Ela, são muitas em uma só: As múltiplas faces de Sibelle Fonseca, Por Juliano Carmo

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Chego às 18h em sua residência, onde também fica seu escritório de trabalho. Sou recebido por 2 cães, um abraço e uma garrafa de café. Olho a bancada de mármore vazia, os livros empilhados na estante. Seus prêmios jornalísticos. Estou diante da Âncora. – “Não se esqueça, ela é a âncora”, disse Semário Andrade, Diretor do Palavra de Mulher, junto com o Diretor de Imagem e Repórter Cinematográfico Ailton Nery, em 2017, quando às 9h entrávamos no ar até as 10h30 no Palavra de Mulher na Web. Começa o BATV, uma ligação, uma captura de um bastidor, uma autoridade na linha. Pausa na conversa.

Ela corre para o banheiro, pede licença, é o momento de Pingo tomar banho, seu filho, que balança a cabeça, positivamente ao ouvir minha voz e ser questionado se lembra de mim. Ananda chega, vem da sua residência na área de saúde mental, carrega consigo, debaixo do braço, um livro intitulado – Desinstitucionalização. A psicóloga Ananda Fonseca. Antes que o BATV acabe, penso na TV Norte. Penso no Portal Preto no Branco com a Jornalista Yonara Sansyl (Santos e Silva, Sansyl dos tempos de Teatro no CCJG e na UNEB) e o quanto ela me ensinou sobre o jornalismo de cotidiano, o factual, a editoria de Polícia.

Vejo documentos na mesa, são dos profissionais que atendem Pingo em suas múltiplas demandas.

– Cuido dele pessoalmente, afirma, Sibelle, em mais uma resposta. Fruição e estética, brilho e encantamento diante da Âncora que um dia me arrebatou por dentro e hoje, continua arrebatando.

– Você foi, por três meses minha Escola de Pós-Graduação, foi rápido mas intenso, reafirmo, mais uma vez. Sempre fui engessado para títulos, disse. A criatividade da editora entra em cena: – Uma festa para os erês, como eles gostam. A burocratização do texto engessado cede lugar a crônica do – Sempre aos Domingos, mas hoje, neste domingo, Ela é a Agenda e a Pauta. Vencer o batalhão de fontes ininterruptas cujas mensagens não cessam de chegar em seu celular, é uma tarefa exaustiva.

Relembro mais uma pauta de repercussão em 2017. – O Nego D´Água não está mais na água e revela situação crítica no Vale do São Francisco. Me convida para ir a TransRio, estou de bermudas e chinelo, quando chegar minha calça e tênis, irei, respondo. É o rádio, como meio quente, como tambor tribal, como dissera Marshall McLuhan, e ela sabe extrair o melhor de nós, é a editora, a âncora, a mãe de Pingo, de Ananda, da Assessora do Sebrae, é a companheira. Apresento intimidade, abraço, beijo a mão. Conto minhas percepções daqueles raros e produtivos meses. Apresento meus tensionamentos e necessidades.

-Tudo é pauta, a pauta está em todo lugar, disse-me um dia em 2017. Guardei comigo, até hoje. Inquieto, precisava escrever, hoje, sobre Ela. Sobre suas múltiplas faces. As muitas Sibelles, para além da Âncora, a mulher feminista, que defende mulheres e é processada. Que não se rende, nem se entrega, que abraça, que lança o texto e segura a bancada e a entrevista e dá lições fortes e densas: – Você sequer olhou para o rosto do rapaz, disse-me sobre uma fonte entrevistada. Eu aprendi muitas lições, de ética, de jornalismo, de humanidade, de empatia e sororidade. Ricardo Kucinski cunhou um conceito: Grife do Jornalismo. Sibelle Fonseca é uma delas. Ela é uma Grife do Jornalismo.

Juliano Carmo, Jornalista em Multimeios

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