Sempre Aos Domingos: ” Reconhecer é preciso e a esperança de Juazeiro tem pressa!”, por Sibelle Fonseca      

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Um ano é pouco para confirmar, mas o suficiente para afirmar que, até aqui, Juazeiro está em boas mãos. Não sinto mais aquele cheiro de mofo e nem a desesperança de que minha cidade não chegaria mais a lugar algum. Cidade espancada, enxovalhada, vexatória. Por hoje, joguei fora a pá de cal.

Dispenso julgamentos, pois aqui vos fala uma juazeirense independente e que não ama o poder. Muito pelo contrário, enfrento todos eles, porque sou livre o bastante para isso. Verba publicitária? É consequência. Afinal, um dos princípios da administração pública é a publicidade dos seus atos e o canal que construímos tem credibilidade e alcance. Quem quiser que venha. Sabendo que não vendemos imagem de seu ninguém e nem nos prestamos a manipular as pessoas. Temos valor e não preço. O nosso compromisso é com a população, sobretudo a que acha que não tem voz.

Mas o certo é que, na minha opinião, esse prefeito de Juazeiro é um fenômeno, expressão vinda do grego phainomenon: “uma pessoa de qualidades extraordinárias, raras, surpreendentes”.  

Sim, extraordinário. Contudo, uma pessoa ordinária, comum. Um bancário com pouco mais de dez anos de CEF, pai de uma família tradicional e sem nenhuma tradição na política da cidade. Cristão que deveria estar contente em poder ir todo domingo ao culto, depois de um dia de piscina com as crianças. Batia ponto, cumpria meta, chegava em casa morto numa sexta e celebrava o sábado de folga sem muitas preocupações. Um juazeirense incomodado, inquieto, puto da vida com as chacotas que ouvia e com o que via. Um homem que sonhou e acreditou nele mesmo, no seu propósito de transformar sua aldeia. Até então, era somente “Andrei da Caixa”, um visionário que, como Juazeiro, não iria para lugar nenhum. Meteu as caras. Ousou, conversou, contrariou, disputou, agregou e desagregou, rompeu e se aliançou, convenceu e venceu. Sem estirpe, nome, capital, tradição ou estatura, está ele aí, prefeito.

Raro. Um prefeito raro por essas bandas. Surpreendente! O improvável aconteceu e ele pegou a caneta. Corajoso rapaz! Porque reconstruir é bem mais difícil que construir. E Juazeiro estava acabada, ou não? Nossa autoestima? Abaixo do pré-sal, seja sincero. Nos últimos anos, passamos por maus bocados. Do vaqueiro a mãe e, antes aquele BAVI horroroso, me dava saudades de Arnaldo Vieira, um prefeito que o povo gostava. Um ordinário comerciante que diziam ser analfabeto. O certo é que, depois dele, Juazeiro não “foi indo” e parou.

A sedução do poder, de manter-se no poder, falaram mais alto. E o povo? A cidade? Que se lascassem. A quinta cidade da Bahia, em população, lugar de muro bem baixo, perdeu o posto de “Princesa do São Francisco” e se avassalou. Virou curral, virou a cozinha de família, refém dos sanguessugas do poder. Decaiu a um nível sofrível. Eu mesma perdi a esperança.

De forma surpreendente, surge um CLT, um jovem servidor público, natural da cidade, com sangue nas veias e brilho no olho. Como um encantador de gentes, passou de 3 mil seguidores, para mais de 150 nas redes sociais, ao longo de um ano. Circula bem também nas rodas sociais. Dança com o vaquerinho, conversa com prefeitos nos EUA e com comerciantes locais, vai pra feira, ao bairro que reclama da falta de água, a carreta da saúde, vai ao canal sujo de esgoto, a roda de samba, ao candomblé, a procissão da padroeira e ao culto evangélico. Se mete no meio dos artistas, dos jovens, dos idosos e das crianças e faz uma feira literária. Faz o festival da Bossa e inaugura uma escola que estava encalhada, como o Paulo VI. Abraça meio mundo, faz self, live, e vive a vida da cidade.

Anuncia obras como quem diz seus sonhos para um confidente (tomara que elas saiam todas do papel). Pensa numa copa bem maior pra meu Juazeiro e ocupa, honrosamente, o território. Reposiciona Juazeiro. Quebra o espelho da cidade “patinho feio” e convida os vizinhos para a festa. Sem revanche, se impõe. Juazeiro tem hoje o sorriso aberto de um menino. Tem a bossa de uma moça do samba e a exigência dos adultos ávidos em terem sua cidade de volta.

Longe do perfeito, o certo é que esse Andrei, aquele bancário que conheci há anos, atrás de uma carteira, jogou essa cidade pra cima. Fato! Reconhecer é preciso. Só não ver quem está no subterrâneo das paixões políticas, quem perdeu alguma coisa, os “Murphy” que torcem os dedos para dar errado.

Como diz Belchior, “conheço meu lugar” e logo é dele que falo, é nele eu sinto. Sim, sim, esse é um manifesto justo, mas em aberto. São menos de 12 meses. Apenas. Mas um respiro bom pra minha alma juazeiro.

Tenho visto, sentido e gostado. No entanto, permaneço atenta e crítica. Como deveriam estar os cidadãos e cidadãs desta terra.

Torcer os dedos para agora dar certo, é uma questão de esperança. Eu tenho aquela esperança (com o pé atrás), a esperança que espera mais e que não se cansa de esperar.

A esperança de Juazeiro tem pressa!

Sibelle Fonseca é juazeirense, radialista, militante do jornalismo, pedagoga, feminista, humanista, mãe de Carla, Pingo, Mariana,  Ananda e humana de Diana, cantora nas horas mais prazerosas, defensora dos direitos humanos e dos animais, uma amante da vida e das gentes.

 

5 COMENTÁRIOS

  1. Que procure fazer o melhor para Juazeiro? são 4 anos de gestão administrativa no comando de juazeiro? Tem 12 meses, acho muito cedo para rasgar elogios? Depois disso 4 anos, ou rasgamos elogios pela administração ou choramos por mais um prefeito que aniquilou os sonhos de todos juazeirense por uma cidade naus desenvolvida, limpa e com uma saúde pública excelente.

  2. Sibelle, parabéns pelo texto com alma, sensatez e justiça.
    Mais um fato: Juazeiro, verdadeiramente, não é mais a mesma de meses atrás e, indubitavelmente, irá chegar muito mais longe nessa missão apressada de dar a ela o valor merecido e o carinho que carece.
    Parabéns ao jovem ousado, incansável e obstinado Andrei, o escolhido para cumprir um propósito sustentado por Deus. Avante!

  3. Bom dia faço das suas palavras a minhas agradecida por ter um um prefeito que cuida de mim de você e de toda Juazeiro parabéns Andrei Gonçalves Deus te colocou para que você consertasse o que estava quebrado

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