A Polícia Federal (PF) aponta indícios de que um empresário pode ter pedido ajuda ao ex-prefeito de Salvador ACM Neto para destravar negócios de um grupo empresarial suspeito de fazer parte de um esquema de desvio de recursos públicos. Segundo investigadores, há diálogos entre os alvos da operação que sugerem uma referência ao dirigente do partido União Brasil.
ACM Neto não é investigado formalmente no inquérito. Procurado, ele afirmou, por meio de nota, que as investigações não encontraram “qualquer diálogo” seu nem mesmo “citação direta” ao seu nome. “Existem apenas inferências, que, ainda assim, não estão relacionadas a qualquer ato ilícito”, disse o ex-prefeito.
A PF afirma que ACM Neto foi citado pelos suspeitos como o “amigo” que seria capaz de resolver um impasse sobre um pagamento para o grupo suspeito. Der acordo com o inquérito, o empresário José Marcos de Moura, membro da executiva do União Brasil e conhecido como “Rei do Lixo” por ter vários contratos públicos na área de limpeza urbana, mencionou o nome do ex-prefeito de Salvador durante as investigações
No diálogo, Moura diz a um interlocutor que se não ele conseguir “solucionar” a situação de um pagamento com um secretário municipal de Salvador, promete acionar o “amigo”. O Rei do Lixo é amigo de ACM Neto e, segundo as investigações, utilizava a aproximação com políticos para resolver pendências em contratos públicos.
“Sugere-se, mais uma vez, que o ‘amigo’ citado por MARCOS MOURA, o qual seria capaz de resolver a situação do pagamento para a (empresa) Larcelan, no caso do insucesso, seja Antonio Carlos Magalhães Neto”, diz a representação da PF. Procurado, a defesa de Moura não respondeu aos contatos da reportagem.
Na mensagem, Parente fala sobre a aproximação de Moura com o “zero um antigo”. “Foi o Marco que resolveu, entendeu? Falou com o zero um antigo. O zero um antigo falou e resolveu”, diz ele na mensagem interceptada. Segundo a PF, “supõe-se que o ‘zero um antigo’ e o ‘amigo’ de Marcos Moura sejam a mesma pessoa, isso é, Antonio Carlos Magalhães Neto”, que nega qualquer irregularidade.
A amizade entre Moura e ACM Neto é reconhecida pelo ex-prefeito, que admitiu em entrevista a relação. A irmã do ex-prefeito de Salvador é sócia do empresário na propriedade de uma aeronave.
Segundo a colunista Malu Gaspar, Moura é dono de uma empresa que faz parte de um consórcio responsável pelo serviço de coleta de lixo da Limpurb em 2018 durante a gestão do então prefeito e mantém o contrato até os dias de hoje, já sob o comando de Bruno Reis (União Brasil). Desde então, segundo integrantes do partido, Moura ascendeu dentro do círculo íntimo de ACM Neto e passou a ser visto como homem de confiança do líder do carlismo na Bahia.
O Globo