“A arte que não morre: Wellington Monteclaro presente!”, por João Gilberto Guimarães

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Na última sexta-feira, 10 de outubro, data em que se celebraria o aniversário do
saudoso Wellington Monteclaro, vivi uma das experiências mais bonitas e comoventes dos últimos tempos: o lançamento do projeto “Wellington Monteclaro – Vida e Obra”, na UNEB. Um encontro que reuniu artistas, professores, estudantes e amigos para celebrar o legado de um dos maiores nomes da cultura juazeirense — o multiartista Wellington Monteclaro, cuja arte continua ecoando nas memórias, nos palcos e nos corações de quem teve o
privilégio de conhecê-lo.

Sob a coordenação da professora Cláudia Maisa Lins, o projeto nasce com o
propósito de estudar, difundir e manter viva a contribuição imensa que Wellington
deu ao teatro, à poesia e à formação cultural de Juazeiro. Foi uma noite de
emoção verdadeira, marcada por falas, reencontros e homenagens que tocaram
fundo.

O diretor teatral Devilles fez um depoimento profundamente comovente sobre
sua amizade com Wellington, um testemunho de afeto, parceria e admiração que
arrancou aplausos de todos. Também estiveram presentes Mariana e Luana
Pereira, Iramar Cavalcante, Márcio Ângelo e Edvaldo Francioli, artistas e amigos
que ajudaram a construir essa memória coletiva, viva e pulsante.

Mas talvez o momento mais simbólico da noite tenha sido a presença de Dona
Dalva, mãe de Wellington, essa mulher forte, guardiã e divulgadora incansável
da obra do filho, que com sua ternura e coragem mantém acesa a chama da
lembrança e da gratidão. A cada palavra, a cada olhar, ela nos lembrava que o
amor também é uma forma de resistência.

A noite foi coroada pela emocionante apresentação da Trupe Errante, sob
direção de Thom Galiano, que realizou uma leitura dramatizada inspirada na vida
e na obra de Wellington Monteclaro. Foi um espetáculo sensível, poético e
arrebatador, uma verdadeira celebração da arte que nasce do afeto, da memória
e da vontade de continuar.

Em meio a tanta emoção, é impossível não lembrar da Lei Municipal nº
2.663/2016, assinada pelo então prefeito Isaac Carvalho, que criou o Festival de
Teatro Wellington Monteclaro. Essa lei, que deveria garantir a continuidade de
um evento anual em homenagem ao artista e em prol do teatro juazeirense, foi
realizada apenas duas vezes desde sua criação. Desde então, as gestões
seguintes têm ignorado sistematicamente essa importante política cultural,
deixando o teatro local à margem, à deriva, sobrevivendo do esforço e da paixão
dos artistas que resistem.

Chegou o momento de a atual gestão, liderada pelo prefeito Andrei, olhar com
responsabilidade e sensibilidade para o setor teatral. O Festival Wellington
Monteclaro não é apenas um evento: é um símbolo de respeito à memória de
um artista que dedicou a vida à cultura e de compromisso com todos os que
continuam lutando para manter o teatro vivo em Juazeiro.

O lançamento deste projeto mostrou que a arte resiste onde há amor, memória
e união. Que o exemplo de Wellington continue inspirando novos gestos, novas
políticas e novos olhares sobre a cultura. Porque enquanto houver quem
acredite, a obra não morre, ela floresce, renasce e continua a iluminar o caminho
de todos nós.

O Projeto “Wellington Monteclaro – Vida e Obra” é uma iniciativa da UNEB, sob
coordenação da professora Cláudia Maisa A. Lins, e conta com os subprojetos
de iniciação científica “Leituras Dramáticas – Wellington Monteclaro em Cena”
(EdnaBarbosa), “Wellington Monteclaro, Vida e Obra, Exposição” (Andréa de
Deus) e “Wellington Monteclaro – Para Além das Fronteiras” (Kauane Rainara).
O projeto tem ainda uma vertente de extensão, com o apoio do mandato do
deputado Zó do Sertão, e contempla oficinas de artes visuais (Bárbara Martins),
confecção de figurinos (Profª Ana Lilian dos Reis), leitura dramática com a Trupe
Errante, comunicação (Letícia Duarte) e curadoria da exposição (Lais Lino).
Participam também Dona Dalva Coelho, mãe do artista, e os irmãos Solange,
Sandra, Sônia e Whashington Coelho, além da professora Odomaria Bandeira e
Everton Antônio Silva Castro — todos unidos pela missão de preservar e difundir
o legado de um dos maiores artistas de Juazeiro.

Por João Gilberto Guimarães Sobrinho, sociólogo, poeta e produtor cultural
juazeirense, eterno admirador da vida e obra do nosso pequeno gigante da arte,
Wellington Monteclaro.

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