Apesar de ainda não estar disponível oficialmente nas farmácias brasileiras, o medicamento Mounjaro, indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, vem sendo comercializado de forma clandestina no município de Juazeiro, na região Norte da Bahia. Apelidado de “caneta emagrecedora”, o produto tem ganhado notoriedade nas redes sociais por seus supostos efeitos na perda de peso, mesmo sem autorização, acompanhamento médico ou respaldo legal.
Uma denúncia enviada ao Portal Preto no Branco revela que a substância está sendo vendida por um comerciante local, conhecido por atuar no ramo de iPhones. Segundo o relato, ele oferta as doses do medicamento em grupos de WhatsApp, sem receita médica, controle sanitário ou qualquer fiscalização.
“Esse vendedor atua como se tivesse um negócio formal, atendendo livremente, inclusive em um ponto localizado em Juazeiro. Ele atende como se fosse um comércio qualquer, o que é muito preocupante. É importante alertar que isso pode causar sérios danos à saúde de quem consome essas substâncias sem orientação médica. Não se sabe o que de fato está sendo vendido, nem se as pessoas estão cientes dos riscos”, relatou o denunciante.
O leitor acrescenta ainda que está tentando denunciar o caso às autoridades competentes. Vale ressaltar que a venda sem receita é considerada infração sanitária e pode configurar crime.
“Tentei prestar queixa na Polícia civil de Pernambuco, mas lá sugeriram que eu levasse o caso à Polícia Civil da Bahia, por ser o local onde a loja funciona. Quando procurei a vigilância de Petrolina, disseram que só Juazeiro poderia agir, já que que o comércio funciona lá. Mas vale ressaltar que esse comerciante também vende as canetas para moradores de Petrolina e outros municípios. O que eu espero é que algo seja feito antes que alguém sofra uma consequência grave. Saúde pública é coisa séria”, relatou o denunciante.
O PNB teve acesso a algumas postagens e conversas do comerciante sobre as vendas do medicamento.
Veja:
Para confirmar a denúncia, a equipe do PNB fez contato com o comerciante se passando por um cliente. Na conversa, ele confirma que a venda é feita em doses, não há necessidade de receita médica para a compra e que a mercadoria é em entregue na residência do cliente.
Questionado, o comerciante ainda afirma que as doses vendidas são do medicamento Monjouro e não da tirzepatida manipulada. Os valores das doses variam de R$ 350,00 a 1.550,00.
Veja:
Procurada pelo PNB, a Secretaria de Saúde de Juazeiro (SESAU), por meio da Vigilância Sanitária, informou que “recebeu e acolheu denúncia referente à comercialização de canetas com finalidade emagrecedora em estabelecimento do município. Cumprindo seu papel de proteger a saúde pública, a Vigilância Sanitária já está adotando as providências cabíveis e direcionará uma ação de fiscalização conjunta junto às autoridades policiais para averiguação dos fatos. A SESAU ressalta que, até o presente momento, a comercialização de medicamentos injetáveis para emagrecimento — como as chamadas “canetas emagrecedoras” — é ilegal no Brasil quando feita fora dos critérios e regulamentações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)”.
Nós entramos em contato com o acusado, mas ele não respondeu nossas mensagens.
O que diz a Anvisa?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é clara: o Mounjaro, cujo princípio ativo é a tirzepatida, só pode ser comercializado por farmácias e drogarias legalmente autorizadas, mediante prescrição médica. O medicamento, segundo a agência, não pode ser fracionado, pois sua embalagem não é registrada para essa finalidade.
A Anvisa também alerta para o aumento expressivo no contrabando do Mounjaro em 2025. O produto tem sido apreendido com frequência em aeroportos e fronteiras, por entrar no país de forma irregular. A fabricante oficial, a farmacêutica americana Eli Lilly, afirma que não fornece o medicamento a farmácias de manipulação, clínicas estéticas, spas ou vendedores online.
Riscos à saúde
Especialistas em saúde alertam que o uso indiscriminado de medicamentos como o Mounjaro, sem indicação médica e controle de efeitos colaterais, pode causar complicações como hipoglicemia, náuseas severas, alterações cardíacas e até danos irreversíveis ao pâncreas.
Redação PNB