O montador de móveis Adriano Braga e a dona de casa Márcia Marques dos Santos fugiram à regra do simples apoio à filha, Mayara Marques, 17, aluna do 2º ano do ensino médio na escola Costa Rego, em Arapiraca (130 km de Maceió), Alagoas.
O casal vai diariamente à escola, onde a filha não só estuda, mas sim, desde o dia 26 de outubro, ocupa. Apenas alunos ficam e dormem nos prédios ocupados.
A unidade é uma das sete em que os alunos protestam na cidade, a campeã em ocupações estudantil no Nordeste –segundo a lista do MEC com prédios em que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) foi cancelado.
Vindo do sítio Mundo Novo, na zona rural em Arapiraca, Braga afirma que a escolha por apoiar a filha e “participar” da ocupação veio por temer retrocessos com a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do Teto –em que haverá limite de gastos por parte do governo.
“Quero para minha filha um destino diferente do que eu tive. Quando criança, tinha que ajudar meu pai na plantação de fumo, não pude estudar. Aos 18 anos tive que ir para São Paulo trabalhar. Hoje era para eu estar formado, e quero isso para minha filha”, contou Braga. “Estamos aqui porque queremos para ela o melhor, e tudo que for para melhorar a vida dela nós vamos apoiar.”.
Opinião similar tem a mãe da jovem: “Aos 13 anos tive de parar de estudar para minha ajudar minha mãe no trabalho. Também não quero isso para minha filha. Desejo muito que ela entre numa faculdade e estude”.
Santos conta que diariamente ajuda os estudantes cozinhando para eles, além de “fiscalizar” a organização da unidade. Aos fins de semana, quando folgam do trabalho, ela e o marido participam ainda mais ativamente da ocupação. “Mas todos os dias passamos aqui, vemos como estão as coisas, cozinho. Ajudamos em tudo, mas eles são muito organizados e estão cuidando muito bem do colégio”, afirmou.
A estudante conta que tem orgulho dos pais e afirma que muitos estudantes não têm o mesmo apoio. “Tem gente que é contra, mas não chega a 20%. A maioria apoia, mas não participa porque os pais não deixam, acham que aqui é bagunça, mas não é. Estamos lutando pelos nossos direitos, e a lei diz que a escola é nossa. Por isso, estamos ocupando, lutando agora pelo futuro dos nossos filhos”, afirmou.
Fonte: UOL Notícias