O jornalista, professor universitário e deputado Jean Wyllys, usou as redes sociais para fazer um desabafo sobre o assassinato de Luis Carlos Ruas, conhecido como Índio. O vendedor ambulante foi espancado e morreu no hospital após tentar evitar a agressão a um travesti. O crime aconteceu neste domingo (25) na estação do metrô fica no centro velho de São Paulo, junto ao popular bairro do Brás.
Segundo a polícia, os agressores já foram identificados como Alípio Rogério Belo dos Santos e Ricardo Nascimento Martins os dois são primos. Para a polícia, que já pediu a prisão preventiva, os dois são considerados foragidos.
Em sua conta do Facebook, Jean Wyllys diz que “A homofobia não se restringe às pessoas LGBTs e suas famílias, mas também às pessoas que se levantam contra ela”. O deputado também afirma que esse é um problema seríssimo e os organismos internacionais de direitos humanos há anos cobram, do Estado brasileiro, uma resposta eficaz contra esse mal em todas as suas nuances.
Veja o texto na íntegra:
“Quando um vendedor é assassinado a socos e pontapés em uma estação de metrô de São Paulo por tentar proteger a vida de duas travestis em situação de rua, muita gente descobre da pior maneira que a homofobia e a transfobia não vitimam unicamente as pessoas LGBT. Nessa ressaca de Natal, depois de nos reunimos com nossos entes queridos aspirando por um mundo com mais diálogo, tolerância e amor, fomos puxados de volta para a realidade com a notícia do espancamento de Luis Carlos Ruas na estação Pedro II.
A homofobia não se restringe às pessoas LGBTs e suas famílias, mas também às pessoas que se levantam contra ela, seja como acusação (“Se está defendendo um homossexual ou uma travesti, é porque é ‘viado’ ou gosta de “traveco”), seja como agressão física ou até como crime de ódio. Não é a primeira vez: lembremos o caso dos dois irmãos atacados porque andavam juntos, abraçados, e os agressores pensaram que eram gays (o ataque foi tão violento que um deles morreu), ou também aquele pai que perdeu a orelha num ataque homofóbico porque acharam que seu filho era o namorado.
O recrudescimento da violência contra as pessoas LGBT está se reproduzindo num contexto de excessiva polarização política, reacionarismo no poder legislativo (não só no Congresso Nacional, mas nas assembleias legislativas e câmaras de vereadores), demonização da agenda política progressista e humanista, ataques às liberdades civis e crescimento do fundamentalismo religioso e do fascismo no Brasil.
É um problema seríssimo e os organismos internacionais de direitos humanos há anos cobram, do Estado brasileiro, uma resposta eficaz contra esse mal em todas as suas nuances. Neste caso recente de São Paulo, a polícia já identificou os agressores; agora cabe ao governo Alckmin não permitir que eles fiquem impunes, bem como reforçar as campanhas de conscientização e aprimorar as políticas de segurança – dentro e fora das estações de metrô – que levem em conta as vulnerabilidades das pessoas LGBTs, sobretudo aquelas que estão em situação de rua.
Peço às pessoas heterossexuais de bom-senso e não contaminadas pela estupidez motivada que, apesar desses casos de violência, não deixem de se levantar contra essas injustiças. Precisamos estar todos unidos para assegurar o direito de todos os cidadãos brasileiras de ir e vir”.