Quinze dias após a entrega do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua de Juazeiro (Centro POP), que desde o último dia 9 de abril, passou a funcionar na Rua Elizabete Safira, 172, no bairro Maria Gorete, moradores vizinhos ao equipamento apontaram transtornos causados pelos usuários do serviço. Eles rejeitam a presença do Centro Pop Dom José Rodrigues de Souza no local, alegando que passaram a conviver com problemas de segurança, sujeira e desordem pública.
Alguns pedem que a gestão municipal busque “um local adequado” para instalar o centro, comportamento que se repete todas as vezes que o serviço muda de endereço. Foi assim quando funcionou no bairro Country Clube e na Visconde do Rio Branco, centro da cidade.
No entanto, este não é um sentimento de todos os vizinhos. Alguns relatam que não veem problema e atribuem a rejeição a aporofobia, ou seja, a aversão, rejeição ou medo que se manifesta em relação a pessoas pobres”.
“Que triste acompanharmos mais um caso de aporofobia. Moro na Rua Elizabeth Safira, próximo ao Centro Pop, e manifesto-me completamente favorável ao serviço público de acolhimento, pois em nada atrapalha ou prejudica a rua. O que prejudica a rua, a cidade, o mundo, é a desumanidade, a banalidade da vida, a falta de caridade, o preconceito, a aporafobia. Quem rejeita o acolhimento aos mais necessitados devia repensar sua humanidade e suposto cristianismo”, comentou uma moradora.
“Moro na Elizabeth Safira e confesso que fiquei muito feliz em ver o Centro POP aqui na rua. Afinal, como fotógrafo, desenvolvo um projeto fotodocumental há mais de 2 anos com pessoas em situação de rua. Posso afirmar que em qualquer lugar que seja instalado haverá pessoas reclamando. Confesso que isso diz muito sobre quem reclama. Pessoas que se dizem de bem, que em datas marcadas pela caridade, como o Natal, postam nas redes sociais as “ajudas” dadas por eles. Mas que, no frigir dos ovos, sei que se pudessem invisibilizaria ainda mais as pessoas em situação de rua. Meus amigos da rua já afirmaram que o novo centro está oferecendo até almoço, coisa que não acontecia anteriormente, pois era servido só o café da manhã. O Centro POP tem que ficar porque é direito assegurado por lei federal”, declarou o fotógrafo Heitor Rodrigues.
Após a reação dos moradores, a Secretaria de Desenvolvimento Social, Diversidade, Igualdade Racial e Combate à Fome (SEDES) esclareceu que “o Centro Pop é um equipamento de assistência social voltado à garantia de direitos da população em situação de rua, prestando acolhimento diurno, apoio psicossocial e encaminhamentos para os serviços de saúde, habitação, cidadania e reinserção social” e garantiu que vai “adotar as medidas necessárias para minimizar os transtornos relatados”.
“Contudo, diante das queixas recebidas quanto ao impacto direto na rotina e na segurança da vizinhança, a Secretaria de Assistência Social irá realizar, nos próximos dias, uma visita técnica ao local para avaliar as condições de funcionamento do equipamento, identificar eventuais falhas operacionais e adotar as medidas necessárias para minimizar os transtornos relatados, especialmente quanto à limpeza urbana, descarte de resíduos e permanência de usuários nas calçadas. Quanto à insegurança no bairro, a Sedes esclarece que o Centro POP possui segurança local durante o dia e o apoio da Guarda Civil Municipal já foi solicitado para complementar a segurança da unidade durante a noite, trazendo mais proteção não só para o local, mas também aos moradores da comunidade. A Sedes reitera seu compromisso com a escuta ativa da população e informa que está aberta ao diálogo com representantes da comunidade local para, juntos, encontrarem soluções equilibradas que garantam tanto o atendimento digno à população vulnerável quanto a tranquilidade e o bem-estar dos moradores da região”.
Redação PNB