O Juíz de direito da 2 Vara do foro judicial da Comarca de Mairiporã-SP atendeu ao pedido de revogação da prisão preventiva do agricultor Lindomar Epifânio do Bonfim, 54 anos, preso no último dia 21, no município de Juazeiro, Norte da Bahia, acusado de envolvimento em crimes patrimoniais cometidos em 2015, no estado de São Paulo.
A defesa, representada pelos advogados Deusdedite Gomes (Dequinho) e Rafael Lino, alegou que o agricultor foi vítima de um grave erro judicial e estava sendo acusado injustamente por um crime que jamais cometeu. O Ministério Público manifestou-se favoravelmente à revogação da prisão preventiva, com decretação de cautelares.
O Portal Preto no Branco vinha acompanhando o caso do agricultor, natural da comunidade de Goiabeira, distrito do Salitre, após sua família procurar nossa redação informando que a prisão era injusta, pois ele jamais havia saído da região de Juazeiro, onde é conhecido por seu trabalho na agricultura familiar.
Os advogados de defesa, em documentos, comprovaram a inocência do trabalhador rural, incluindo certidões de antecedentes criminais limpas e declarações de que ele sempre residiu no mesmo endereço desde o nascimento. A defesa apontava ainda que a acusação contra o agricultor se baseia exclusivamente em um contrato de aluguel supostamente assinado por ele, mas que teria sido forjado por um criminoso que se passou por sua identidade.
O pedido de revogação da defesa citava ainda a reportagem do PNB sobre o caso.
“É de se destacar, inclusive, que a prisão do Defendente já está sendo noticiada na região do vale do São Francisco, cuja reportagem pode ser lida através do link https://pretonobranco.org/2025/06/27/agricultor-do-salitre-juazeiro-e-preso-sob-acusacao-de-crimes-praticados-em-sao-paulo-e-familia-contesta-renderam-um-inocente-meu-pai-nunca-saiu-do-salitre-entenda-o-caso/, como mais um erro da Justiça, eis que se trata de um lavrador que jamais saiu da cidade de Juazeiro-BA desde o nascimento, sequer conhece qualquer cidade do Estado de São Paulo-SP, e está sendo acusado de um crime justamente onde jamais esteve”.
Além disso, os advogados ressaltaram que os demais acusados no processo, os quais possuíam antecedentes criminais, foram condenados por receptação qualificada, mas já estão em regime semiaberto. Diante disso, a manutenção da prisão do agricultor baiano é considerada desproporcional, especialmente por não haver indícios mínimos de sua participação nos crimes investigados.
A prisão de Seu Lindomar chocou a comunidade de Gangorra que aguardavam com expectativa a decisão judicial.
Relembre o caso:
Conforme as informações, apesar de nunca ter saído da região, ele foi preso enquanto trabalhava no Mercado do Produtor, sob a acusação de envolvimento em crimes patrimoniais cometidos em 2015, no estado de São Paulo.
Lindomar foi denunciado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, junto a outros suspeitos, por associação criminosa e receptação. Segundo informações do processo, o agricultor é citado como responsável pelo aluguel de um imóvel usado como galpão onde funcionava um esquema de desmanche de veículos roubados.
No entanto, de acordo com a defesa de Lindomar, não há nenhuma prova concreta que comprove a participação do agricultor nas atividades ilícitas. Conforme as informações, o único documento que vincula o juazeirense ao galpão é uma suposta cópia da identidade do agricultor, anexa a “um contrato de aluguel precário e sem validade jurídica”.
“No processo não existe nada de consistente contra ele. O que existe é uma xerox de uma identidade e um contrato sem reconhecimento de firma, sem assinatura de testemunhas, sem nenhum tipo de registro. É um contrato bem precário. Além disso, o proprietário do galpão disse que o pagamento do aluguel foi feito em espécie, por tanto não existe um depósito, uma transferência saindo da conta do Lindomar. O que existe é apenas a xerox do documento dele. Acreditamos que a identidade dele foi falsificada”, declara a defesa.
Ainda segundo a defesa, o produtor rural nunca saiu da região de Juazeiro, onde é conhecido por seu trabalho na agricultura familiar.
“É um lavrador que nunca saiu de Juazeiro. Está sendo acusado por um crime ocorrido a quase 2 mil quilômetros de onde vive”, afirma.
A prisão do agricultor gerou revolta entre moradores da região do Salitre. A filha de Lindomar, visivelmente emocionada, também fez um apelo por justiça.
“Eu sou filha do Lindomar, que está preso sem ter feito nada. Ele é inocente e está pagando por uma coisa que ele não fez, por um crime que foi cometido lá em São Paulo. Meu pai é um produtor rural, nunca saiu daqui de Juazeiro. Está todo mundo revoltado. A população está querendo fazer uma manifestação para chamar atenção da justiça. Ele está sofrendo no presídio e toda a família está desesperada”, desabafou.
A filha informa ainda que Lindomar já foi levado para o Conjunto Penal de Juazeiro, onde permanece preso preventivamente. Agora a família cobra das autoridades uma investigação rigorosa e a apuração do possível erro judicial que, segundo ela, está tirando a liberdade de um homem simples e trabalhador.
“Está todo mundo revoltado, pois ele é um cidadão de bem, que está sofrendo no presídio por um crime que não cometeu. Meu pai é um homem humilde, nascido e criado no Salitre e que não conhece nem mesmo Juazeiro direito. Por isso estamos lutando por justiça, chamando a atenção das autoridades. Meu pai está sofrendo. Toda a nossa família está sofrendo”, acrescenta a filha do agricultor.
Revogação da prisão: doc_118392733 (1)
Redação PNB