Profissionais voltam a denunciar supostos casos de assédio moral e sobrecarga na UPAE de Petrolina

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Profissionais de enfermagem que atuam na Unidade Pernambucana de Atenção Especializada (UPAE), em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, voltaram a procurar o Portal Preto no Branco para denunciar situações que, segundo eles, têm afetado diretamente as condições de trabalho e o atendimento aos pacientes. Em relatos encaminhados à redação, trabalhadores afirmam estar enfrentando assédio moral e pressão psicológica no ambiente de trabalho.

“É com lágrimas nos olhos e pressão psicológica que venho denunciar uma situação grave que está ocorrendo na instituição onde trabalho como profissional de enfermagem. A equipe vem sendo submetida a muito assédio moral, constante, com pressões psicológicas, cobranças abusivas e tentativas frequentes de responsabilizar os trabalhadores por falhas que são de responsabilidade da gestão”, afirmou uma profissional.

Segundo os relatos, também há carência de profissionais nos plantões, o que provoca sobrecarga de trabalho e compromete a saúde física e mental da equipe.

“Há também faltas recorrentes de técnicos de enfermagem nos plantões, o que gera sobrecarga de trabalho, compromete a segurança dos pacientes e afetando diretamente nossa saúde física e mental. Vocês não sabem o que é ir para um plantão com medo, sem saber quando vamos voltar porque o colega vai faltar e não tem quem fique, e por isso, somos obrigados a dobrar o plantão, cansados e exaustos”, acrescentou outra profissional.

Os profissionais descrevem ainda um ambiente de trabalho hostil, tanto por parte da coordenação, quanto por parte de pacientes e acompanhantes, que, diante da lotação e falta de pessoal, descontam frustrações nos trabalhadores.

“A gente já sofre tantos maus tratos por partes dos pacientes, acompanhantes que as vezes não entendem a demanda, a lotação e escassez de profissionais e descontam na gente.  Ainda há o problema da falta de medicações, que ultimamente vem acontecendo depois que a nova coordenadora chegou. Somos profissionais sobrecarregados, expostos, sem apoio, literalmente acabados psicologicamente. O ambiente de trabalho está se tornando insustentável, com sinais claros de adoecimento da equipe. Precisamos tornar isso público, as pessoas precisam saber o que está acontecendo na UPA de Petrolina”, desabafou outra profissional.

Encaminhamos os relatos para a UPAEde Petrolina e aguardamos uma resposta.

Reclamações anteriores 

No último dia 30 de junho, profissionais já haviam entrado em contato com o PNB para denunciar um suposto assédio moral no ambiente de trabalho. Segundo relatos dos trabalhadores, que preferiram não se identificar por medo de represálias, o ambiente é marcado por práticas abusivas por parte da direção do hospital.

“Estamos há mais de um ano sofrendo assédio moral dentro da UPAE Petrolina, por parte da supervisão e da administração do hospital. Estamos sobrecarregados, há muita pressão sobre nós, muitos colegas estão adoecendo. Ficamos expostos a todo tipo de doença: desde a entrada dos pacientes na unidade até a alta, tudo passa por nós. Ainda assim, temos que ouvir gritos da supervisora”, relatou um funcionário.

“A direção nunca nos escuta. Peço que alguma providência seja tomada. Não é o cargo que faz alguém melhor que os outros. Estamos adoecendo, além da exposição a todo tipo de doença, o que mais tem nos afetado é a pressão psicológica. Espero que providências sejam tomadas”, declarou.

Na época, encaminhamos a denúncia para a Gestão da Unidade de Saúde, em nota a UPAE informou que “A Coordenação Geral trabalha, diariamente, por um ambiente saudável e de respeito para todos os profissionais que atuam na unidade. Para tanto, dispõe de um canal oficial voltado ao recebimento e à apuração de queixas desse tipo. O Canal de Compliance da unidade atua de forma a garantir a integridade das relações no ambiente de trabalho. No entanto, até o momento, não haviam sido registradas manifestações desse tipo por meio desse canal”

Na ocasião, a Coordenação Geral da unidade informou que realizaria uma investigação completa dos fatos relatados e tomaria todas as medidas necessárias para o devido esclarecimento. Do mesmo modo, que se comprometeu a sanar eventuais situações que contrariasse os princípios de respeito, ética e valorização dos seus colaboradores.

Já no último dia 10 desde mês, técnicos de enfermagem que atuam na recém-inaugurada ala pediátrica da UPAE de Petrolina procuraram o Portal Preto no Branco para denunciar supostas irregularidades e situações de desrespeito que estariam ocorrendo na unidade.  Os profissionais contaram que o setor havia sido aberto com a promessa de aliviar a demanda do Hospital Dom Malan, mas não estaria funcionado como deveria.

“Estamos decepcionados. A unidade foi aberta para ajudar, mas o que a gente está vendo é o contrário. Não tem pediatra, só médicos recém-formados, e muitos deles não têm experiência com crianças. A gente passa o dia inteiro indo atrás de correção de prescrição errada. E um erro na nossa área pode ser fatal, principalmente com criança”, desabafou um dos técnicos.

Eles também reclamaram da falta de estrutura e insumos básicos para atendimento de emergência. “Teve um dia que a gente precisou do carrinho de parada e ele não tinha nem dipirona, nem medicação para convulsão. São medicamentos básicos para socorrer uma criança. Isso é muito grave”, afirmou outro profissional.

Os profissionais criticaram ainda a coordenação de enfermagem do setor, que, segundo os relatos, estaria agindo com autoritarismo, tornando o ambiente de trabalho hostil.

“A coordenadora mal chegou e já trata a gente com humilhação. É uma arrogância sem tamanho. Ao invés de liderar com respeito, ela envergonha os técnicos na frente de todo mundo. A gente virou saco de pancada: médico trata mal, enfermeiro trata mal, e quando viram coordenador, então, acham que podem ‘montar em cima da gente’ Aqui ninguém está sendo tratado como ser humano. A pressão é grande, o despreparo também. A gente sai do plantão com a saúde mental no limite.”, relatam.

Os profissionais finalizaram afirmando que a unidade completaria um mês de funcionamento no 13 de julho até aquele momento, nenhuma providência por parte da direção havia sido adotada para corrigir os problemas.

“Infelizmente, estão usando um projeto que tinha tudo para dar certo como vitrine de marketing para o governo e a própria UPAE se beneficiar. Só que quem está aqui dentro sabe o que realmente está acontecendo. Esperamos que o coordenador geral tome alguma providência, porque do jeito que está, não dá mais.”, concluiu outra profissional.

Na ocasião, enota, a Coordenação da UPAE Petrolina esclareceu que “trabalha por um ambiente saudável e de respeito para com todos os profissionais que atuam na unidade. No caso da nova equipe que está reforçando o combate ao aumento de casos de SRAG no Sertão do Estado, é importante esclarecer que todos passaram por processo seletivo e contam com a formação necessária para atuação na unidade. Além disso, dispõem de um setor específico de Educação Permanente que atua diariamente para qualificar todos os profissionais do serviço. Informa ainda que reforçará o trabalho de diálogo com a equipe com o objetivo de entender a situação e as queixas dos profissionais e adotar as medidas que se fizerem necessárias, sempre prezando pelo respeito mútuo no ambiente de trabalho e pela segurança dos pacientes. Por fim, permanece à disposição dos colaboradores para diálogo constante, e reafirma seu compromisso com o atendimento humanizado, a qualidade dos serviços prestados e o bem-estar de todos que compõem a instituição”.

Redação PNB

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