Você já teve dias nos quais a desesperança toma conta de você?
Eu os estou vivendo, desde quando deflagrado o processo de Impeachment de Dilma Rousseff.
De certa forma, fui tomado de surpresa por mais ingênuo que isso possa parecer. Achava que não veria o país passar por um golpe e ter a sua democracia suplantada pelos interesses mais mesquinhos. Tudo em nome do poder e pelo poder.
Olho para minha filha, que tem 14 anos, e penso: tomara que a sua geração consiga! A nossa falhou em preservar a democracia contra os interesses de políticos sedentos de poder e porta-vozes da plutocracia.
Aconteceu. Foi tudo de forma sórdida, em meio a situações de conspiração explícita, omissão do poder judiciário e (esta já não me causa surpresa nenhuma) manipulação escancarada da mídia.
Eu podia estar aqui fazendo reflexões de cunho político, analisando conjunturas que levaram o PT a ser alvo fácil para a tomada do poder por vias hediondas, com a isenção de quem nunca viu sequer uma ficha de filiação ao Partido dos Trabalhadores. Mas é só desta tristeza que tive vontade de falar.
Eu prefiro, no entanto, sofrer esta dor e enfrentar o luto do que ficar alheio ao que está ocorrendo no país. O sentimento dilacera, mas não consegue matar a certeza dos ideais. Ao contrário, da tristeza vem a convicção de estar do lado correto, da convicção vem a motivação e, da motivação, nasce a luta.
Neste meu texto de estreia, me perdoem as poucas palavras! No luto, elas ficam quase inacessíveis.
Do luto à luta! Teve golpe, mas haverá resistência e ação.
Clériston José da Silva Andrade
Secretário Municipal de Educação e Esportes
Juazeiro-Bahia