Existem limites que nós todos sabemos os quais não devemos ultrapassar. Talvez aqui, no Brasil, Daniel passasse impune ou despercebido, como passou aquele assassino jogador do Flamengo. Daniel foi preso e condenado num país que respeita e é célere no que diz respeito aos direitos das mulheres e de seus bens invioláveis, que são, sobretudo, seus corpos e decisões.
Se fosse no Brasil passaria despercebido, como passam tantos. Daniel é craque, pode ser um gênio do futebol, benfeitor e as outras coisas todas mais que vocês quiserem enfeitar…!
Ele está sendo “liberado”, “inocentado”, até porque ele mesmo assumiu que o ato sexual realmente aconteceu. Consensual ou não, ele se atrapalhou em depoimento ao dizer…
Então não foi nenhum faz de conta da cabeça dela. Daniel está sendo liberado, por uma corte, como muitas outras ao redor do mundo, composta por maioria de homens. Que jugaram insuficientes os relatos da vítima e, mais uma vez, como já vimos muito em nossa história, não credibilazaram, não deram importância. A voz feminina é descreditada desde a idade das trevas.
Que força a voz dessa jovem tem em comparação a projeção internacional do grande jogador Daniel Alves? Lembro-lhes, que ela, ao acusá-lo não pediu um centavo de real, euro ou dólar. Não permitiu nem a divulgação de sua imagem.
Que prejuízo ela queria dar a carreira de um quase aposentado jogador da seleção brasileira?
O mundo silencia a voz das mulheres, não é de agora, é desde o início dos tempos. ACREDITEM NO QUE DIZEM AS MULHERES! Acreditem!
Não passo pano! Mesmo sendo conterrâneo, atleta de sucesso de projeção internacional! Não passemos pano! Não podemos fazer de conta que esses “meninos” do Brasil estão por aí e podem fazer o que querem.
Nenhum título, nenhuma honraria, fortuna ou privilégios estão acima da condição de ser humano e ter/viver com dignidade.
Um corpo ou uma corpa, homem ou mulher, invadido(a) ou violado(a), menosprezado por qualquer outro ser humano, bicho da mesma espécie, tem que se revoltar mesmo diante uma situação dessas!
Me calo na defesa de Daniel, um homem hétero, rico e com um resto de prestígio na ala mais conservadora e banal da nossa sociedade. Proclamo o meu grito, mesmo que solitário, de apoio e de fazer/chegar junto à todas as mulheres que são estupradas, violentadas e mortas todos os dias no nosso País, por Danieis, Brunos, Guilhermes e tais e tais…
É isso! Há muito o que aprender com os nossos ”heróis”! Tem muito herói que tem que entender e respeitar como a vida acontece, aqui, ali, do outro lado do mundo, em qualquer lugar!
Vivemos e o quanto pudermos, conservemos a memória! Infeliz e desgraçado, um coração sem memórias!
Por Zuza, professor, cantor, produtor cultural, ativista cultural
Belíssimo texto, não estou aqui pra defender A ou B, mas a corte que jugou Daniel é formada pra maioria de Juízas, então nesse ponto o autor se equivoca.
Mas mesmo assim não podemos descredibilizar o depoimento da vítima seja ela de qualquer orientação sexual.