Professora de Filosofia surpreende alunos do IF-Sertão PE

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Aula de Filosofia para a turma de Agronomia do campus Petrolina Zona Rural do IF Sertão-PE. Os estudantes esperavam pela professora substituta que ministraria sua primeira aula para turma. Na sala, uma pessoa limpava mesas e cadeiras atenta aos burburinhos dos alunos que comentavam sobre a demora da professora.

Edenise Guedes resolveu provocar. A docente vestiu-se de servidora da limpeza e se colocou por tempos diante dos estudantes, limpando e organizando o ambiente. Até que parou diante deles e questionou: o que é filosofia? A turma se surpreendeu. Então aquela mulher que limpava seria a professora?

Para espanto deles sim. Edenise estava ali o tempo todo, mas se sentiu invisível. “Andei pelos corredores e as pessoas não olhavam para mim. E quem olhava e me reconhecia, olhava espantado. Você vê como a gente precisa olhar o mundo. Tem uma parte da filosofia que eu sempre digo: leiam o mundo em sua volta”, afirmou a professora.

Para ela, ir para a aula caracterizada de outro profissional teve como objetivo chamar atenção e mostrar que o conhecimento está em qualquer lugar. “A ideia é pensar como seria ter um professor invisível por alguns momentos na sala. Será que eles olhariam o outro? Essas pessoas colaboram para o ensino, são fundamentais para o funcionamento da instituição e muitas vezes nós não percebemos isso”, explicou. Além disso, Edenise quis incomodar. “Fazer eles sentirem esse incômodo é o que faz as perguntas surgirem. E questionar as coisas é muito importante”, disse.

As estudantes Micaele Bagagi e Letícia Souza estavam na aula e confessam: não prestaram atenção na pessoa que estava ali até se apresentar como professora. “Ela só estava limpando a sala. Se ela tivesse entrado como professora nós teríamos tido outro comportamento, outra atitude”, disse Micaele. “Foi uma experiência diferente, que fez a gente refletir. Pensar em notar mais as pessoas, olhar mais para os lados”, considerou Letícia.

Segundo a percepção de Edenise, o objetivo foi alcançado. “Eles pararam para ver que estavam meio cegos na instituição. A minha função como professora de filosofia é fazer como que vocês saiam daqui melhores”, concluiu.

Por Inês Guimarães / Ascom IF-Sertão

O Portal Preto no Branco foi conhecer de perto Edenise Guedes e bateu um papo com ela sobre essa iniciativa, filosofia e a educação no Brasil, veja.

45 COMENTÁRIOS

  1. Admirável professora de Filosofia que colocou os alunos para refletirem, como o próprio conceito de filosofia nos traduz pois é a ciência do pensamento

  2. Parabéns professora Edenise. Sua introdução ao estudo de Filosofia, foi fantástico!!! Disciplina show de bola! Minha paixão. É preciso colocar os alunos para refletir e questionar tudo o quanto está ao seu redor.Sucesso!

  3. A professora está de parabéns, pois conseguiu levar a reflexão aos alunos na forma mais filosófica possível… causando o ESPANTO! Enxergar o mundo de forma questionadora é a essência do filosofar.

  4. parabéns professora, temos que tirar esses alunos do estado de letargia em que se encontram. pode parecer estranho, mas a tecnologia que ajuda ao progresso, é a mesma que aniquila a sociedade.

  5. É uma experimencia muito rica, e coloca em xeque a questão da invisibilidade dos que tambem são construtores da história. Eu trabalhei numa empresa de limpeza urbana em Salvador, e pude perceber a negação do outro através dos olhares e comentários. Trabalhei na coleta domiciliar ( no caminhão de coleta diária), na função de coletor e ao passar pelas ruas para coletar o lixo da comunidade eu e os meus colegas eramos chamados de “fedorentos” “carniceiros” e “cheirosos” e etc.. Só nesse periodo que eu trabalhei, que vim buscar, uma maior consciencia no que tange a discriminação, no Brasil. Muitas das questões que fizera-me inquietar-me, partiu do entendimento da construção da identidade brasileira pautada no alicerce da escravidão. Hoje estou graduando-me na area de licenciatura no campo da história e venho buscando através da fome do conhecimento.

    • Julgo existir um estudo admirável de um Psicólogo Brasileiro feito no terreo sobre a “invisibilidade” do guri, julgo que seja assim chamado.

  6. Só não gostei da foto, não é adequado colocar o dedo no rosto de alguém. Em alguns culturas é falta de educação ou provocação. Essa ideal dessa ilustre dicente é questionável pela atual complexa estrutura de nossa sociedade. Talvez em alguma época passada, essa abordagem seria louvável, nos dias de hoje tenho dúvidas.

    • Jovem, acredito que sua visão e análise da imagem, coisa que exige muito treinamento e prática e não passível de erro apesar de já se ter tudo isso, estão imensamente equivocadas. Quanto ao argumento de outras culturas desaprovarem certos atos e comportamentos, lembrando que o comportamento que você citou como ofensivo veio da sua interpretação equivocada, é também imensamente falho, estamos nesta cultura e nossas ações se baseiam nela, considerar algo certo o errado levando em consideração somente a sua cultura é etnocentrismo, um exemplo para ficar melhor explicado foi o que os europeus fizeram em relação ao nosso continente há vários séculos. Como afirma, nossa sociedade a cada dia se mostra mais complexa e, acreditamos que quanto mais se conhece do outro mais se respeita, esse é o objetivo.

    • Prezado amigo Luciano, Saudações!

      Na primeira vez que olhei a foto, também me representou estranho uma professora de Filosofia com o dedo em riste na face de aluna. Porém como filósofo, não posso permanecer apenas com a primeira impressão, então retornei à imagem após a leitura de seu comentário… Foi onde percebi o olhar da professora Edenise que estava de certa forma buscando novas ideias, e o dedo aponta para cima acompanhando o seu olhar, como na imagem de Platão apontando para cima, forma de chamar atenão ao mundo das ideias, que segundo o Filósofo Grego, é a forma perfeita de ser. Embora perfeição pareça ser relativa, podemos acreditar que a partir da reflexão podemos nos aproximar um pouco mais dela. Então acredito que não tenha sido a intensão da Nobre colega, professora e filosofa Edenise querer demostrar poder, prepotência ou imposição de conhecimentos ou coisa desta estirpe a seus alunos, e sim, uma forma de sensibilizar de forma criativa sua reflexão sobre o ser.

  7. Caro Luciano Pinheiro, você não estava lá no monento, então com isso não pode entender o contexto da situação. Quanto a afirmação de outras culturas não é válida. E só essa observação mais: nota-se na foto que o olhar da docente está direcionado para outro lugar, isso sugere que ela não estaria com o dedo em riste em repreensão a aluna.

  8. Esta Edenise Guedes é uma autêntica Professora de Filosofia! Questionando fortemente o senso comum, na prática, para então fazer seus alunos pensarem sobre a própria realidade vivida!

    • Desculpe-me prof., meu comentário foi baseado no texto e foto. Em relação a foto, ela parece-me que dá margens à outras interpretaçoes. A professora debruçada com o dedo indicador em direção ao rosto da aluno, dá a impressão que a professora está repreendendo a mesma de forma inadequada. Enquanto ao olhar, bem, talvez no momento da repreensão alguém chamou a professora. Um abraço!

      • Isso é babaquice brother, como um dedo q está indicando pra cima, o alto, está sendo visto como um apontamento de repreensão? Sua análise com base na foto é um tanto equivocada… e todos professores q provocam a curiosidade no aluno se debruça sobre uma mesa, olha no olho de seus educandos, isso é didática, se não é de seu conhecimento, provocação ao conhecimento não pode ser vista com maus olhos.
        Abraços. Fique em paz

      • Ora, por favor… Você não estava lá!!! “Dedo em riste”? E se ela estivesse indicando o número um, ou falando qualquer referência a este numeral, como a palavra “único”? E se fosse realmente repreensão a um possível mau comportamento da aluna? Tem como saber? Ah, tem sim… Perguntando, antes de tirar conclusões!!!

      • Luciano o dedo indicador em direção ao aluno ? Você tem certeza que tá em direção ao aluno ? Se a sua resposta for SIM mande formatar seu computador ele tá com vírus.

  9. Pois Professora valeu a iniciativa. As pessoas tem que saber também onde ficam as coisas e pra que servem. Pois veja que o trabalho dos menos oportunos parece ser subestimado. Gostei pois fez alguém ter
    valor as coisas e saber valorizar o próximo.

  10. Fiquei encantada com a experiência desta professora. Sugiro que ela interprete e filme esta situação, ela mesmo, na sua escola. Que seja enviado este filme para todas as escolas! Esta é a filosofia e a história dos papéis que é preciso ser ensinada neste nosso país.
    Profa. Dra. de História
    -aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da PUCRS
    – Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação da Universida Estadual de Londrina
    – Bolsista de Produtividade do CNPq
    – Bolsista da Fundação Araucaria

  11. Aprendamos olhar o mundo.A foto foi apontada como protagonista numa história bem maior.Esses alunos com certeza receberão a maior lição de suas vidas.O véu foi retirado,consequentemente isso estrá melhorando o resto das suas vidas.É inadmissível deixar matéria tão importante na formação do individuo como segundo plano.Muito sábia a didática da professora.

  12. Parabéns professora pela didática eficaz e envolvente. Os métodos precisam ser reinventados a cada dia. Palavras certas encantam, gestos muito mais. Saber inserir valores de forma simples e prática, não tem preço.
    Parabéns.

  13. Aluno na minha epoca entrava na sala de aula era obrigado a mostrar o dever de casa . Pra falar com o professor tinha que pedir com educaçao . Hoje o aluno se acha mais inteligente do que o professor os pais sao omissos e na maioria dos casos amaioria dos alunos sao analfabetos funcionais

  14. Parabéns Professora.
    Leciono numa instituição de ensino superior e também já notei que os profissionais da limpeza são “invisíveis”.
    Grande abraço. Excelente trabalho.

  15. Fora da caixinha. Chama a atenção para o dedo apontado mas não para o alvo ,
    Curioso, faltou comentar o esmalte, o lugar comum e o quadradismo do ensino no Brasil que o trabalho de Edenise chamou o mundo acadêmico a refletir sobre a falta de criatividade e a pouca dedicação ao método e o envolvimento do aluno no modelo aplicado até aparecer a prof. Edenise. Parabéns menina magia. IF aproveite a aparição do cometa edenide.

  16. Amei esta professora. Prestar atenção nos invisíveis é algo que deveríamos aprender em casa e não na Escola, muito menos na Faculdade, onde o raciocínio deveria ser um pouco mais elevado. O respeito às pessoas, independentes de quem elas sejam, deve fazer parte da conduta de uma pessoa com idade de nível superior. Pena que a sociedade não se atenta pra isto. São pouquíssimas as pessoas que enxergam os invisíveis.
    Mas, se a gente se surpreende em ser pego por atitudes como da professora, imagine como os invisíveis se surpreendem quando a gente os trata com dignidade. Um bom dia, um com licença, um sorriso, um muito obrigado. Coisas que não nos custam nada e valem tanto pra quem recebe.

  17. Há surpresa, sim, pois, não se está mais conseguindo ver o outro como parte inter relação. Misericórdia, Senhor! Culturalmente, vemos o outro pelo que faz profissionalmente, e isso afasta as pessoas uma das outras, principalmente mo mesmo grupo de trabalho quem serve o cafezinho, lava banheiros etc, parece não fazer parte da empresa. Muito pertinente a estrategia da professora ao iniciar a aula exatamente com a ação a ser discutida.

  18. Explicando melhor, no momento atual em que tudo está acelerado olha-se o outro muito rápido e a professora mostrou o que às vezes acontece na sociedade e como ela discutiria com os alunos “filosofia” ela quis chamar a atenção em relação a profissões, talvez, mais simples mas imprescindível. Parabéns para a professora, pela reflexão

  19. A “professora” era pra tá ensinando as vertentes filosóficas propostas por nomes como Platão, Sócrates etc e não promovendo artimanhas sentimentaloides para levar o aluno a adquirir pensamentos imbuídos de pena ou empatia por pessoas supostamente menos favorecidas. Uma tática de doutrinação esquerdista, com certeza. Falsa, como de fato estas táticas são, pois na verdade uma funcionária da limpeza não necessita de compaixão, afinal ela está trabalhando em uma tarefa digna, como qualquer outra.Quanto preconceito achar que por ela esta realizando esta tarefa mereça pena. Pieguice das grandes.

  20. Algumas pessoas estão interpretando a foto sem estar no local no momento. O dedo da professora não está apontado para nenhum aluno, e sim para cima , para ela mesma, o que é um gesto comum para chamar a atenção de algum conceito. Detesto pessoas que fazem pré julgamento. Tais observações e comentários são superficiais e piegas, de pessoas que precisam muuuuito de aulas de filosofia.
    Parece que algumas pessoas são “pisicas”. Sofrem de autoritarismo em cada esquina e enxergam horrores em pessoas bem intencionadas. Desculpem, mas isso é ridículo! Entenderam? Eu disse “isso” é ridículo, antes que me acusem de chamá-los de ridículos!

  21. Parabéns. Belíssima iniciativa e criatividade…. Precisamos de mais profissionais com essa visão do todo.
    A filosofia tem essa proposta, a inquietação e o espanto. Adorei.

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