Família denuncia bullying contra menino com TDAH em barbearia de Juazeiro: “O capacitismo e a intolerância precisam ser combatidos”

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A família de uma criança diagnosticada com TDAH, entrou em contato com o Portal Preto no Branco nesta segunda-feira (28), denunciar um episódio que classificam como “extremamente doloroso e inadmissível”. Conforme os relatos, o menino de 12 anos foi ridicularizado por um grupo de homens em uma barbearia do bairro Quidé, no município de Juazeiro, na região Norte da Bahia.

“Durante um simples momento de autocuidado, o corte de cabelo, essa criança foi vítima de bullying por parte de adultos presentes na barbearia, inclusive também por parte do profissional do próprio estabelecimento. Um tipo de ‘brincadeira’ totalmente sem noção da parte de quem estava no local, e a total falta de sensibilidade diante das particularidades de uma criança atípica tornaram a experiência traumática e humilhante. O que era para ser um momento comum e seguro, se transformou em uma cena de exclusão, preconceito e violência emocional”, declarou uma tia da criança.

A familiar explicou ainda que durante o ocorrido, o menino não estava acompanhando de um responsável, pois já era costumado a cortar o cabelo no local há bastante tempo, pois o profissional era conhecido da família e de confiança da mãe.

Durante a terapia dele, tanto o neuropediatra, quando a psicóloga, pediram que deixasse ele  fazer algumas atividades mais simples sozinho, para que ele não se torne dependente de todos da família. Por ser em um local próximo e com uma pessoa que até aquele momento era de confiança, ele foi desacompanhado. Mas infelizmente, uma pessoa que deveria transmitir confiança, permitiu que essa ‘brincadeira’ de mal gosto e preconceituosa foi realizada com ele, algo que não podemos aceitar”, acrescentou a tia da criança.

A família afirma que só tomou conhecimento do caso após visualizar vídeos gravados durante o episódio e divulgados através das redes sociais e destacou que já está tomando as medidas cabíveis

“É urgente que a sociedade entenda que todas as crianças merecem acolhimento, especialmente aquelas que já enfrentam desafios diários por não se encaixarem em padrões impostos. O capacitismo e a intolerância precisam ser combatidos em todos os espaços, inclusive nos que deveriam ser de cuidado e bem-estar. Pedimos visibilidade para esse caso, para que ele não seja apenas mais uma história abafada. Que sirva de alerta para que nenhum outro ser humano, ainda mais uma criança, seja tratado com desrespeito por ser diferente.”

O que diz a lei? 

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), filmar ou expor uma criança em situação de constrangimento, ridicularização ou humilhação pode configurar violação de direitos e crime. O artigo 17 do ECA garante à criança e ao adolescente o direito à preservação de sua dignidade, imagem e integridade, e o artigo 232 prevê penalidades para quem submete menores a vexame ou constrangimento. Caso o vídeo seja divulgado, a situação pode ser agravada, podendo gerar responsabilização civil e criminal dos envolvidos.

Por se tratar de uma criança neurodivergente, diagnosticada com TDAH e dislexia, a legislação prevê proteção ainda maior. Além do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) garante que nenhuma pessoa com deficiência ou condição que impacte o desenvolvimento pode ser submetida a discriminação, humilhação ou tratamento degradante. Nessas situações, a responsabilização dos envolvidos pode ser agravada, já que a lei reconhece a maior vulnerabilidade e prevê punições específicas para atos discriminatórios e capacitistas.

Redação PNB 

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