No Brasil pós-democrático, “tudo é perigoso” – Por Ivânia Freitas

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ivania freitas
Ivânia Freitas-Professora da Universidade do Estado da Bahia – Doutoranda em Educação pela Universidade Federal da Bahia.

“A onda reacionária que vivemos no Brasil desde abril deste ano, requer cuidado dobrado em todas as questões que envolvem os princípios básicos democráticos, tendo em vista o estado de exceção que se legitimou até aqui. Ou seja, a mesma lei que serve a um não serve a todos. Não há lei quando se trata de uns mas há brechas que podem ser acionadas, quando se trata de outros.

 

As investidas explícitas e crescentes contra estudantes, movimentos sociais, contra todos aqueles que ousam se opor às determinações antidemocráticas do governo atual, assustam e nos levam a repetir um modelo social que muitos brasileiros só conheceram pelos livros de história.

A arquitetura do arranjo antidemocrático do golpe instalado não se preocupa mais em ser sutil e usa todo o aparato de que dispõe, para exibir uma fachada legal e republicana para ter a aceitação social e legitimar suas ações.

 

Práticas ilícitas são autorizadas ou tomadas como irrelevantes em nome de uma lógica ditatorial autorizada por medidas provisórias, liminares, posicionamentos escandalosos que ignoram deliberadamente a Constituição Federal e todo e qualquer argumento ético legal. Estas práticas vêm de senadores, juízes, deputados, prefeitos, vereadores e de um conjunto social que deveria defender os direitos do cidadão, zelar pela manutenção da democracia, pela liberdade, pelo bem comum.

 

Quebrar sigilo telefônico da presidente; divulgar na mídia informações de investigações sigilosas; condenar sem provas, apenas por convicções; destroçar a imagem pública em cima de suposições; autorizar práticas de tortura a estudantes secundaristas que ocupa passivamente suas escolas; invadir escolas e algemar estudantes; ter a polícia solicitando dados a identificação de todos estudantes grevistas, tudo isso nos remete a um cenário perigoso de cerceamento da liberdade e aniquilação da democracia.

 

Em um cenário assim, “tudo é perigoso”, exige “atenção para a estrofe e o refrão”.

Exige “estar atento e forte” e ter medo (!) e temer(!) a morte pois tudo que conseguimos assegurar de democracia se rompe rapidamente. E nesse sentido, é preciso entender que a liberdade de comunicação, de expressão, de posicionamentos, está sob um fio que pode se romper a qualquer minuto”.

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