​”Cultura não é espetáculo, cultura é permanência”, afirma o conselheiro Jorge Baptista Carrano

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Cultura e democracia foram temas abordados pelo poeta e conselheiro de cultura Jorge Baptista Carrano, em entrevista concedida à equipe do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB). Parte do material tem sido veiculado ao longo da programação da TVE, porém, na versão ampliada do vídeo, com pouco mais de sete minutos, é possível ter acesso a pertinentes declarações centradas em temas como a influência da cultura no atual cenário político do país, a importância da cultura negra e a necessidade de investir na formação de novos públicos no Brasil.

Carrano lamenta a dificuldade de atrair parte da sociedade para ambientes culturais, como exposições, saraus e teatro.  “A cultura não é espetáculo, a cultura é permanência. O Brasil sofre um problema sério, que é o de não existir o hábito da cultura, o hábito do convívio com a cultura. O hábito de, por exemplo, sair de casa para ir ao teatro várias vezes ao mês. E existem hoje trabalhos que são acessíveis ao grande público, mas o grande público não sabe que é bom. Não se vai a um sarau, a uma exposição de artes plásticas ou a uma instalação, porque não existe o hábito da cultura”, afirmou.

À frente de trabalhos como presidente do Colegiado Setorial de Literatura, Carrano reconhece os avanços das políticas culturais nos últimos anos e disse ser possível identificar como o empoderamento de determinados setores esteve atrelado à cultura. Porém, assinala a necessidade de ações que promovam a formação de novos públicos. “O público precisa entender que a cultura é necessária porque a cultura é o respirar, o comer, o diálogo do pai com seus filhos. A democracia só existe porque a cultura existiu antes”, disse.

POLÍTICA – O conselheiro lembrou ainda que é por meio da cultura que os indivíduos se fortalecem, processo que tende a reverberar, inclusive, no âmbito político. “A Cultura rege tudo: a ética de um povo, a ética na política, conceitos como cidadania e convívio familiar”, assinalou, após lembrar que a Bahia hoje é referência em participação da sociedade civil nas políticas culturais por meio de instâncias como o Conselho Estadual de Cultura e os Colegiados Setoriais, que contam com integrantes eleitos da sociedade civil.

O atual cenário, no entanto, ainda traz distorções que precisam ser corrigidas. Uma delas é a tendência de projetar estruturas políticas que unifiquem a cultura com outros setores, como acontece com secretarias e ministérios que englobam áreas como cultura e educação. “Se confunde muito cultura com educação. A educação é um apêndice da cultura. A cultura é o conceito de um povo, a imagem e o perfil de um povo. A educação é uma ferramenta que capacita esse povo. São duas coisas diferentes. E o que acontece hoje na política do país é exatamente pela falta da cultura”, assinalou.

Ao longo da entrevista, o conselheiro reforçou também a importância da cultura negra. “Existe um erro imenso de relacionamento na sociedade baiana. Uma Bahia que é 80% negra tem que se submeter a 20% de uma cultura branca que se impõe à cultura negra. É o contrário: os brancos é que têm que se adaptar, e nada deve ser imposto. Tem que se adaptar a uma cultura negra que é raiz, forte”, completou o conselheiro.

O vídeo na íntegra está postado no Facebook, na página do Conselho Estadual de Cultura.

>> Clique aqui e acesse.

 Conselho Estadual de Cultura da Bahia – Assessoria de Comunicação

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