Usuário reclama que está há quase um mês sem conseguir atendimento no CAPS 2, em Juazeiro: “O silêncio, neste caso, pode matar”; SESAU garante melhorias

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Em contato com o Portal Preto no Branco, Lucas Belfort, usuário do Centro de Atenção Psicossocial João Martins de Souza (CAPS 2), em Juazeiro, na região Norte da Bahia, reclamou que está tentando atendimento há mais de um mês na unidade, mas sem sucesso. Segundo ele, a resposta mais comum é de que “não há vagas”, mesmo em casos considerados urgentes.

“Sou usuário do CAPS 2 e venho buscando no CAPS 2 um atendimento com psiquiatra e acompanhamento psicológico. Porém, há mais de um mês, tenho ido até a unidade em diversas tentativas, sem sucesso. A impressão que fica é de que apenas pessoas conhecidas dos funcionários conseguem ser atendidas com prioridade. O serviço é marcado por precariedade e desorganização”, reclamou.

O usuário também reclama do agendamento: “ O agendamento é feito de forma preferencial e para a gente que trabalha como CLT, não tem como abdicar de mais de 3, 4 dias em um mês para conseguir uma consulta. E não é para ser atendido, é para tentar ser atendido. Cada atendente por turno diz um tipo de resposta. Então, eu não tenho nada concreto de quando realmente vou conseguir essa consulta. Na gestão anterior,  agente chegava e era atendido”, desabafou.

Ainda segundo Lucas, os horários para marcação são limitados e rapidamente esgotados.

“Hoje em dia são dois dias para marcar, mas quando você vem, a partir de 10 horas já não tem mais vaga. Acredito que são poucos profissionais que atendem aqui. A recepção, por longos períodos, permanece vazia. Pacientes esperam por horas, e o atendimento parece privilegiar “conhecidos”, que furam a fila sem qualquer constrangimento. O médico? Chega quando quer. As consultas? Raras vezes passam de cinco minutos. Enquanto isso, na sala de espera, a dor se manifesta em forma de silêncio, olhos baixos e corpos cansados. São pessoas que lutam diariamente contra a depressão, a ansiedade, a esquizofrenia e tantos outros fantasmas da mente. São mães, filhos, pais e irmãos que não encontram mais forças, mas ainda assim esperam por um atendimento, por uma chance, por socorro.”, acrescentou.

O usuário finaliza fazendo um apelo: “Enquanto autoridades discursam sobre investimentos em saúde mental, a realidade vivida por usuários do CAPS 2 João Martins de Souza, em Juazeiro, é de abandono, descaso e sofrimento. Em mais um dia comum, sem nenhuma data simbólica, o que se vê dentro da unidade é justamente o oposto do que se espera de um centro de atenção psicossocial: dor, espera e desesperança. A saúde mental da população de Juazeiro está sendo negligenciada. O sofrimento dessas pessoas não pode mais ser ignorado. Precisamos de profissionais comprometidos, estrutura digna, gestão eficiente e, acima de tudo, respeito à dor alheia. Hoje, o CAPS 2 João Martins de Souza não é mais um centro de atenção psicossocial. É um retrato do abandono. E, nesse retrato, há vidas escorrendo entre os dedos do poder público. A população pede ajuda. O tempo urge. E o silêncio, neste caso, pode matar.”

Encaminhamos a reclamação para a Secretaria de Saúde de Juazeiro. Em resposta, a SESAU informou que “reconhece que a estrutura física atual da unidade apresenta limitações, especialmente no que diz respeito à quantidade de salas disponíveis para a realização de atividades simultâneas. Por essa razão, a gestão municipal já iniciou tratativas para a reestruturação do CAPS II, com previsão de mudança de prédio, visando à ampliação do espaço e à melhoria das condições de acolhimento para os usuários e de trabalho para os profissionais. A qualificação do cuidado permanece como prioridade da Secretaria de Saúde, que vem investindo constantemente em ações de educação permanente em saúde com a equipe do CAPS, fortalecendo os princípios de acolhimento humanizado, respeito aos direitos dos usuários e corresponsabilização no processo de cuidado. A Sesau informa que irá apurar a denúncia em questão e lamenta qualquer experiência negativa de desacolhimento ou desorganização vivenciada por usuários ou familiares, reafirmando o compromisso com a escuta ética e sensível, tratando cada crítica como uma oportunidade para aprimoramento dos serviços prestados à população”.

Redação PNB 

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