“Kits de Robótica estão armazenados sem uso nas escolas municipais”, denuncia professora de Juazeiro; material foi adquirido pela Seduc por 14 milhões de reais em 2022

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Uma professora da rede municipal de ensino de Juazeiro, na região Norte da Bahia, entrou em contato com o Portal Preto no Branco para reclamar que até o momento as Escolas Municipais de Juazeiro, na região Norte da Bahia, não estão utilizando os guias práticos de robótica, adquiridos em 2022, pela Secretaria de Educação e Juventude. O valor total pago pelos kits foi de mais de 14 milhões de reais.

“Suzana e sua equipe da Secretaria de Educação fizeram um projeto milionário de robótica, com material de excelência e de qualidade que hoje está armazenado nas estantes e depósitos de todas as escolas da rede municipal, sem uso qualquer. Existem recomendações de que não podemos nem tocar nesse material, que foi caríssimo. Um projeto que foi apresentado e que nunca teve êxito, pois não houve formação suficiente e a resposta foi que era pra ninguém mexer, até segunda ordem. Essa ordem nunca chegou e até hoje isso só serve de “trambolho” para todas as escolas municipais que não sabem aonde armazenar, pois não têm espaços para isso e os alunos nunca sequer tiveram contato com esse material. Eles até enviaram livretos explicativos, mas ficou ali mesmo, sem ninguém poder mexer nisso. E o dinheiro desse material, vão fazer o quê? Na rede atual só existem dois (02) professores efetivos para Robótica. Isso configura má administração pública”, criticou a profissional de educação.

A professora relembra ainda que a gestão município de Juazeiro não repassou a verba do Auxílio Tecnológico aos trabalhadores da educação.

“Na época da pandemia, eu e meus colegas tivemos que nos atualizar, buscar novos aparelhos tecnológicos e também a orientação de profissionais dessa área, obrigatoriamente, para enfrentar esse tempo de ensino remoto, já que estávamos vivendo um momento de total reclusão em nossas casas. Muitos municípios receberam verba de Auxílio Tecnológico e repassaram aos seus professores e profissionais públicos que necessitavam de equipamentos novos para trabalhar. A cidade vizinha de Petrolina pagou o valor de 5mil reais para seus colaboradores da educação. Juazeiro-BA não pagou um só real. Enquanto isso, nós professores, mais ou vez, mostramos que somos capazes, atravessamos a pandemia sem nenhum apoio financeiro dessa atual gestão e fomos obrigadas a conseguir celular novos que comportassem a plataforma tecnológica de trabalho, caso quiséssemos dar aula. Mas pode ter certeza que não foi com apoio da atual gestão. E minha pergunta é pra Suzana e seus apoiadores: cadê nosso dinheiro de repasse do Fundeb e do Auxílio Tecnológico?”, questionou.

Encaminhamos as reclamações para a Secretaria de Educação e Juventude de Juazeiro. Em resposta, SEDUC informou que “o material citado faz parte da Política Municipal de Robótica e vem sendo incorporado gradativamente nas escolas da rede municipal, assim como a disciplina de Robótica. Ao longo deste ano, foram realizadas diversas formações em robótica, tanto na sede quanto no interior do município, atingindo o marco de 69 escolas com formações ativas. Várias escolas já estão em fase de finalização dos projetos de montagem robótica para o ano corrente, resultado de um trabalho contínuo que teve início em 2022. Esse processo é guiado pelo Documento Curricular Parte Diversificada do município, que inclui um marco orientador para as escolas, assegurando que a robótica seja trabalhada de maneira interdisciplinar e alinhada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A formação aborda tanto os aspectos teóricos quanto práticos da robótica, integrando temas transversais como meio ambiente, sustentabilidade, educação no trânsito e a autonomia do estudante. Com mais de 400 professores já capacitados, o município de Juazeiro se destaca no ensino de robótica no Nordeste, fortalecendo a educação tecnológica nas escolas da rede municipal”.

Investimento sem licitação

Em julho de 2022, uma professora concursada do município de Juazeiro, questionou o alto investimento feito pela Seduc na aquisição dos kits de robótica. O material foi alvo de questionamentos em relação ao valor pago à empresa Arte Internacional Negócios e Serviços, realizado com dispensa de processo licitatório sob alegação de inexigibilidade, ou seja, quando o produto ou serviço é de exclusividade de uma única empresa.

“Sem licitação, a Prefeitura de Juazeiro gastou o valor de R$ 14.384.743,10 em um guia prático de robótica para as escolas. Para se ter uma ideia, este valor é maior do que o investimento em transporte escolar, merenda escolar e outras despesas. Um absurdo! Um escândalo essa compra”, criticou na época.

Redação PNB 

1 COMENTÁRIO

  1. O projeto de robótica coordenado por Reginaldo Medrado e sua equipe tem sido atendido com problemas desde o início. Recentemente, participamos de uma formação onde, além de questionarmos a demora para que as escolas pudessem utilizar os kits, levantamos a questão da inadequação das peças — muito pequenas para as crianças. No entanto, ao invés de uma resposta respeitosa e construtiva, Reginaldo reagiu de forma agressiva, ignorando preocupações nossas e tratando nossos questionamentos como inconvenientes, o que apenas agravou a sensação de desorganização do projeto.
    Além disso, a situação no NTM (Núcleo de Tecnologia Municipal) é outra grande frustração. Apesar de haver vários funcionários lotados, é praticamente impossível conseguir atendimento. As professoras que, como nós, trabalham 40 horas semanais, têm um tempo extremamente limitado para resolver essas questões, e mesmo quando fazem o esforço de buscar atendimento, simplesmente não somos atendidos, pois os responsáveis ​​nunca estão disponíveis.
    Como educadoras, já enfrentamos enormes desafios e falta de recursos no dia a dia, e o mínimo que esperamos de um projeto como esse é organização, respeito e suporte técnico adequado. No entanto, o que recebemos é desatenção e respostas agressivas, o que é apenas desanima e reforça a percepção de que o projeto está sendo mal gerido. E com esse tipo de tratamento, sinceramente, não nos interessa mais participar.

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