O Afoxé Filhos de Zaze sacudiu o Pelourinho, em Salvador (BA), durante o lançamento do livro “Terreiro Onyndancor: O Axé na História Negra de Juazeiro/BA”, que aconteceu no último 9 de maio, na sede do Centro de Estudos dos Povos Afro-índio-americanos, Cepaia, órgão da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
Além das organizadoras da obra, as professoras Márcia Guena e Ceres Santos, da UNEB, estiveram presentes, e falaram durante o lançamento, o Babalorixá Edson Rosa e a Yakekerê Edna Rosa, do Terreiro Ilê Asé Ayrá Onyndancor, a Vice-Reitora da Uneb, Deise Lago, a Vice-reitora da Univasf, Lucia Marisy de Oliveira e o professora Valdélio Silva (UNEB). Responsável por toda organização do evento, Lilian Conceição, coordenadora do Cepaia, mediou a atividade que também contou com o apoio da Pró-reitoria de Ações Afirmativas, Proaf, representada por IrêOliveira.
O livro narra a história do terreiro de Candomblé, reconhecido, nos seus 60 anos, como um dos mais antigos em funcionamento na cidade de Juazeiro/BA e a sua publicação foi possível graças ao apoio da Lei Paulo Gustavo.
Concepção da obra
Durante o lançamento, as autoras compartilharam suas experiências, desde a concepção até a finalização da obra, resultado de um trabalho de cinco anos. A discussão abordou ainda as pesquisas desenvolvidas pelo grupo de pesquisa RHECADOS (Hierarquizações Étnico-raciais, Comunicação e Direitos Humanos) – ligado à UNEB e ao CNPQ.
Importância do livro para o povo negro
O livro, procura reconstruir a história da criação do terreiro, a partir de relatos orais de familiares e pessoas próximas à comunidade religiosa e contribui para a preservação da história do povo negro e das religiões de matrízes africanas e indígenas. Estas abordagens são vitais para a construção de uma sociedade sem racismo religioso, justa, equitativa e diversificada.
A obra reforça a identidade cultural afro-indígena, considerando que as religiões desses povos são parte integrante da identidade racial e cultural de grande parte da população brasileira. A valorização e preservação da história e da memória dessas religiões são formas de resistência contra o racismo religioso. Ao reconhecer e respeitar essas tradições, a sociedade pode combater estereótipos negativos e garantir o direito constitucional à diversidade religiosa.
Organização do livro
Capítulo 1, “O Quidé e seus terreiros”, levantamento de alguns aspectos sobre a história da formação do bairro do Quidé e o surgimento dos primeiros terreiros do bairro de Juazeiro/BA..
Capítulo 2, “A fundação do Terreiro Onyndancor”, as memórias dos mais velhos e das mais velhas, que contam como tudo começou.
Capítulo 3, “Mãe Flora”, faz uma homenagem à matriarca, que principiou tudo ao lado de seu marido, Manuel Rosa e trata da iniciação da matriarca no Axé e de seu papel na preservação da ancestralidade.
Capítulo 4, “Pai Ezinho: o guardião da Casa de Xangô” Nessa parte do livro, o Babalorixá Edson Rosa, de 61 anos, atual líder religiosos do Anydancor, relata fatos sobre a sucessão do terreiro após a morte de seu pai, Manuel Rosa, e sua iniciação no Candomblé.
Capítulo 5, “Mãe Edna: a Yakekerê” é dedicado à Yakekerê do terreiro, Mãe Edna, que, lado a lado com o Babalorixá, preserva o Axé da casa.
Capítulo 6, “As irmãs e os irmãos Rosa e suas memórias”, a família consanguínea relatam as suas memórias e visões sobre o terreiro.
Capítulo 7, “As filhas e os filhos da casa e suas visões”. A maior festa do terreiro, dedicada ao Caboclo Zeca da Varginha, tem um capítulo especial.
Capítulo 8: “A festa do Caboclo Boiadeiro”, no qual há um registro de imagens de vários anos da festa.
Capítulo 9, “Ocupação negra no Vale do São Francisco”, traz uma breve história, desde o século XVI, da ocupação da região, passando pela luta dos povos indígenas contra a violência colonial e pela chegada dos africanos na região.
Capítulo 10, “Os caminhos do Onyndancor” é dedicado ao futuro, tentando responder para onde caminha o terreiro.
Contatos:
74 – 98835-4404 – Márcia Guena – Coordenadora do projeto
71 9 9989-7243 – Céres Santos – Coordenadora de pesquisa do projeto
Ascom