Após eleições municipais 2024 que confirmaram o desgaste da atual gestão, promotora do histórico caos administrativo da política em Juazeiro, a sensação é de que os serviços essenciais pararam de vez. Não que tenham funcionado durante estes quase quatro anos. Mas agora a cidade vive um cenário de “Terra Arrasada”.
Será preciso uma intervenção?
Enquanto o prefeito eleito Andrei Gonçalves já se reúne com instituições diversas, secretárias e secretários de Estado, construindo parcerias, concedendo entrevistas a diversos meios de comunicação, ativo nas redes sociais, a prefeita mantém o silêncio(embora até tenha aparecido durante as eleições).
A postura de Andrei tem sido elogiada, quiçá louvada pela população. Particularmente, atribuo a uma falta da instituição “prefeito/prefeita” na rotina da cidade. Não se via quem estava no cargo, nem mesmo no local de trabalho, o Paço Municipal. Foi, e tem sido, como se não tivesse existido, como a viuvez da Viúva Porcina. E a cidade onde o Rio São Francisco é mais bonito viveu um hiato de gestão pública responsável, transparente, com pessoas inaptas para exercer cargos que exigiam conhecimento e técnica, sendo administrada por políticos de Casa Nova, pela família da prefeita e poucos amigos próximos.
Como dizem por aí, a conta chegou..
E parece que vem alta.
Mas o que chamou a atenção foi o pós-derrota.
Natural de fim de gestão, demissões/exonerações começaram aos montes para “fechar o caixa”. Contudo, esta ação da prefeita comprometeu os serviços essenciais como coleta de lixo, varrição, atendimento nos postos de saúde, iluminação. O SAAE praticamente não funciona. Parece que temos a “Revolta dos esgotos” em toda Juazeiro. Há mais de uma semana um buraco se abriu na Flaviano Guimarães, em frente a Estação de Tratamento de Esgoto e não tem previsão de solução do problema, prejudicando o trânsito, moradores, comerciantes e a mobilidade urbana. Na rua Tamarineiro, ao lado do Campo do Adelhão, tem um lixão se formando há uns 15 dias.
Na educação, o coitado do prédio do Colégio Paulo VI, que é anunciado como Escola de Tempo Integral, está sendo transformado numa espécie de arquitetura de presídio, que nem Foucalt imaginaria tamanha estupidez. Enquanto o governo do Estado faz escolas com grades, arejadas, mostrando o que tem dentro da escola, com equipamentos de diversas temáticas, que vão de teatro a laboratórios, o apagar das luzes da atual gestão vai por outro caminho. Enquanto isso, adolescentes e professores estão sem sem poder ir às unidades escolares por falta de transporte escolar. Professores contratados demitidos. Isso tudo em fim de ano escolar.
Mesmo não tendo tanta memória do período, muito já se fala que lembra o fim do mandato do seu aliado, também derrotado nas últimas eleições, Joseph Bandeira, onde o lixo se espalhou, comércio não vendia para servidores, prestadores de serviços sem receber. Desta época, só lembro que os meus irmãos pegaram um carrinho-de-mão para coletar lixo da vizinha, jogar no Morrão (onde hoje é Dom Toma/Monte Castelo), e ganhar um trocado.
A transição de governo já começou nos bastidores. Apenas um encontro entre Andrei e a atual prefeita. Mas nada de decreto oficial. Entretanto, é sabido que já tem pessoas competentes buscando as informações possíveis e disponíveis para ir traçando uma política de governo.
Diante de um caos administrativo oficial, não seria melhor antecipar a diplomação e posse do prefeito eleito? Ou será necessário uma intervenção judicial, pelo bem da cidade?
Provoco este debate como um cidadão juazeirense, inquieto para ver esta cidade se desenvolver, com mais igualdade e justiça social, e se livrar deste ambiente de sujeira que vive Juazeiro. Alguns que passaram conseguiram dar início a este processo, que poderia ter sido muito melhor. Mas aí é uma outra história.
O que espero é viver numa cidade limpa, sem muriçoca, com os riachos revitalizados, com mobilidade urbana, com iluminação, com segurança e com todas as características que a boa gestão pública e boa política podem produzir, e irei contribuir para isto no que for possível.
Raphael Leal é jornalista