PF diz que Cunha negociou MP com a Andrade Gutierrez e Odebrecht

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Medida Provisória 627 é investigada pela Operação Zelotes. Relatório de conversa no WhatsApp foi anexado a inquérito da Lava Jato.

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A Polícia Federal acredita que o deputado Eduardo Cunha e o presidente afastado da construtora Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, negociaram parte do texto de uma medida provisória investigada pela Operação Zelotes. De acordo com um relatório da PF, anexado a um inquérito da Operação Lava Jato, Azevedo e Cunha trataram diretamente sobre um trecho da medida, que tratava do lucro de multinacionais brasileiras obtido no exterior.

Segundo as conversas obtidas pela Polícia Federal, no celular de Azevedo, a construtora Odebrecht pode ter participado das negociações.

Questionado sobre a suspeita, Cunha afirma que a medida provisória foi discutida com diferentes setores.

A medida provisória 627, que foi transformada em lei em 2013, é investigada pela Operação Zelotes. Nessa investigação, a polícia apura a possibilidade de a medida ter beneficiado montadoras de veículos instaladas no Brasil.

No inquérito da Lava Jato, porém, o relatório aponta a ingerência das duas construtoras, Andrade Gutierrez e Odebrecht, no texto que seria aprovado.

À época, Eduardo Cunha ainda não vislumbrava a Presidência da Câmara dos Deputados. Dessa forma, ele foi destacado como relator do texto. Já as duas empreiteiras foram investigadas a partir da 14ª fase da Lava Jato, deflagrada em junho de 2014. Na ocasião, os presidentes das duas empresas foram detidos.

Nas mensagens, Azevedo pergunta a Cunha se ele acertou com o governo duas mudanças propostas pela CNO. Segundo a PF, a sigla significa provavelmente Construtora Norberto Odebrecht. “Esse ponto 1 eu acertei mas tem de ser em segredo. O segundo não”, respondeu Cunha.

A conversa entre o deputado e o empreiteiro aconteceu no dia 1º de abril de 2014. Conforme o relatório, no dia 30 de julho do mesmo ano, Cunha volta a mandar mensagens para Azevedo.

Ele passa os números de uma conta bancária, que seria para a campanha do ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB) ao governo do Rio Grande do Norte. No dia 31, Cunha manda mais uma mensagem: “Fez Henrique????”.

A Polícia Federal não aponta ligações entre a negociação sobre a medida provisória e o pedido de Cunha para a doação para a campanha de Henrique Eduardo Alves. Tampouco cita qual valor teria sido depositado.

“Com relação à MP 627, várias matérias foram discutidas, não só com os setores, como também com o Governo, através de troca de e-mails. Quanto a passar dados de contas de Henrique Alves, não há nada além de uma solicitação transparente de doação legal”, afirmou o deputado Eduardo Cunha.

O G1 tentoU contato com as empresas Andrade Gutierrez e Odebrecht.

G1

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