Após derrotas na Câmara, Cunha vai se pronunciar nesta terça

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O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), concederá entrevista coletiva nesta terça-feira (21) depois de mais de um mês sem fazer pronunciamentos à imprensa. A declaração será dada após Cunha sofrer revés político no Conselho de Ética da Câmara no último dia 14, quando o colegiado aprovou parecer que pede a cassação do mandato dele.

Com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender o mandato de Cunha, investigado por corrupção e lavagem de dinheiro, o peemedebista está proibido de circular pelos corredores da Câmara.

 O motivo oficial da entrevista desta terça-feira, agendada para 11h no Hotel Nacional, em Brasília, não foi divulgado, o que abriu margem para especulações. Nas palavras de um dos principais interlocutores do peemedebista, o objetivo da convocação da imprensa é rebater acusações e tranquilizar deputados aliados em relação a rumores sobre eventual acordo de delação premiada de Cunha na Operação Lava Jato.

Por meio de sua conta no microblog Twitter, Cunha já negou mais de uma vez a intenção de virar delator da Lava Jato, que investiga esquema de corrupção e desvio de dinheiro em contratos da Petrobras. O presidente afastado da Câmara diz não ter praticado nenhum crime e, portanto, não teria o que delatar.

No meio político, também se falou na possibilidade de Eduardo Cunha renunciar ao cargo de presidente da Câmara, numa tentativa de minimizar o impacto do pedido de prisão contra ele feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. No documento, Janot argumenta que Cunha usa o cargo para atrapalhar investigações.

Possibilidade de renúncia
Uma eventual renúncia de Cunha também foi especulada por parlamentares como forma de tentar angariar mais apoio no plenário e tentar barrar a aprovação da cassação do seu mandato. No Conselho de Ética, o parecer do relator, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), pela cassação, foi aprovado por 11 votos a 9.

O placar surpreendeu até mesmo adversários do presidente afastado, que não contavam com os votos contrários a Cunha do deputado Wladimir Costa (SD-PA), que mudou de ideia na última hora, e da deputada Tia Eron (PRB-BA), que só se posicionou no instante final.

Um dos principais defensores de Cunha, odeputado Carlos Marun (PMDB-MS), sustenta a tese da renúncia por entender que, dificilmente, ele conseguirá reassumir o posto. “Não vejo hoje nenhum benefício em se lutar pela presidência”, disse Marun nesta segunda.

Outros aliados do peemedebista, no entanto, descartam essa possibilidade. “O que ele ganharia com a renúncia agora? Ele não teria o que dar em troca”, avalia um líder partidário próximo a Cunha.

Parecer do Conselho de Ética
O pronunciamento à imprensa também deverá ser usado para rebater ponto a ponto o parecer aprovado no Conselho de Ética. “Eu acho que ele vai antecipar o que virá no recurso que a defesa apresentará nesta semana”, afirma um integrante influente do colegiado.

No conselho, Cunha respondeu a um processo por quebra de decoro parlamentar pela suspeita de ter ocultado contas bancárias secretas no exterior e de ter mentido sobre a existência delas em depoimento à CPI da Petrobras, no ano passado.

Ele reiteradamente repete que não é dono de conta no exterior, mas apenas o beneficiário de recursos geridos por trustes, entidades jurídicas formadas para administrar bens e dinheiro.

O prazo para a defesa dele recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da votação no Conselho de Ética vai até esta quinta-feira (23).

Processos
Cunha já é réu no Supremo pela acusação de ter recebido US$ 5 milhões de propina resultante de contratos entre a Petrobras e as empresas Samsung Heavy Industries e Mitsui. Ele nega ter recebido propina.

Na semana passada, o Banco Central informou ao Conselho de Ética da Câmara ter multado Cunha e a mulher dele, Cláudia Cruz, em R$ 1,13 milhão por não terem declarado recursos no exterior à Receita Federal entre 2007 e 2014. Cabe recurso da defesa.

 FONTE: G1

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