“Se minha irmã surtar, quem vai se responsabilizar?”, questiona familiar de paciente com esquizofrenia sobre a dificuldade de acesso a medicamentos no CAPS II, em Juazeiro

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O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) João Martins de Souza, no bairro Cajueiro, em Juazeiro, no Norte da Bahia, voltou a ser alvo de críticas por parte de usuários e familiares de pacientes em tratamento. O irmão de uma paciente diagnosticada com esquizofrenia entrou em contato com a redação do PNB para relatar dificuldades em conseguir a medicação de uso contínuo da irmã.

Ele contou que dirigiu-se até o CAPS para tentar uma ajuda da equipe, mas não conseguiu uma solução. O irmão da usuária foi encaminhado para a Unidade Básica de Saúde do seu bairro, para ainda marcar uma consulta, ficando a cargo da farmácia da rede pública o fornecimento dos medicamentos. Segundo ele, a quantidade entregue não atende à prescrição médica.

“O médico receita seis frascos para dois meses. Ela precisa tomar 20 gotas por dia, mas na farmácia eles fornecem apenas três frascos para esse mesmo período, o que não é suficiente. E não há outra forma de conseguir o remédio, pois ele não é vendido sem receita. Já não sei mais a quem recorrer. Ela não tomou a medicação ontem e vai ficar sem tomar hoje de novo? Pode ter uma crise a qualquer momento”, afirmou.

Para ele, o CAPS poderia ter se empenhado para ajuda-lo na demanda.

“Vim aqui para resolver, mas não resolveram. Sendo ela usuária do centro, o acolhimento deveria ser outro. Se minha irmã surtar, quem vai se responsabilizar? Eu só quero uma receita com um frasco, até que ela possa receber a receita contínua no posto de saúde. Disseram que deveríamos ir na UBS mas eu já fui, eles falaram que só marcam consulta na segunda-feira para só Deus sabe quando minha irmã receber a receita”, declarou.

Ele também apontou a dificuldade de comunicação com o serviço e a precariedade na estrutura do CAPS II.

“O pessoal está vindo aqui ao CAPS para marcar ou remarcar consultas, ou até mesmo para conseguir uma informação, porque, por incrível que pareça, não há um telefone ou qualquer canal de contato para atender os usuários de maneira simples e eficaz. Ou seja, a pessoa que mora nos distritos ou em um bairro distante precisa se deslocar até aqui para obter uma informação que poderia ser passada por telefone. Isso não existe. A pessoa vem de longe e, às vezes, nem consegue resolver o que precisa. A situação aqui está precária, não tem uma estrutura adequada, e a dificuldade das pessoas é grande. Este é um local que lida com pessoas com transtornos mentais”, relatou.

Encaminhamos a denúncia para a Secretaria de Saúde de Juazeiro. Em nota enviada à nossa redação, a Sesau informou que “conforme as orientações vigentes, no CAPS II a emissão de receitas médicas está vinculada à realização de consulta. Dessa forma, apenas o médico responsável pelo atendimento do usuário pode prescrever ou renovar a medicação. A renovação das receitas deve ser organizada pela Unidade Básica de Saúde (UBS), sendo essencial que a família do paciente solicite a nova prescrição com antecedência, a fim de evitar a interrupção do tratamento por falta de medicação.
A Sesau esclarece ainda que o CAPS II está sem linha telefônica desde um furto ocorrido no ano passado. A reativação do serviço já está em andamento, e a Secretaria lamenta os transtornos causados à população”.

Reclamações anteriores

Nas últimas semanas, o Portal Preto no Branco publicou diversas denúncias sobre a falta de limpeza, abandono e riscos de saúde pública na unidade.

“CAPS II de Juazeiro está em situação vexatória. Uma das questões existentes está na piscina da casa onde funciona o órgão, que por estar abandonada e sem tratamento, vem criando larvas do mosquito-da-dengue. Fica a interrogação da existência de uma piscina em órgão de tratamento de saúde mental. Não há refeitório para os pacientes e os mesmos passam pela recepção e pegam a refeição na porta da cozinha. Não tem mesmo pratos suficientes para servir o almoço, pois alguns ficam esperando que alguns terminem para que o pequeno número de pratos sejam lavados para que outros se alimentem. Os funcionários almoçam sempre primeiro que os usuários. Não há um bebedouro específico para os pacientes, que solicitam água aos funcionários e estes pegam num local onde os mesmos não têm acesso. Já comuniquei à Ouvidoria da Secretaria Municipal de Saúde do Município sobre a situação, mas até o momento nenhuma providência foi tomada”, declarou o usuário que ainda sugeriu: O CAPS está localizado no Bairro Cajueiro, próximo ao Abrigo São Vicente de Paula, e se estivesse em um ponto central da cidade facilitaria o acesso aos usuários que se deslocam de bairros diferentes para ter acesso ao atendimento”, disse um usuário.

“Está abandonado. Precisamos que façam a limpeza, pessoal precisando de um local para descansar, não tem água para beber. Precisamos mudar de prédio”, disse outro usuário.

“Há meses a piscina do CAPS não tem manutenção, nenhuma limpeza. Está cheia de larvas, porque foi interditada e os agentes de endemias não têm vindo até o prédio colocar o produto. O local pode estar sendo foco de dengue, inclusive. Na verdade, uma piscina no prédio do CAPS nem é adequado e chega a ser um risco para os usuários e mais uma preocupação para a equipe. A piscina não é utilizada e uma parte do setor externo do prédio foi restringida por conta dos pacientes ameaçarem pular”, denunciou uma acompanhante de um paciente.

 

Redação PNB

2 COMENTÁRIOS

  1. Como não ficar indignada com esses dois relatos? É de uma falta de humanidade sem precedentes…agora vem a secretaria com essa resposta! Eu no lugar deles me envergonhava. Gente, vejam o tamanho do problema…
    Meu amigo, você pergunta quem vai se responsabilizar caso aconteça alguma coisa com sua irmã? Espere resposta deles não, cada um só olha p seu próprio umbigo!
    O que acho engraçado é que têm tanta propaganda, conversa bonita, hein! Mas só conversa mesmo, né! A realidade é bem distante desse converser bonito.
    PROCUREM SE COLOCAR NO LUGAR DO OUTRO…

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