paciente receba um tratamento imediato e apropriado na Europa ou nos Estados Unidos do que na maioria dos países africanos.
Portanto, é provável que a mortalidade de 3,6% atualmente registrada na RDC, epicentro da epidemia em curso, fosse muito menor se o vírus começasse a circular ativamente nos países ocidentais.
Crianças desnutridas
As mortes na epidemia de 2022-2023 – cerca de 200 em quase 100 mil casos – ocorreram entre adultos com sistema imunológico comprometido pelo HIV.
Estes diferentes perfis são explicados não só pela geografia, mas também pelos modos de transmissão, que variam de acordo com as epidemias.
A de 2022-2023 foi disseminada principalmente através de relações sexuais entre homens homossexuais ou bissexuais.
Outro fator acrescenta uma camada de complexidade: a mpox é causada por diferentes grupos do vírus, chamados clados, e é difícil determinar suas diferenças em termos de periculosidade e transmissão.
Comparações complicadas
Outra epidemia atinge a RDC, afetando principalmente adultos, e está relacionada a uma variante do clado 1 que apareceu recentemente, a 1b.
A situação contribuiu para uma confusão midiática, que descreveu a variante 1b como mais perigosa do que as pré-existentes.
“Lemos nos principais veículos coisas bastante categóricas sobre a gravidade ou periculosidade da nova subvariante 1b, sem muito o que as respalde”, lamenta a virologista holandesa Marion Koopmans ao site britânico Science Media Centre.
De fato, as epidemias do clado 1 estão historicamente associadas a uma mortalidade mais elevada do que as do clado 2.
Ainda assim, os especialistas pedem cautela antes de afirmarem que o clado 1 é mais perigoso. Até porque esta versão do vírus foi detectada pela primeira vez fora da África, na Suécia, em meados de julho.