O Portal Preto no Branco recebeu, nesta quinta-feira (22), uma grave denúncia de familiares de uma criança que está internada na Unidade Pediátrica do município de Juazeiro, na região Norte da Bahia, desde o último dia 18 de maio. Em contato com a nossa redação, familiares da menina Nicoly Santos Vieira, de 6 anos, apontam supostas falhas no atendimento médico da unidade.
“Os erros já começaram desde o primeiro atendimento, ocorrido no último dia 15. Ela estava com uma gripe, febre alta e muito cansaço. Além disso, toda vez que tossia, vomitava, e estava com uma febre de 40 graus. Por conta disso, decidimos procurar o hospital da criança. Após horas de espera por atendimento, a médica examinou ela, passou apenas um medicamento para tosse e um antibiótico. Mandou a gente voltar para casa e dar o antibiótico por três dias. Não fizeram e nem pediram nenhum exame”, relatam.
Ainda conforme os relatos, mesmo após a administração dos medicamentos, o quadro da criança se agravou e ela precisou retornar à UPED.
“A mãe percebeu que ela estava sonolenta e o cansaço só aumentava. Ela também começou a sentir uma forte dor na região central das costas e nas pernas, que simplesmente paralisaram. Diante da gravidade da situação, no dia 18 voltamos com ela para o hospital e o médico que a atendeu ficou horrorizado, porque ela estava, de fato, paralisada, não conseguia andar. Eles já viram que o oxigênio dela estava baixo e a levaram imediatamente para a sala vermelha”, acrescentam.
Os familiares da criança afirmam ainda que a menina precisou ser entubada e apontam falhas na sedação.
“Da segunda para a terça, eles entubaram ela. O médico deu a justificativa de que os níveis do batimento cardíaco e do batimento respiratório de Nicoly estavam muito elevados. Então, ele tentou prevenir uma possível parada cardíaca ou respiratória com a entubação. Só que, desde o dia em que foi entubada, percebemos algo estranho: ela está acordada. Não ficou sedada. O médico chegou a dizer que a sedação não estava funcionando 100%, e que ela poderia acordar de vez em quando. Ela se mexe, pisca os olhos, tenta tirar o tubo com a mão, mexe os braços. Dá para perceber que não está tranquila, que sente o incômodo do tubo na boca. Imagina o sofrimento de uma criança com um tubo na boca. Os médicos não conseguem explicar por que a sedação não está funcionando”, completam.
Eles afirmam ainda que o suposto erro na sedação de Nicoly prejudicou a regulação da menina para um hospital de Salvador, com suporte adequado para o tratamento.
“Desde que ela foi entubada, os médicos disseram que ela precisava de regulação para um hospital de Salvador ou Recife, onde há o atendimento necessário. Primeiro suspeitaram de pneumonia, depois disseram que ela estava com sepse pulmonar. E ela só piora porque não está recebendo o tratamento adequado. Aqui, no hospital da criança, ela está apenas entubada e recebendo medicação para dor. Na madrugada de ontem para hoje, surgiu uma vaga para Salvador. Por volta das 22h, o pessoal da ambulância buscou ela e a levou para o aeroporto, em Petrolina. Porém, quando o médico de Salvador a encontrou, disse que era impossível levar uma criança naquele estado, na UTI móvel, porque ela estava entubada e acordada. Disse que isso estava errado, que não se pode entubar ou manter uma criança entubada estando acordada. Ele, por boa vontade, até tentou fazer algo, mas ela também já estava sem acesso. Por conta disso, teve que voltar para o hospital da criança, e perdemos a vaga. O mais difícil era conseguir a vaga, conseguimos, mas perdemos por negligência, por erro médico e erro do hospital”, denunciam.
Os familiares de Nicoly também reclamam da falta de informações concretas sobre o estado da criança.
“Quando a gente pede alguma justificativa, eles só dizem que erros acontecem. A gente não sabe o que está acontecendo, porque ela continua acordada, mesmo entubada. Está muito inchada, a barriga dela está enorme, e acreditamos que ela esteja sofrendo bastante. Então, fazemos um apelo: queremos saber o que realmente está acontecendo. Queremos uma resposta do hospital. São erros muito básicos. A gente não entende por que isso está acontecendo”, finalizam.
Encaminhamos as reclamações para a Secretaria de Saúde de Juazeiro e aguardamos esclarecimentos.
Redação PNB