Agricultores Familiares de Serra Branca debatem Segurança Alimentar com apoio da Central da Caatinga

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A segurança alimentar, conforme definida pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), refere-se ao acesso regular a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente para uma vida ativa e saudável. Esse conceito vai além de garantir a alimentação básica, envolvendo também a sustentabilidade da produção, o respeito ao meio ambiente e a dignidade humana. No Brasil, o desafio se agravou nos últimos anos, com o país retornando ao mapa da fome em 2021. No entanto, em 2023, a FAO registrou uma queda de 85% na insegurança alimentar severa, resultado de políticas públicas que beneficiaram 24 milhões de brasileiros, tirando-os da condição de fome.

Foi nesse contexto que, no último sábado (19), a comunidade de Serra Branca, em Casa Nova, sediou uma atividade sobre segurança alimentar, realizada como parte do projeto Agenda 2030. O projeto faz parte de uma iniciativa mais ampla para implementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU em territórios rurais, buscando fortalecer práticas sustentáveis nas comunidades, especialmente no Semiárido, com foco em áreas como segurança alimentar e nutricional, educação contextualizada para a Convivência com o Semiárido, sustentabilidade ambiental, , fortalecimento e ocupação de espaços de poder por mulheres e jovens, segurança hídrica, implementação de sistemas de saneamento rural e Recaatingamento.

No Território Sertão São Francisco, a Central da Caatinga é a entidade que executa ações de formação, e atua em espaços de promoção e controle social de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional e erradicação da fome no âmbito do projeto Agenda 2030. Aline Nunes, colaboradora da Central da Caatinga, explica que o objetivo da Central é fortalecer a produção agroecológica para o acesso à alimentação das comunidades e também pensar no processo de comercialização. “Estamos trabalhando com 12 comunidades em cinco municípios — Curaçá, Casa Nova, Campo Formoso, Juazeiro e Sobradinho. Aqui, em Serra Branca, realizamos a metodologia participativa com a comunidade, mapeando o presente, o passado e o futuro da segurança alimentar, buscando identificar desafios e oportunidades para fortalecer esse sistema”, destacou Aline.

No Brasil, especialmente nas áreas rurais, a segurança alimentar é muitas vezes apoiada por programas sociais, como o Bolsa Família e a aposentadoria, que contribuem com renda fixa para as famílias mais vulneráveis. Na comunidade de Serra Branca, essa realidade foi apontada pelos agricultores e agricultoras. Maria Eduarda Silva, jovem moradora da comunidade, relatou a importância de iniciativas como a horta comunitária, desenvolvida com o objetivo de oferecer uma fonte de renda para a juventude e combater o êxodo rural. “Nossa horta surgiu após uma visita ao Irpaa, onde vimos exemplos de sucesso em agricultura orgânica”, contou ela.

A horta, idealizada por um grupo de jovens, tem como um dos objetivos manter a juventude no território, fortalecendo tanto a economia local quanto a segurança alimentar. Embora atualmente desativada, um dos principais encaminhamentos da atividade foi a reativação da horta, que contará com a assessoria técnica do projeto para contribuir com sua sustentabilidade.

Itamar Ferreira, técnico agropecuário e também morador da comunidade, acrescenta que a produção local, embora diversificada com caprinos, ovinos, feijão, milho e mandioca, ainda é dependente do período chuvoso. Ele vê no projeto Agenda 2030 uma oportunidade para melhorar a gestão dos bens naturais e ampliar a capacidade produtiva da comunidade. “A segurança alimentar é uma preocupação constante… Esse projeto vem a contribuir de forma satisfatória. Principalmente no que diz respeito às orientações, às tomadas de decisões, à questão dos recursos hídricos, que é fundamental”, explicou Itamar.

O projeto “Agenda 2030 no Semiárido baiano” é realizado pelo Irpaa e MOC, com apoio da Horizont3000-organização não-governamental austríaca de cooperação para o desenvolvimento- com fundos procedentes da Comissão europeia, Sei So Frei Graz, DKA, Cooperação Austriaca/ Austrian Development Agency (ADA).

Ascom/Agência Chocalho

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