O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou nesta quinta-feira (24) que entrará com um pedido de impeachment contra o presidente Michel Temer (PMDB).
De acordo com o petista, a suposta pressão que Temer teria feito pela saída de Marcelo Calero (PSDB-RJ) do ministério da Cultura foi determinante para que o PT decidisse pedir pelo afastamento definitivo do presidente.
De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, Calero teria dito em depoimento à Polícia Federal que Temer o teria “enquadrado” com o objetivo de construir uma “saída” no caso do imóvel de interesse do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.
“Calero fez um depoimento muito grave a PF. O presidente usou seu cargo para defender interesses privados, pressionando o ministro Calero. A gente classifica isso como crime de responsabilidade”, disse o petista.
Lindbergh fez o anúncio antes de entrar em reunião com assessoria jurídica do partido. “Afastaram a Dilma sem crime de responsabilidade. Se queriam crime de responsabilidade, está aí. O depoimento de Calero a PF é um escândalo. Espero que o Congresso Nacional tenha postura nesse momento e julgue Temer”.
Além disso, o petista disse que estuda várias outras medidas jurídicas, além de ingressar com o pedido de impedimento.
“Até amanhã de manhã, anunciaremos outras medidas. Temer cometeu crime de responsabilidade. Ele deixou a presidência da república menor e agiu como sócio de Geddel”, afirmou Lindbergh, acrescentando que deve entrar com o pedido de impeachment de Temer na Câmara até segunda-feira (28).
Outro lado
O porta-voz da Presidência da República, Alexandre Parola, afirmou que Temer procurou Calero para resolver o “impasse” entre ele, o ex-ministro, e o chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).
“O presidente Michel Temer conversou duas vezes com o então titular da Cultura para solucionar impasse na sua equipe e evitar conflitos entre seus ministros de Estado”, explicou o porta-voz.
De acordo com Parola, Temer sempre endossou caminhos técnicos para solução de licenças em obras ou ações de governo. Por meio do porta-voz, o presidente afirmou que Calero sempre teve um comportamento “irreparável” enquanto no cargo. Assim, “estranha sua afirmação” de que o teria “enquadrado ou pedido solução que não fosse técnica”.
O presidente afirmou ainda que Temer estava surpreso pelo que chamou de “boatos” de que Calero solicitou uma audiência extra somente para gravar a conversa sem autorização do presidente.
Exame Abril