“Da nossa deseducação ambiental”, por Suely Almeida

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Parece que o brasileiro aprendeu a manter a limpeza da porta de sua casa para dentro. Porque da porta para fora ele acredita que não tem obrigação, não lhe pertence. Da limpeza e manutenção das vias públicas cabe somente a prefeitura municipal através de seus trabalhadores, que com zelo e diligência se esforçam para manter a cidade limpa.

O meio ambiente é fundamental para a sobrevivência de todos os seres vivos. Daí a importância de sua preservação.

Esta semana, caminhando pela via de pedestres localizado na parte inferior da Orla 1 de Juazeiro/BA, me deparei com trabalhadores da limpeza pública dando um trato profundo na lixaria e matos que estavam bastantes crescidos, apresentando dessa forma, uma outra visão para quem chegasse naquele espaço que também é de lazer e esporte.

Acontece que no dia posterior, a paisagem já estava modificada. A quantidade de garrafas pet, embalagens de isopor, copos e sacos plásticos espalhado por todos os lados e muitos deles dentro do Rio São Francisco, enfeiavam o principal cartão postal da cidade.

Esses materiais plásticos levam de 200 a 400 anos para se decompor na natureza e tem apenas segundos de utilidade. A situação é tão grave que, de acordo com a ONU, 80% de todos o lixo marinho é composto por plástico e a estimativa é que em 2050, a quantidade de plásticos na água supere a de peixes.

Quando se faz o descarte irregular de lixo nas vias públicas, há consequências desastrosas como:  diminuição da qualidade de vida, proliferação de animais peçonhentos, entupimento de bueiros, poluição dos rios, córregos e lagos, favorecendo o aparecimento de doenças que pode até levar à morte de pessoas e animais.

Esse é um costume de longa duração que necessita de tempo e de um trabalho intensivo de parceria da gestão municipal com a população juazeirense.

Pela prefeitura municipal se faz necessário à distribuição de coletores de lixo por toda a área que fica à beira do São Francisco, bem como nas ruas da cidade.  Há necessidade de realizar ações de limpeza e fiscalização, rotineiramente, como: varrer as ruas, recolher o lixo, capinar, podar as árvores e, sobretudo, notificar e multar os infratores. É imperativo que se informe a população sobre o cronograma de coleta de lixo, orientando como descartar o lixo de forma adequada e ainda promover campanhas de educação ambiental.  É primordial que o município envolva os comerciantes na manutenção da limpeza. São eles que distribuem esses materiais que posteriormente serão descartados de forma irregular, inclusive o município possui ferramentas para, inicialmente, fazer campanhas de educação e depois, se utilizando dos instrumentos necessários, advertir, suspender e/ou cassar alvarás. Dado o fato que muitos desses comerciantes possui apenas autorização e/ou permissão, que são atos administrativos que podem ser utilizados no âmbito do uso de bens públicos.

Certa vez Cazuza indagou em uma das suas canções: Por que a gente é assim?” Resposta difícil! Será que fomos educados só da porta para dentro? Ou esquecemos o fato de que consumimos as riquezas da terra, praticamente, no primeiro semestre do ano. Ele mesmo responde: Canibais de nós mesmos antes que a terra nos coma. Cem gramas, sem dramas. Por que que a gente é assim?

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Por Suely Almeida, Servidora Pública do TJPE e Ma. em Tecnologia Ambiental

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