Profissionais terceirizados do Colégio Modelo Luiz Eduardo Magalhães, em Juazeiro-BA, continuam em greve, alegando que estão com salários atrasados e sem receber tickets alimentação e vale transporte.
As aulas estão paralisadas há quase dez dias. Na última terça-feira (20), professores e alunos da instituição se juntaram aos terceirizados e realizaram um manifesto em frente ao prédio sede do NRE-10 (Núcleo Regional de Educação 10), antiga Direc-15, quando conseguiram ser recebidos pela coordenadora do Núcleo, professora Marinez Silva Menezes Santos.
A coordenadora do NRE-10 garantiu a comissão formada por 15 professores e terceirizados, que o pagamento estava sendo efetivado. Segundo ela a empresa Convic, que atende a Juazeiro, cumpriu em partes o que foi acordado e pagou os salários atrasados a 396 terceirizados, restando cerca de 136 trabalhadores. A coordenadora esclareceu ainda que os terceirizados não receberam os salários, por conta de um erro do banco, no cadastro ou falta de documentação. Marinez disse ainda que a empresa garantiu o pagamento para as próximas horas.
Uma profissional terceirizada, que não quis se identificar, enviou para redação do Portal Preto no Branco um texto em que faz um desabafo sobre a greve e diz que existe um descaso com a educação pública de qualidade.
Veja:
” GREVE DOS TERCEIRIZADOS NAS ESCOLAS ESTADUAIS DE JUAZEIRO: UM DESCASO A EDUCAÇÃO PÚBLICA DE QUALIDADE
Até quando? Até quando funcionários continuarão trabalhando na rede estadual de ensino sem previsão de receber salário? Até quando? Desde julho de 2016, quando o secretário de educação Walter Pinheiro assumiu o cargo, todo dia é dia de receber os salários atrasados.
Ao entrar pediu paciência e um voto de confiança aos funcionários terceirizados. Nos prometeu uma nova empresa e que já no final de julho receberíamos o primeiro salário. Isso sem falar na regularização dos salários das antigas empresas como Sandes, Saltur e Basitec. Resultado, estou há 03 meses sem receber salário. Tenho companheiras e companheiros com 5 meses sem receber. Isso é correto? Sou mãe de família, só eu trabalho dentro de casa e falta muito pouco para passar necessidade. É por isso que estou de braços cruzados. Não volto a trabalhar até receber pelos meus direitos.
Enquanto isso, convido qualquer um a visitar as escolas, as que estão funcionando. Muitos preferiram continuar funcionando, mas estão sujas e sem merenda, liberando os alunos mais cedo, reduzindo as aulas. Estão se enganando e iludindo os alunos com aulas pela metade. Poucas escolas estão funcionando normalmente (mesmo com os salários dos terceirizados atrasados). Eu cansei! Chega de descaso! Sento Sé, Uauá, Juazeiro…várias escolas atingidas e paradas, esperando apenas a Secretaria de Educação cumprir as promessas e regularizar as pendências com os terceirizados.
Tem gente trabalhando sem contrato. Trabalharam Julho e Agosto e tiveram que assinar um termo de indenização para receberem esses dois meses pela Secretaria de Educação, mas nem a própria secretaria está conseguindo honrar suas responsabilidades. Até hoje não tem empresa para eles e nem receberam os meses trabalhados.
Cadê os políticos nessa hora? Cadê que batem de frente e se dispõe a lutar por uma educação de qualidade? Num quero só emprego não candidatos, quero trabalhar e receber pelo meu trabalho. E alerto aos pais que tem filhos nas escolas da rede estadual, acompanhe a escola de seus filhos e veja se não estão funcionando no faz de conta, liberando os meninos cedo e reduzindo aulas, porque tem escola que não quer parar para não atrasar o final do ano, mas quem ta pagando a conta são os alunos que estão com aulas reduzidas e estudando na poeira e na imundice dos banheiros (correndo até risco de infecção).
Quero também agradecer aos professores e alunos que abraçaram a nossa causa e resolveram parar as atividades e lutar com a gente. E para os que continuam dando jeitinho para as escolas funcionarem, meu desprezo. Também somos parte da escola e estamos buscando o que é justo. Se o coletivo prevalecesse, tenho certeza que mais rápido as coisas se resolveriam.
Assinado: Terceirizada Revoltada! “.
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia informou que está realizando os pagamentos direto nas contas dos trabalhadores e que a maior parte dos pagamentos já foi efetuada. O texto diz ainda que aqueles trabalhadores que, porventura, não identificaram o pagamento no extrato bancário, devem entrar em contato com o NRE para verificação dos dados bancários.