Colônia de férias voltada para o público negro, em ES, gera polêmica nas redes sociais.

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Dany, Priscila e Meyrieli organizam a colônia de férias Quilombinho (Foto: Guilherme Ferrari/ A Gazeta)

Uma colônia de férias voltada para crianças negras, em Vitória, causou polêmica nas redes sociais com a frase: “são apenas 60 vagas gratuitas para crianças negras de 4 a 10 anos”. Internautas disseram que a publicação leva à segregação de raças. Já a organização do evento nega qualquer tipo de preconceito.

Os questionamentos começaram quando a página Das Pretas, instituto que organiza o evento, divulgou em uma rede social o evento “Quilombinho – Colônia de Férias Afrocentradas” e publicou a frase polêmica.

“Aquilo me deixou indignada, porque eles estavam restringindo um evento para crianças negras e excluindo outras etnias. Na hora eu pensei: se eu, como branca, faço uma colônia de férias para brancos, isso vira um escândalo, eu posso até ser presa”, argumentou Beatriz Portanova, uma das internautas que questionou a divulgação na rede social.

Assim como Beatriz, outros usuários se revoltaram, dizendo que o evento era racista ao impedir a participação de crianças brancas. A restrição foi negada pela organização, que optou por retirar a palavra negra da postagem.

“Em nenhum momento foi dito que era um evento exclusivo para crianças negras, o fato de ser uma ação afirmativa para negros, não exclui a participação de outras raças. Tentamos explicar isso nas redes sociais, mas as pessoas não entenderam e achamos melhor retirar a palavra negra para evitar polêmica”, disse a presidente do Instituto Das Pretas, Priscila Gama.

Priscila explica que a colônia de férias foi pensada para reafirmar a identidade das crianças negras, que segue sem representatividade em grande parte dos eventos.

Mesmo com uma programação voltada para o público negro, Priscila afirma que crianças de qualquer raça podem participar, inclusive algumas já estão inscritas.

“A gente acha extremamente importante que não só os negros, mas pessoas de outras raças participem e discutam o racismo. Somos um instituto de negros e queremos representatividade para nossas crianças, por isso o evento é feito para elas. A legislação diz que a população negra tem direito de fazer eventos para sua cultura e raça. Não há nada errado”, destacou.

Restrição de raças é crime
De acordo com a legislação, eventos voltados para determinados públicos não podem impedir a participação de outras pessoas, independente de raça ou etnia. A restrição é uma forma de segregação e pode configurar crime.

“Você estaria vedando o exercício ao direito de uma pessoa em relação a etnia, e isso é crime. Mas isso não quer dizer que você não possa promover eventos para determinados públicos, o que é bem comum. Ao que me parece, a colônia de férias é um evento criado para crianças negras, mas que não impede a presença de crianças brancas, por exemplo. Dessa forma, não há problema”, explicou o professor e especialista em Direitos e Garantias Raphael Boldt.

Prefeitura de Vitória
A Prefeitura de Vitória, que é uma das apoiadoras da colônia de férias, informou que não há qualquer tipo de exclusão no evento.

O secretário de Cultura Francisco Grijó ressaltou que “todos os espaços da Secretaria de Cultura estão abertos ao público, sem qualquer restrição. A secretaria tem o posicionamento da diversidade, da generalização”, escreveu por meio de nota.

G1

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