Arquidiocese de Salvador avança no processo de canonização de madre baiana

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A arquidiocese de Salvador apresentou nesta quarta-feira (25), um pedido de canonização de uma madre baiana que viveu nos séculos XVII e XVIII: A Madre Vitória da Encarnação. A Sessão Solene ocorreu no Convento do Desterro, onde viveu e faleceu a religiosa.

Após concluída esta fase, o cardeal Dom Sergio da Rocha remeterá para o Dicastério da Causa dos Santos, na Santa Sé, no Vaticano, a documentação levantada a respeito da madre, bem como os testemunhos e relatos coletados e analisados pelo tribunal constituído justamente com essa finalidade.

Conforme relatos, Vitória da Encarnação tinha o dom de sonhar com as pessoas necessitadas e, em seguida, enviava ajuda para elas. A religiosa também era procurada quando as irmãs do convento que estavam enclausuradas pediam ajuda para encontrar objetos perdidos.

Estudiosos afirmam que a madre foi uma das inspirações para a vida religiosa de Santa Dulce dos Pobres, conhecida como Irmã Dulce, e a primeira santa brasileira, canonizada em 2019.

A vida de Madre Vitória da Encarnação 

Filha de Bartolomeu Nabo Correia e Luísa Bixarxe, a Serva de Deus nasceu em Salvador no dia 6 de março de 1661 e batizada no mesmo ano na antiga Sé da Bahia. A religiosa tinha um irmão e três irmãs.

Quando jovem, era avessa à religião, comportamento que preocupou os seus pais. Em 1675, quando tinha 14 anos, seu pai desejou enviá-la, junto a irmã mais velha, a um convento nos Açores, em Portugal, mas a menina se recusou, dizendo preferir que lhe cortassem a cabeça a ser enviada para um convento.

Anos depois, a futura madre começou a ter sonhos frequentes com a Mãe de Deus e seu Divino Filho. A Virgem apresentava a ela o menino e a chamava para a vida consagrada. Em outros sonhos, a religiosa via Jesus colher flores no caminho do convento e a chamando para lá.

Em 1686, aos 25 anos, teve um sonho assustador, em que se viu em porões sujos e cheios de iodo de uma embarcação em alto mar, enquanto na parte de cima do barco havia vários religiosos contentes. O Anjo da Guarda da menina teria lhe explicado que os navegantes da parte superior faziam a vontade de Deus, e que por isso seriam salvos, enquanto os que ficavam no porão, assim como ela, estavam fadados a perdição.

Após despertar, Vitória pensou em sua vida e tomou a decisão de consagrar-se a Deus e passar a sua vida fazendo a Sua vontade. Ainda naquele ano, foi acolhida ao noviciado das monjas clarissas do Convento do Desterro da Bahia.

A religiosa viveu dedicada aos pobres, doentes e desamparados que procuravam o mosteiro em busca de socorro. Após 29 anos de clausura e consagração de sua vida a Cristo, Vitória faleceu no dia 19 de julho de 1715.

Quando a notícia de sua morte de espalhou, uma multidão se aglomerou em frente ao convento, afirmando haver falecido a Santa da Bahia. Religiosos levavam lenços, medalhas, terços e outros objetos e pediam que as religiosas tocassem os no corpo da santa.

Milagres 

Diversos milagres foram narrados por devotos logo após a morte de Madre Vitória. O então arcebispo da Bahia interrogou as religiosas do Desterro sobre a vida que a religiosa teve. Em 1720, cinco anos após o falecimento da madre, Dom Sebastião Monteiro da Vide publicou em Roma a biografia da chamada Santa da Bahia. O arcebispo pretendia solicitar a abertura de sua causa de beatificação, mas faleceu em 1722.

Anos mais tarde, devido à perseguição do Marquês de Pombal aos jesuítas e a proibição de muitos de seus escritos no Brasil, diversos livros se perderam. Ainda assim, a tradição oral possibilitou a difusão da história da madre.

Os restos mortais da Madre Vitória da Encaração se encontram no Convento de Santa Clara do Desterro, no bairro de Nazaré, em Salvador, estando depositados sobre uma das portas de entrada para a instituição.

Bahia Notícias

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