Mulher é levada à delegacia após cometer racismo religioso em hotel

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Uma mulher foi levada para a 16ª DP, na Barra da Tijuca, na Zona oeste do Rio de Janeiro, depois de ser acusada de racismo religioso em um hotel na região. Ela mora em São Paulo, e está hospedada no hotel que neste fim de semana está recebendo o seminário do Observatório Mãe Beata de Iemanjá, que discute a criação de políticas públicas para o combate à intolerância religiosa.

Conforme as organizadoras do evento, a mulher foi até o hall do hotel para fazer xingamentos em relação às vestimentas dos praticantes de religiões de matriz africana que participam do evento. A moça teria gritado que o ambiente estava ”cheio de gente horrorosa com essas roupas, gordas feias”.

A Iyá Glauciele T’Osun Glauciele Maria de Souza, uma das organizadoras do evento, foi à delegacia para registrar o ocorrido. Ela disse que outras pessoas hospedadas para o seminário contaram que, na sexta-feira (6), já tiveram vítimas de xingamentos pelas roupas que usavam.

“Ela disse que o hotel estava horrível por causa da gente. Fico triste pelo que aconteceu, a gente ainda precisa lutar pelos nossos direitos. Não podemos cruzar os braços e deixar passar. Não é se aproveitar, mas é fazer com que as pessoas entendam que conhecemos nossos direitos”, disse.

Os xingamentos teriam sido proferidos por volta das 12h, mesmo momento em que no auditório do hotel acontecia o debate de como as instituições da Justiça podem ajudar no combate ao racismo religioso. Em uma das palestras a convidada era a defensora pública da União Natália von Rondow, que acionou a Polícia Militar ao ser chamada pela organização do evento para prestar auxílio.

“Justamente em um dos dias do lançamento do Observatório que é para combater o racismo religioso, acontece isso. Foi algo bem simbólico. Acho que retrata bem o que é o racismo religioso mesmo no país: é uma violência constante e não há um minuto de paz”, contou a advogada.

A deputada estadual Renata Souza (PSOL), autora da lei que criou o Observatório Mãe Beata de Iemanjá, apoia a posição da defensora de que a situação reflete o que os religiosos de matriz africana sofrem diariamente.

“Esse episódio de racismo religioso justamente durante um evento sobre o problema parece inusitado, mas infelizmente reflete com fidelidade a dimensão do problema. Precisamos tirar o papel do Observatório Mãe Beata de Iemanjá, um mecanismo que vai acumular, sistematizar e produzir conhecimento sobre o racismo religioso, e assim vai permitir a formulação de políticas públicas eficazes de combate a essa discriminação que fere frontalmente a liberdade religiosa e a própria identidade brasileira em suas matrizes africanas”, afirmou.

BNews

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