“Estamos sendo escravizados”: profissionais do Hospital Regional de Juazeiro denunciam sobrecarga, assédio moral e perseguições

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Profissionais que atuam no Hospital Regional de Juazeiro, no norte do estado da Bahia, entraram em contato com o Portal Preto no Branco, nesta sexta-feira (16), para denunciar a sobrecarga de tarefas na unidade hospitalar, além de casos de assédio moral e perseguições internas.

Segundo relatos dos funcionários, que preferiram não se identificar para evitar represálias, o ambiente é marcado pela sobrecarga de trabalho, pelo adoecimento físico e mental dos colaboradores e pela falta de providências por parte da direção do hospital.

“Trabalho no Hospital Regional e venho falar por todos os profissionais que estão sofrendo. Há um acúmulo absurdo de serviço. Os profissionais estão adoecendo, e a direção não dá a mínima para contratar mais pessoas. Precisamos de ajuda urgente. É um desrespeito com o trabalhador. Isso está acontecendo em todos os setores, estamos sendo escravizados”, relatou um profissional.

“Sou funcionária do Hospital Regional, onde o assédio moral já virou rotina. A falta de respeito com a enfermagem, por parte de médicos, residentes e até internos, é constante. A enfermagem virou saco de pancadas, todos querem bater. Não há respeito pelo que somos nem pela assistência que prestamos. Parece que nos tratam como empregadas deles, e não como funcionárias do HRJ”, disse outra profissional.

Além dos relatos de adoecimento no ambiente de trabalho, os profissionais também denunciam problemas constantes com o pagamento do piso da enfermagem.

“Além de tudo, é um descaso nunca haver uma data certa para o pagamento do repasse do piso da enfermagem. Todo mês temos que vir até o PNB, se não for assim, não recebemos. E ainda dão desculpas esfarrapadas, dizendo que o repasse não foi feito, quando o portal mostra que já foi. Outras unidades já pagaram; só o Regional não. Sem falar que algo está errado: a carga horária é a mesma, e o valor do repasse é calculado com base nela. Por que recebemos valores desiguais? Por que estamos recebendo cada vez menos? Por que, entre todos os hospitais públicos de Juazeiro e Petrolina, o Regional é o que repassa o menor valor? Qual o motivo dessa diferença? Cadê o Coren, o sindicato? Cadê a fiscalização? Até quando?!”, questionou a profissional.

Um ex-funcionária do Hospital Regional também relatou à redação os problemas enfrentados durante o período em que trabalhou na unidade.

“Após ser efetivada no setor em junho de 2024, passei a sofrer perseguições sistemáticas por parte da então coordenadora. Fui submetida a uma sobrecarga de trabalho incompatível com minha função. Apesar da reorganização de tarefas após o retorno de uma funcionária de licença-maternidade, a sobrecarga permaneceu exclusivamente comigo. Além do excesso de trabalho, fui alvo de hostilidade constante. Quando passei a orientar uma nova colaboradora, a perseguição aumentou. Fomos ignoradas deliberadamente, alvo de comentários depreciativos e de um isolamento incentivado pela própria liderança. As tentativas de diálogo foram em vão”, contou uma ex-funcionária.

A profissional afirmou que formalizou denúncia à gestão do hospital, mas nenhuma providência foi tomada.

“A gravidade da situação me levou a formalizar uma denúncia no canal de compliance do hospital. No entanto, até hoje, nada foi feito. A coordenadora segue sendo protegida por superiores, e a omissão da gestão institucional evidencia um cenário de impunidade e descaso. Essa negligência não apenas valida comportamentos abusivos, como também expõe outros profissionais a situações semelhantes. A saúde mental e emocional dos colaboradores está sendo negligenciada”, concluiu a ex-funcionária.

Encaminhamos as denúncias a Direção do Hospital Regional de Juazeiro e aguardamos uma resposta.

Redação PNB

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