Capacitismo: Motorista da Uber, em Juazeiro, se nega a transportar cadeirante e ainda afronta estudante: “Tenha coragem de informar que você tá com uma cadeira”  

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O estudante universitário, João Pedro Carvalho, morador do bairro Tancredo Neves, em Juazeiro, Norte da Bahia, passou uma situação constrangedora na última segunda-feira (28), ao chamar um Uber para ir até o centro da cidade.

Segundo contou o estudante ao Portal Preto No Branco, o motorista atendeu ao chamado e chegou até sua residência. No entanto, ao perceber que havia uma cadeira de rodas para transportar, se negou a fazer a corrida.

“Assim que ele chegou e viu que sou cadeirante, perguntou se a cadeira de rodas também ia. Falei que sim e ele já foi dizendo que não iria me levar. Eu, simplesmente, disse ‘beleza’ e não quis discutir. Chamei outro motorista. Minha avó estava comigo e presenciou tudo”, relatou João Pedro.

João Pedro ressalta que sua cadeira de rodas é dobrável e se encaixa em qualquer veículo, o que tornava a recusa ainda mais injustificável.

Porém, ainda não satisfeito com sua atitude discriminatória, notadamente capacitista, ao sair do local, o motorista passou uma mensagem para o estudante em que dizia: “Tenha  coragem de pelo menos informar que você tá com uma cadeira”.

“Logo após sair da porta da minha casa, irritado porque deu a viagem perdida ele me mandou uma mensagem dizendo que eu tivesse coragem de avisar que sou cadeirante, antes de chamar um Uber. Me senti muito humilhado, como se o motorista tivesse me fazendo um favor, sendo que é uma prestação de serviço e caro. Toda vez que peço um Uber fico nervoso, temendo me deparar com situações como esta. Chego, muitas vezes, a evitar sair de casa para não ficar exposto a este desconforto. Desde este dia, fiquei ainda mais receoso para chamar um motorista por aplicativo. Essa situação me deixou abalado. A verdade é que estou pagando para ser humilhado”, desabafou João Pedro.

O estudante entrou em contato com a empresa Uber, mas a resposta não lhe satisfez: “Fiz a denúncia no Uber e eles me ligaram. O representante disse que tiraria o motorista do meu radar. Eu argumentei que seria uma medida pouco punitiva devido o ocorrido, mas ele insistiu nisso. Ressaltou que se eu acionasse as autoridades a Uber colaboraria”, relatou o estudante que vai levar o caso à Justiça.

Capacitismo

O cancelamento da corrida por motoristas de aplicativos, em razão da condição física do passageiro, configura ato discriminatório, atentatório à dignidade humana. As empresas de transporte por aplicativo como Uber, 99, entre outras, podem ser responsabilizadas judicialmente por esse tipo de conduta de seus motoristas.

Orientações

Diante do desrespeito ao acessar os serviços de transporte por aplicativo, é importante que a pessoa com deficiência registre o ocorrido de todas maneiras possíveis: “print” da tela com os dados da viagem, do motorista e dos respectivos cancelamentos, recibo se houver, anotar a placa do carro, pegar o contato de testemunhas no local, registrar boletim de ocorrência junto autoridade policial, fotos ou vídeo da situação, se possível. Com as provas do ocorrido, será possível tomar as providências em face da empresa responsável. O serviço de transporte por aplicativo, nada mais é do que uma relação de consumo, de modo que, além da legislação de defesa dos direitos das pessoas com deficiência, o usuário do serviço está amparado pelo Código de Defesa do Consumidor.
Esse tipo de situação constrangedora caracteriza ofensa à dignidade humana do consumidor com deficiência e pode repercutir na esfera civil gerando danos morais, sem prejuízo de eventuais repercussões na esfera penal por crime de discriminação contra a pessoa com deficiência, dependendo do caso (Escritório Helton & Deus Advogados).
 
Redação PNB

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