(foto: arquivo)
Gestante de 4 meses, Vanessa Pereira, 24 anos, passou por uma situação desagradável na manhã desta segunda-feira (13), no Hospital Materno Infantil de Juazeiro (HMIJ), no Sertão norte da Bahia, conforme contou ao PNB. Em conversa com a nossa equipe de reportagem, a paciente relatou que foi humilhada por um profissional de saúde da unidade.
Há quatro dias sentindo fortes dores no abdômen e apresentando perda de secreção vaginal desde ontem (12), a dona de casa procurou a Unidade Básica de Saúde (UBS) do Pedra do Lorde, bairro onde reside. Chegando lá, entretanto, foi informada que, devido a falta de médico, não seria possível realizar o atendimento. “O pessoal do posto indicou que eu procurasse então a maternidade”, disse.
Ao chegar no Hospital da Mulher, a gestante foi atendida na triagem por uma enfermeira. A profissional chegou a salientar que as secreções vaginais são comuns em gestantes, mas devido aos outros sintomas apresentados, como as fortes dores, iria encaminhar a paciente para avaliação do médico de plantão, Alexandre Mariano. Ao chegar na sala do médico, Vanessa se disse surpresa com sua atitude.
“Quando cheguei ele já estava bem estressado e começou a dizer que ‘não seria possível que em Juazeiro não teria médicos em lugar nenhum’. Ele gritava muito. Falou que era um caso para ser atendido em um posto de saúde, e não na maternidade. Ele pediu para que eu deitasse na maca, porém fiquei constrangida com a atitude dele e fiquei sem coragem. Perguntei se ele passaria algum medicamento e ele questionou ‘pra quê?'”, contou Vanessa.
A paciente disse ter explicado o procedimento da enfermeira durante a triagem. “Ele bateu na mesa e foi chamar a enfermeira. Começou a falar várias coisas para ela, inclusive que ele não era obrigado a atender casos de corrimento vaginal. Ele não me examinou, não sabia do que se tratava realmente. A enfermeira explicou que eu tinha outros sintomas, por isso tinha me encaminhado, mas ele disse não eu não precisava ser atendida”, complementou.
Vanessa gravou as falas do médico da unidade hospitalar durante a discussão. O PNB teve acesso aos arquivos e constatou algumas falas do profissional: “Você é a terceira pessoa seguida que eu atendo com corrimento. A culpa é dela (enfermeira). Eu não sou obrigado a ficar atendendo isso não. Isso aqui é um hospital, e não um posto de saúde. Se não tem médico no posto de saúde, procura outro em um bairro vizinho. (…) Não tem médico em canto nenhum na cidade de Juazeiro”, disse Alexandre Mariano, conforme pode ser ouvido em alguns trechos.
Vanessa registou uma denúncia na recepção da maternidade contra o médico. Ela contou ainda que, apesar do médico ter passado uma medicação, saiu do hospital sem se sentir segura para usar o remédio, e muito constrangida com o tratamento nada humanizado dado pelo médico, que deveria ter uma atitude acolhedora. “Foi uma situação humilhante para mim e para a enfermeira”, disse.
O PNB encaminhou a reclamação da usuária para a Secretaria Municipal de Saúde, que em nota confirmou que a paciente recebeu atendimento no Hospital Materno Infantil de Juazeiro (HMIJ), “mesmo não sendo perfil de atendimento hospitalar, uma vez que o médico da UBS Pedra do Lorde solicitou desligamento”.
A SESAU reforçou ainda que as unidades hospitalares são para tratamento de urgência e emergência e que os demais casos devem ser destinados às unidades de saúde. A secretaria disse ainda que, de todas as 63 equipes de saúde da família existentes no município de Juazeiro, apenas 3 estão sem médico, uma destas é a do posto da Pedra do Lorde, mas garantiu que nesta terça-feira (14), a unidade estará recebendo novo profissional.
“A Sesau lamenta o ocorrido e ressalta que todos os profissionais de saúde da rede são orientados a oferecer um atendimento humanizado e acolhedor aos usuários do sistema”, finaliza a nota.
Da Redação